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Em conversa com a mãe após a tragédia, Juliana disse que 'dormiu bem'

Em conversa com a mãe após a tragédia, Juliana disse que "dormiu bem"

De acordo com a decisão do juiz André Dadalto, pastora demonstrou tranquilidade diante de conversas que teve com a mãe

Publicado em 21 de junho de 2018 às 13:28

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A pastora Juliana Salles, mãe dos irmãos Kauã e Joaquim, foi presa na cidade de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. (TV Leste | Record MG | Cedida pela TV Vitória)

A decisão judicial que determinou a prisão preventiva da pastora Juliana Salles traz, entre as revelações, conversas de Juliana com a mãe dela no dia após a morte dos irmãos Kauã, 6 anos, e Joaquim, 3 anos. 

De acordo com o juiz André Dadalto, que baseou sua decisão nos relatos do Ministério Público do Estado, Juliana demonstrou tranquilidade diante de conversas que teve com a mãe, onde “relata que dormiu bem após o ocorrido”.

A pastora, que estava em Minas Gerais quando o quarto com os filhos foi incendiado, voltou de viagem assim que soube da morte das crianças e foi vista, ainda na noite de 21 de abril, dia do crime, em uma lanchonete de Linhares (veja vídeo abaixo). Ela e o marido, George Alves, estiveram na lanchonete com o filho mais novo do casal e membros da Igreja Batista Vida e Paz, após um culto na noite daquele sábado.

CASAL ALTEROU CENA DO CRIME

A decisão judicial traz uma informação ainda mais estarrecedora. Após a morte dos filhos, Juliana Salles esteve na casa junto com o marido, George Alves, para alterar a cena do crime. Na decisão de quatro páginas, o juiz André Dadalto afirma que o casal “jogou objetos no quarto das crianças e retirou quase todos os objetos da mesma, inclusive lençóis e demais roupas de cama, entregando-os a terceiros para serem lavados”.

ASCENSÃO RELIGIOSA

A investigação aponta que mesmo conhecendo todo o histórico de George, a esposa o apoiava em seus propósitos “em ascender na igreja, angariando fiéis e assim qualidade de vida financeira até então não experimentada por eles”.

Em outro trecho da decisão consta que “o pastor George em parceria com a pastora Juliana buscava uma ascensão religiosa e aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis e, para esta finalidade, ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor”.

PASTORA SABIA DOS ABUSOS

De acordo com as investigações, a pastora tinha conhecimento de outros abusos sexuais sofridos pelos filhos e nada fez para pôr fim às agressões.

Num dos episódios narrados na decisão, o magistrado afirma que “Juliana tinha conhecimento dos supostos abusos sexuais sofridos pelos seus filhos e vítimas, tanto que em uma conversa entre os acusados (ela e o marido), a vítima Kauã, 6, reagiu emocionalmente após ter sofrido ‘maldades’ por parte de dois ‘caras’ na piscina, entretanto, eles não tomaram qualquer medida ou providência em relação ao ocorrido”.

O juiz André Dadalto cita que Juliana sabia dos desvios de caráter do marido, “a iniciar pela diferença de tratamento entre os filhos do casal e o enteado, inclusive que deixava faltar alimento, medicamento e atendimento médicos a elas”.

De acordo a decisão judicial, a pastora “tinha ciência do comportamento sexual incompatível com a pregação” do marido, “já que em troca de mensagens a mesma dizia ter ‘nojo’ e ele dizia se sentir ‘imundo’ e um ‘lixo’ por seus comportamentos”.

RELATOS NA ESCOLA

A decisão revela ainda que os irmãos Kauã e Joaquim, 3, já haviam relatado na escola os abusos sexuais sofridos. “A vítima Kauã em certas ocasiões chorava desesperadamente, mas alegava aos seus professores que não podia relatar a motivação.”

A narrativa prossegue afirmando que “Joaquim, também na escola, relatava que sofria abusos sexuais, quando então os acusados lá compareceram no estabelecimento de ensino afirmando que os abusos não eram praticados no âmbito doméstico e familiar”. Segundo as investigações, o casal tentava direcionar a culpa das agressões ao menino para outra criança de 5 anos de idade.

CONTRADIÇÃO

O juiz André Dadalto fez questão de ressaltar que os depoimentos prestados por Juliana são contraditórios com os laudos e relatórios feitos nos telefones dela e do marido. Nos depoimentos à polícia, ele (George) dizia ser um bom pai e ter relação harmoniosa com a família, “o que não se coaduna com as mensagens trocadas por eles, que demonstram que tinha uma relacionamento conturbado e um desprezo de George pelas crianças”, nas palavras do magistrado.

Numa outra mensagem enviada ao marido quando ele foi intimado a prestar depoimento Juliana diz: “Eu não estou preparada para dar errado”, assim como afirmou, em conversa com pastores, demonstrando nervosismo, que “não sei se vou conseguir ser forte até o final”.

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