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'Não estou preparada para dar errado', disse Juliana a George em mensagem

"Não estou preparada para dar errado", disse Juliana a George em mensagem

O juiz André Dadalto fez questão de ressaltar que os depoimentos prestados por Juliana são contraditórios com os laudos e relatórios feitos nos telefones dela e do marido

Publicado em 21 de junho de 2018 às 10:11

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A pastora Juliana Salles, mãe dos irmãos Kauã e Joaquim, foi presa na cidade de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. (TV Leste | Record MG)

Os detalhes contidos na decisão judicial que determinou a prisão preventiva da pastora Juliana Salles são estarrecedores. As descobertas surgiram após perícia no celular do pastor George Alves e de Juliana, onde os especialistas chegaram a encontrar troca de fotos das crianças machucadas.

Em uma mensagem enviada ao marido, quando ele foi intimado a prestar depoimento, Juliana diz: “Eu não estou preparada para dar errado”, assim como afirmou, em conversa com pastores, demonstrando nervosismo, que “não sei se vou conseguir ser forte até o final”.

O juiz André Dadalto fez questão de ressaltar que os depoimentos prestados por Juliana são contraditórios com os laudos e relatórios feitos nos telefones dela e do marido. Nos depoimentos à polícia, ele (George) dizia ser um bom pai e ter relação harmoniosa com a família, “o que não se coaduna com as mensagens trocadas por eles, que demonstram que tinha uma relacionamento conturbado e um desprezo de George pelas crianças”, nas palavras do magistrado.

Ainda de acordo com o juiz, que baseou sua decisão nos relatos do Ministério Público do Estado, Juliana demonstrou tranquilidade diante de conversas que teve com sua mãe, nas quais “relata que dormiu bem após o ocorrido”.

PASTORA SABIA DE ABUSOS

Num dos episódios narrados na decisão, o magistrado afirma que “Juliana tinha conhecimento dos supostos abusos sexuais sofridos pelos seus filhos e vítimas, tanto que em uma conversa entre os acusados (ela e o marido), a vítima Kauã, 6, reagiu emocionalmente após ter sofrido ‘maldades’ por parte de dois ‘caras’ na piscina, entretanto, eles não tomaram qualquer medida ou providência em relação ao ocorrido”.

Numa decisão de quatro páginas, o juiz André Dadalto cita que Juliana sabia dos desvios de caráter do marido, “a iniciar pela diferença de tratamento entre os filhos do casal e o enteado, inclusive que deixava faltar alimento, medicamento e atendimento médicos a elas”.

De acordo a decisão judicial, a pastora “tinha ciência do comportamento sexual incompatível com a pregação” do marido, “já que em troca de mensagens a mesma dizia ter ‘nojo’ e ele dizia se sentir ‘imundo’ e um ‘lixo’ por seus comportamentos”.

ABUSOS ANTERIORES

A decisão judicial diz ainda que os irmãos Kauã e Joaquim, 3, já haviam relatado na escola os abusos sexuais sofridos. “A vítima Kauã em certas ocasiões chorava desesperadamente, mas alegava aos seus professores que não podia relatar a motivação.”

A narrativa prossegue afirmando que “Joaquim, também na escola, relatava que sofria abusos sexuais, quando então os acusados lá compareceram no estabelecimento de ensino afirmando que os abusos não eram praticados no âmbito doméstico e familiar”. Segundo as investigações, o casal tentava direcionar a culpa das agressões ao menino para outra criança de 5 anos de idade.

Outra revelação contida na decisão torna o caso ainda mais estarrecedor. Após a morte dos irmãos, o casal esteve junto na casa para alterar a cena do crime e “jogaram objetos no quarto das crianças e retiraram quase todos os objetos da mesma, inclusive lençóis e demais roupas de cama, entregando-os a terceiros para serem lavados”.

A investigação aponta que mesmo conhecendo todo o histórico de George, a esposa o apoiava em seus propósitos “em ascender na igreja, angariando fiéis e assim qualidade de vida financeira até então não experimentada por eles”.

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Em outro trecho da decisão consta que “o pastor George em parceria com a pastora Juliana buscava uma ascensão religiosa e aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis e, para esta finalidade, ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor”.

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