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Sem desfecho: desaparecimento de piloto e empresário completa um mês

Sem desfecho: desaparecimento de piloto e empresário completa um mês

Eles sumiram após decolarem em uma asa-delta motorizada em Jardim Laguna, Linhares, região Norte do Espírito Santo

Publicado em 22 de outubro de 2018 às 22:01

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Mayke e Douglas desapareceram no dia 21 de setembro após decolarem em uma asa-delta motorizada. (Reprodução)

O desaparecimento do piloto Mayke Stefanelli Barcellos e do empresário Douglas Diqueira Lana completou um mês nesta segunda-feira (22). Eles sumiram após decolarem em uma asa-delta motorizada em Jardim Laguna, Linhares, região Norte do Espírito Santo. 

O coordenador das buscas, tenente-coronel Ferrari, informou ao Gazeta Online que o Corpo de Bombeiros vai continuar com procuras superficiais para monitorar a flutuação de algum indício na Lagoa Juparanã, como, por exemplo, mancha de combustível.

Ele informou ainda que os familiares ficaram de tentar alugar um sonar para continuar com as buscas no fundo da Lagoa Juparanã e, caso eles consigam, o Corpo de Bombeiros vai dar suporte e apoio com o barco e uma tripulação. 

Os amigos sumiram após decolarem em uma asa-delta motorizada em Linhares. O modelo da aeronave era o Trike e saiu do bairro Jardim Laguna às 4h40 de sexta-feira, 21 de setembro. Mayke e Douglas seguiam para um evento que reúne pilotos do Brasil inteiro na cidade de Mucuri, na Bahia, mas não chegaram ao destino.

Familiares acionaram e pediram socorro ao Corpo de Bombeiros e ao Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), que realizaram várias buscas em locais onde a dupla provavelmente teria passado. Relembre desdobramentos do caso, que segue sem desfecho:

CELULARES APAGARAM AO MESMO TEMPO

Torres de telefonia mostraram que os aparelhos pararam de enviar dados ao mesmo tempo, o que indica que, segundo o tenente-coronel Ferrari do Corpo de Bombeiros, que liderava a procura, a asa-delta motorizada pode ter caído na água. Buscas na Lagoa Juparanã foram intensificadas e muitas equipes atuaram na região - na água com um barco inflável, uma moto-aquática e um sonar, que escaneia o fundo da lagoa. Outras equipes realizaram buscas por terra, em região de mata.

Buscas realizadas na Lagoa Juparanã. (Loreta Fagionato)

“Temos um indício forte que pode ter havido uma queda na água. Pesquisando e conversando com o pessoal da Força Aérea que está acostumado a fazer esse tipo de busca, há caso de aeronave que caiu e até pegou fogo e muito tempo depois o celular ainda mandava sinais. Então, quando os dois celulares apagam ao mesmo tempo, é um indício muito forte que possa ter caído na água”, explicou o tenente-coronel. Os dados telefônicos, junto com os relatos, nortearam o trabalho dos bombeiros na região da Juparanã.

“A gente coloca a lagoa na hipótese por causa da conexão do celular com a torre telefônica do bairro Canivete, então a aeronave estava mais ao sul da lagoa conforme esse dado. Mas o Mayke pode ter seguido um pouco para leste, em direção ao litoral, e a gente tem varrido a partir do Guaxe (interior de Linhares) em direção ao sul, aeroporto e litoral. Estamos batendo as áreas de mata onde a aeronave pode ter caído e não é visível via aérea. Porque se o piloto tivesse pousado ou escolhido onde pousar, ele estaria em um lugar visível. Então a aeronave não parou onde o piloto queria e a gente tem que procurar aonde ela pode estar invisível para sobrevoos”, destacou Ferrari.

SINAIS DETECTADOS NA LAGOA

Na quinta-feira, dia 4 de setembro, o Corpo de Bombeiros informou que foi detectado pelo aparelho sonar seis sinais la Lagoa Juparanã. Estes retornos do equipamento indicam que há algo no fundo da lagoa. Mergulhos foram realizados e hipóteses foram descartadas. Já na terça-feira, 9 de outubro, 20 novos sinais foram detectados.

COMO FUNCIONA O SONAR?

Sonar que auxiliou nas buscas na Lagoa Juparanã. (Raphael Verly)

O Sonar é um dispositivo utilizado para construir uma imagem acústica de ambientes aquáticos - mares, rios, lagoas - e também identificar objetos que estejam nesses locais, a partir da emissão de ondas sonoras. A parte do equipamento que vai para a água é chamada de peixe, sendo esta conectada ao computador de bordo por um cabo, o qual é responsável por controlar e interpretar as respostas obtidas pelo sonar.

Há dois dispositivos acoplados à lateral do sonar, chamado de transdutores piezolétricos, que ficam apontados para baixo em lados opostos os quais são responsáveis por emitir pulsos acústicos (som) até o fundo do ambiente aquático. Parte desse 'som' retorna ao equipamento sonorizando uma fina fatia do fundo em cada pulso acústico.

Os sucessivos "sons" que vão sendo registados, são organizados linha-a-linha na construção de uma imagem acústica. A energia acústica que regressa ao sonar para formar a imagem em tempo real de toda área navegada é resultado das propriedades do fundo (rugosidade, composição e outros parâmetros físicos).

EXPERIÊNCIAS

Amigos e parentes de Mayke disseram que o piloto realiza voos há cinco anos. Um primo dele, o também piloto Claudino Batista Barcelos, contou em entrevista ao Gazeta Online que a asa-delta motorizada, modelo Trike, tinha sido comprada há menos de um mês. Além disso, Mayke teria dito ao pai e ao primo que passaria em uma rota alternativa em linha reta, por cima da Reserva de Sooretama até chegar ao litoral da Bahia, com destino a uma fazenda de Mucuri.

No entanto, o pai teria alertado Mayke sobre o risco de passar pela reserva, pois o ideal seria sobrevoar por um local plano, onde houvesse a possibilidade de pouso em caso de emergência.

Mayke comprou a aeronave recentemente. (Arquivo pessoal)

“Ele disse ao pai que iria sobrevoar passando por cima da reserva. O pai chegou a dizer para ele não ir, porque é perigoso e difícil de pousar em caso de emergência, pois o ideal seria passar por um local plano, mas ele insistiu e passou por lá. Uma pessoa disse que viu a aeronave passando por cima da reserva também. Ele procurou a rota mais curta, que seria a mais perigosa. De Linhares, ele passou por cima da reserva ao invés de fazer contorno por trás, buscando o litoral, até o sul da Bahia. Ele tentou fazer o percurso em linha reta, o que gastaria em torno de duas horas. Na rota mais distante, ele gastaria uns 40 minutos a mais”, explicou.

MANIFESTAÇÃO E PEDIDO DE AJUDA

No dia 5 de outubro, familiares e amigos do piloto Mayke e o empresário Douglas realizaram uma manifestação em frente ao batalhão do Corpo de Bombeiros, em Linhares. Com cartazes pedindo ajuda para encontrar os dois, que desapareceram há 15 dias, os manifestantes pediram ajuda de voluntários para fazer buscas na Reserva Biológica de Sooretama.

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Amigos e familiares de piloto e empresário fizeram manifestação em frente ao batalhão do Corpo de Bombeiros. (Loreta Fagionato)

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