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Tragédia em Linhares: polícia se cala sobre divergência em caso

Tragédia em Linhares: polícia se cala sobre divergência em caso

Juliana Salles foi presa após investigação do Ministério Público

Publicado em 22 de junho de 2018 às 02:44

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Secretaria de Segurança anunciou em maio a conclusão das investigações do crime. (Bernardo Coutinho)

Após o Ministério Público (MP) denunciar a pastora Juliana Salles por omissão nas mortes dos filhos Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6, a Polícia Civil (PC) ficou em silêncio sobre o assunto.

As investigações que levaram à denúncia e a prisão de Juliana foram conduzidas pela promotora Rachel Tannenbaum, da 2ª Promotoria Criminal de Linhares. As provas obtidas por ela durante as investigações realizadas pelo MP a deram convicção da participação da pastora no crime. “Ela teve uma conduta omissiva”, disse.

A promotora concluiu que Juliana sabia que os filhos sofriam violência física, sexual e psicológica; sabia que o marido tinha desvio de caráter e comportamento sexual incompatível com a “pregação”; e ajudou o marido a alterar a cena do crime.

As crianças morreram em um incêndio criminoso em Linhares, no dia 21 de abril. No dia 23 de maio, a PC divulgou a conclusão do inquérito, indiciando o pastor Georgeval por estuprar, agredir e queimar as crianças ainda vivas.

Na ocasião, a PC descartou participação de Juliana no crime. “Não há qualquer indício de envolvimento, participação ou conivência. Por esses motivos, a força-tarefa responsável pela investigação não deve ouvir a pastora outra vez”, disse André Jaretta Ardison, titular da 16ª Delegacia Regional de Linhares, na época.

Ele teve apoio do secretário de segurança Nylton Rodrigues, que garantiu: “Ela não tem nenhum tipo de envolvimento. Isso está descartado”.

PERGUNTAS

Após a divulgação da denuncia do MP, a reportagem procurou a PC e a Sesp com os questionamentos: A PC irá se manifestar sobre a denúncia do MP, aceita pelo juiz? Baseado em quais elementos a PC descartou o envolvimento de Juliana? Na análise das conversas entre os acusados a PC não encontrou nada que indicasse conivência da pastora? A corregedoria da PC vai investigar suposta falha por parte das apurações do caso?

Para todas as perguntas, a PC e a Sesp resumiram-se a responder “O trabalho foi concluído, no último dia 29 de maio, com o relatório final e envio dos autos ao Ministério Público”.

TROCA DE MENSAGENS AJUDOU MINISTÉRIO PÚBLICO

As trocas de mensagens encontradas no celular de Juliana Salles revelaram uma série de detalhes sobre a morte de Kauã, 6 anos, e Joaquim, 3 anos, e permitiram que o juiz André Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, tivesse informações suficientes para embasar o pedido de prisão da pastora. Foi por meio do aparelho celular que a Justiça descobriu detalhes importantes sobre a convivência das crianças com George e constatou que Juliana sabia do abuso sofrido pelos filhos.

De acordo com as investigações, a pastora nada fez para pôr fim às agressões sofridas pelas crianças. As descobertas surgiram após perícia no celular do pastor George Alves e de Juliana, onde peritos chegaram a encontrar troca de fotos dos meninos machucados.

De acordo a decisão judicial, a pastora “tinha ciência do comportamento sexual incompatível com a pregação” do marido, “já que em troca de mensagens a mesma dizia ter ‘nojo’ e ele dizia se sentir ‘imundo’ e um ‘lixo’ por seus comportamentos”.

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