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Promotora: 'Pastora teve conduta omissiva que resultou na morte dos filhos'

Promotora: "Pastora teve conduta omissiva que resultou na morte dos filhos"

"O comportamento dela após o crime também indica que ela sabia dos fatos. Foi fria."

Publicado em 20 de junho de 2018 às 13:54

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As investigações finais que levaram à denúncia e a prisão da pastora Juliana Salles foram conduzidas pela promotora Rachel Tannenbaum, da 2ª Promotoria Criminal de Linhares, responsável pelos crimes dolosos contra a vida. As provas obtidas pela promotora durante as investigações realizadas pelo Ministério Público do Estado deram a ela a convicção da participação da pastora na morte dos filhos do casal, Joaquim Alves, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos. “Ela teve uma conduta omissiva”, assinalou em entrevista exclusiva ao Gazeta Online.

As crianças morreram em um incêndio criminoso ocorrido em Linhares, no mês de abril. Após investigações, a Polícia Civil concluiu o inquérito indiciando o pastor Georgeval pelos crimes. Já a promotora concluiu em sua denúncia, apresentada nesta segunda-feira (18) ao juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, que houve participação da mãe das crianças, por omissão. “Ela sabia dos graves riscos de deixar as crianças com o marido”, assinalou.

Além disso, a promotora Rachel acionou a Promotoria da Infância e da Juventude de Linhares, que também já obteve na Justiça da Infância medidas protetivas para o terceiro filho do casal, que tem 2 anos. Assim que chegar à cidade, a criança será recebida pelo Conselho Tutelar, que junto com a Vara da Infância vai avaliar as suas condições de saúde e decidir quem será a pessoa adequada para ficar com a guarda do bebê.

Leia mais detalhes na entrevista concedida pela promotora com exclusividade ao Gazeta Online na manhã desta quarta-feira (20).

O que levou a sua convicção de que a pastora Juliana estava envolvida na morte dos filhos?

Assim que recebemos o inquérito da Polícia Civil nós solicitamos que novas investigações fossem realizadas. Em paralelo, o Ministério Público Estadual também realizou outras investigações que nos deram as provas necessárias e a convicção de que a pastora teve uma conduta omissiva que resultou na morte dos filhos. Ela tinha conhecimento dos riscos graves de deixar duas crianças, seus filhos, com o marido. E mesmo assim decidiu viajar para Minas Gerais com as amigas. O comportamento dela após o crime também indica que ela sabia dos fatos. Foi fria.

E quais as acusações contra ela?

Foram crimes de omissão, uma vez que ela sabia dos riscos. Ela foi acusada por dois homicídios, dois estupros de vulnerável e também por fraude processual, uma vez que, ao voltar de Minas Gerais, ela também esteve na casa e mexeu na cena do crime. Já o Georgeval Alves Gonçalves foi denunciado por dois homicídios qualificados, dois estupros de vulnerável, dois crimes de tortura e fraude processual por ter modificado a cena do crime.

Quando a senhora apresentou a denúncia e os pedidos de prisão preventiva?

Na segunda-feira (18). Apresentamos a denúncia e os pedidos de prisão preventiva. O juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, aceitou a denúncia e os pedidos de prisão. O Georgeval, que já estava detido, teve a prisão atual, que era temporária, convertida para prisão para preventiva. Agora os dois pastores são réus em uma ação penal.

E as prisões, como foram feitas?

Os mandados foram expedidos ainda na segunda-feira (18) pelo juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares. A primeira tentativa ocorreu na cidade de Linhares. A equipe do Gaeco Norte (Grupo de Atuação Especial de Combate à Corrupção, da Região Norte) foi a responsável pelos trabalhos. Eles constataram que ela não estava em sua residência e que havia fugido para Minas Gerais. Em decorrência disso, foi solicitado o apoio do Gaeco de Minas Gerais, que conseguiu realizar a prisão dela na noite desta terça-feira, na cidade de Teofilo Otoni, em Minas Gerais.

O que acontece agora?

Ela será trazida para o Estado e ficará detida em Colatina, onde já solicitamos uma vaga. Os dois pastores vão responder as acusações presentes na denúncia e o Ministério Público quer que eles enfrentem o júri popular, como os responsáveis pelas mortes dos filhos.

E o terceiro filho do casal, de 2 anos?

Estava com a mãe e será trazido para o Estado. Nós, no momento em que apresentamos a denúncia e que ela foi aceita, acionamos a Promotoria da Infância e da Juventude de Linhares, que também já obteve medidas protetivas para o terceiro filho do casal, que tem 2 anos. Assim que chegar à cidade, a criança será recebida pelo Conselho Tutelar, que vai avaliar suas condições de saúde e será decidido quem será a pessoa que vai ficar com a guarda. Ela (criança) já está sendo resguardada.

O processo está em sigilo?

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Sim. Voltei a solicitar o sigilo integral, o que também foi aceito pelo juiz.

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