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Tragédia em Linhares: 'Deus está nos segurando', diz pai de Joaquim

Tragédia em Linhares: 'Deus está nos segurando', diz pai de Joaquim

George Alves é pais de Joaquim, de 3 anos, e padrasto de Kauã, 6 anos, que morreram carbonizados

Publicado em 23 de abril de 2018 às 18:23

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Os irmãos Joaquim e Kauã morreram carbonizados dentro do quarto. (Reprodução/Facebook)

Em meio à dor, a família dos irmãos Joaquim e Kauã, de 3 e 6 anos, busca forças na fé. No começo da tarde desta segunda-feira (23), no Departamento Médico Legal de Vitória, o pastor George Alves, que estava com as crianças em casa na hora do incêndio, contou — entre pausas e choro — como foram as últimas horas com os meninos.

George Alves é pai de Joaquim, de 3 anos, e padrasto de Kauã, de 6 anos. No dia do incêndio, era ele quem cuidava dos meninos, enquanto a mãe das crianças participava de um congresso religioso em Minas Gerais.

"Minha esposa tinha ido viajar para um congresso de mulheres. Fui na sorveteria com eles, na rua da minha casa, depois fomos à casa de um membro da igreja da qual eu sou pastor. Fomos para casa, dei banho nos dois. Tenho escritório do lado do quarto deles, eles estavam comigo lá vendo filme. Me pediram leite com achocolatado, eu fiz. O Joaquim dormiu primeiro. Fui até o quarto, liguei o ar-condicionado, coloquei ele na cama e liguei a babá eletrônica. Retornei para o escritório, onde eu continuei com o Kauã até mais ou menos meia-noite. Pedi para que ele fosse dormir, ele foi. Coloquei a mão sobre a cabeça dele, nós oramos juntos, eu orei por ele (pausa). Pedi para que Deus o guardasse e protegesse. Nesse momento eu o cobri, saí e fui até o meu quarto. Tomei banho, liguei a babá eletrônica no meu quarto, e dormi. Eu apaguei", relembrou antes de continuar.

"Por volta de umas 2 horas da manhã eu escutei na babá eletrônica os gritos deles. Eu vi o fogo muito grande e corri desesperado. A casa já não tinha energia, não tinha luz mais, e eu empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta. Eu só havia encostado por causa do ar-condicionado. Quando eu entrei, escutei o choro deles, a gritaria. Eles gritavam 'pai, pai, pai'. Só que coloquei a mão na cama e não consegui pegar. Eu creio que Kauã desceu para a cama de baixo, era uma beliche, para tentar salvar o irmão. Eles se abraçaram e eu não consegui (chora muito). Estava muito quente, queimei meus pés e minhas mãos. Saí, estava só de cueca gritando, comecei a me desesperar. Duas pessoas que estavam passando vieram e me tiraram da casa. Eu tentei umas três vezes entrar para salvar, mas eu já não ouvia a voz deles", contou.

Nesta segunda-feira (23) foram coletados os materiais genéticos para que sejam realizados exames de DNA para identificar os corpos das crianças, que ficaram totalmente carbonizados. De acordo com a polícia, o resultado deve ficar pronto em até 15 dias. A fé, mais uma vez, é a aliada da família na espera pela liberação do corpo de Joaquim e Kauã.

"Não há perda maior, dor maior, crise maior, do que o que aconteceu. Todos esses trâmites, ter que esperar, isso não tem me afetado. Creio que os órgãos responsáveis estão fazendo de tudo. A única certeza que eu tenho hoje, e o respaldo que eu tenho, é do meu Senhor, é de Deus. Nós temos a plena certeza e convicção de que é Deus que está nos segurando, Deus que está nos mantendo firmes. Há menos de dois anos eu já perdi uma menina, três meses de nascida, por uma doença. E nós estamos passando por isso novamente. Não há outra razão de eu estar aqui hoje se não fosse Deus. A vida de Joaquim e de Kauã foi uma semente para que outras pessoas viessem a encontrar esse Deus que um dia nós encontramos. É isso que nos fortalece e que vai continuar nos dando força. Deus é capaz de restaurar todas as coisas ", afirmou Alves.

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Muito abalada com as perdas, a mãe das crianças, a pastora Juliana Salles, preferiu não falar com a imprensa.

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