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Piloto que desapareceu com amigo se recuperava de outro acidente aéreo

Piloto que desapareceu com amigo se recuperava de outro acidente aéreo

Mayke Stefanelli Barcellos havia sofrido um acidente há dois anos e estava em recuperação, andando com auxílio de muletas. As buscas aos amigos, neste domingo (23) foram encerradas e serão retomadas nesta segunda-feira (24)

Publicado em 23 de setembro de 2018 às 19:55

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O piloto Mayke Stefanelli Barcellos está desaparecido. (Reprodução/Facebook)

O piloto Mayke Stefanelli Barcellos, que está desaparecido desde sábado (22) após decolar em uma asa-delta motorizada com o amigo Douglas Siqueira Lana, em Linhares, no Norte do Estado, já havia sofrido um acidente aéreo e estava em recuperação.

De acordo com o primo dele, Claudino Batista Barcelos, 57 anos, que também é piloto, Mayke sofreu um acidente há dois anos e estava andando com o auxílio de muletas.

"Ele sofreu um acidente enquanto pilotava uma outra aeronave há dois anos, no qual quebrou o fêmur ao cair no litoral de Costa Dourada, na Bahia. O vento naquele dia não estava favorável. Mayke chegou a fazer cirurgia e precisou colocar uma platina, mas não fez o repouso correto. Há três meses ele precisou fazer uma correção e ainda estava se recuperando e andando de muletas. Mesmo assim, ele decidiu sobrevoar para ir ao encontro de aeronaves, no distrito de Mucuri (BA)", informou.

O primo disse que Mayke Barcellos pilotava há 4 anos, mas a atual aeronave em que ele estava pilotando, tinha sido comprada há menos de um mês.

"Ele já tinha experiência em outras aeronaves, mas esse modelo Trike (asa-delta motorizada) ele tinha adquirido há pouco tempo", disse.

ROTA

Mayke comprou a aeronave recentemente. (Arquivo pessoal)

Ao sair do bairro Jardim Laguna, em Linhares, na madrugada de sábado, por volta de 5 horas da manhã, o piloto, que estava acompanhado do amigo, havia informado ao pai e ao primo que passaria em uma rota alternativa em linha reta, por cima da Reserva de Sooretama até chegar ao litoral da Bahia com destino a uma fazenda em Mucuri (BA), onde aconteceu o encontro de aeronaves.

Porém, o primo disse que o pai de Mayke, que também é piloto, o avisou do risco de passar pela reserva, visto que o ideal seria sobrevoar por um local plano, no qual houvesse possibilidade de pouso em caso de emergência.

"Ele disse ao pai que iria sobrevoar, passando por cima da reserva. O pai chegou a dizer para ele não ir, porque é perigoso e difícil de pousar em caso de emergência, pois o ideal seria passar por um local plano, mas ele insistiu e passou por lá. Uma pessoa disse que viu a aeronave passando por cima da reserva também. Ele procurou a rota mais curta, que seria a mais perigosa. De Linhares, ele passou por cima da reserva ao invés de fazer contorno por trás, buscando o litoral, até o sul da Bahia. Ele tentou fazer o percurso em linha reta, o que gastaria em torno de duas horas. Na rota mais distante, ele gastaria uns 40 minutos a mais", explicou.

O DESAPARECIMENTO

Claudino Barcellos disse que aguardava o primo passar sobrevoando próximo à casa dele, localizada no litoral de Costa Dourada, no Sul da Bahia, mas que desconfiou da demora.

"Estava esperando ele passar sobrevoando próximo à minha casa, no litoral da Bahia, até chegar ao destino final em Mucuri, porém ele demorou. Ele já veio para cá sobrevoando. Porém, quando o pai dele me ligou perguntando se ele havia passado, eu disse que não. Eu tentei ligar para os organizadores do evento. Como não consegui contato, peguei minha aeronave e sobrevoei até o local. Lá conversei com o organizador e me disseram que ele não havia chegado. Nesse momento, já começamos a nos preocupar achando que teria acontecido alguma coisa. Depois disso, comecei a divulgar nos grupos para saber onde ele estava e pedi apoio às pessoas do evento para tentar achá-lo. Todos os familiares e amigos estão desesperados sem saber o que fazer direito para encontrá-lo", disse.

PERDA 

Quando era mais novo, Mayke perdeu a mãe em um acidente entre uma moto e uma carreta."Ele já perdeu a mãe quando era mais novo em um acidente e ficou um bom tempo rebelde por conta disso e teve problemas de relacionamento com o pai. O que os aproximou novamente foi o voo. O pai aprendeu a voar e o ensinou. Aí, em diante, eles ficaram mais próximos e até voavam juntos", disse.

Atualmente, Mayke Barcelos morava sozinho e era dono de uma loja de material de construção em Linhares. 

O amigo, Douglas Siqueira Lana, era empresário em Colatina. Ele deixou o carro em Linhares e seguia com Mayke para o encontro de aeronaves.

BUSCAS

Equipes do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) fizeram buscas neste sábado (22), mas não conseguiram encontrar os dois amigos. Segundo informações da Secretaria da Casa Militar, as buscas foram realizadas pelo helicóptero Harpia 2.

O helicóptero Harpia 2 fez o trajeto Linhares x Mucuri (BA), passando pelo litoral, e Mucuri x Linhares, desta vez pelo continente, mas não foi encontrada a aeronave com os amigos. Foram mais de três horas de buscas.

Neste domingo, o amigo de Mayke e 1º sargento da Polícia Militar, Plínio Dias Zen, informou que as buscas foram retomadas pela manhã.

"Nós conseguimos organizar buscas terrestres, por volta de 9 horas, com amigos, o Corpo de Bombeiros de Linhares, a Polícia Ambiental de São Mateus e do Notaer. As buscas estão sendo feitas em um raio de 15 km, próximo a uma torre em que a aeronave deu o último sinal, que fica próximo ao local da decolagem. A gente acha que ele pode ter pousado entre as árvores e está no meio da mata precisando de ajuda. A esperança é de que a gente encontre eles com vida. Por isso, estamos nessa corrente de solidariedade dos amigos para localizá-los e pedimos ajuda de quem puder nas buscas", disse.

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As buscas foram encerradas neste domingo e serão retomadas nesta segunda-feira (24) pela manhã.

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