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Prefeito de Colatina mantém suspensão de repasse a escolas de samba

Prefeito de Colatina mantém suspensão de repasse a escolas de samba

Sergio Meneguelli diz que mais de R$ 200 mil foram poupados no ano passado. Em 2019, ele garante que valor será investido na construção de escola

Publicado em 11 de fevereiro de 2019 às 23:37

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Prefeito Sergio Meneguelli diz que mais de R$ 200 mil foram poupados no ano passado. Em 2019, ele garante que valor será investido na construção de escola. (Gazeta Online)

Diferentemente do que aconteceu no ano passado, quando a Prefeitura de Colatina cancelou totalmente as festividades de carnaval, quem estiver na cidade este ano poderá cair na folia. Seguindo o calendário oficial, entre os próximos dias 2 e 5 de março, a área de lazer da Avenida Beira Rio será palco de atrações musicais, sempre a partir das 19h.

O novo modelo de programação mantém a suspensão do repasse às escolas de samba da cidade, mas passa a ter apresentações de bandas, cantores e Djs. Prefeito de Colatina, Sérgio Meneguelli (PMDB), explicou a mudança. “Desta forma, vamos manter a economia de aproximadamente R$ 280 mil, ao mesmo tempo em que oferecemos uma alternativa de diversão”, disse.

A ideia, segundo ele, é aproveitar equipamentos que a cidade já possui, como tendas e caixas de som, e buscar parcerias para o restante. “No máximo, gastaremos R$ 20 mil”, garantiu Meneguelli. Como forma de incentivar a participação da população, haverá também um prêmio em dinheiro, ainda sem valor definido, para o melhor bloquinho da cidade.

INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO

Neste ano, todo o dinheiro economizado do repasse (cerca de R$ 280 mil) servirá para reformar a Escola Municipal Fazenda Pinotti, localizada na zona rural de Colatina. De acordo com a prefeitura, a licitação já foi feita e pessoas já estão trabalhando no local. A previsão é que as obras sejam concluídas até o final do próximo mês de maio.

“A escola existia desde 2015, mas estava em situação muito precária. Se não fizéssemos nada a respeito, as crianças teriam que acordar às 5h para estar nas escolas mais próximas às 7h, horário em que começam as aulas”, defendeu Meneguelli. No ano passado, o valor economizado foi usado para compra de remédios e reforma de dois postos de saúde.

PERDA EM CULTURA

Luíz Henrique Marcolino, presidente da Acadêmicos de São Vicente, com troféu de primeiro lugar, conquistado pela escola em 2017. Ele lamenta o segundo ano consecutivo sem desfiles na cidade. (Larissa Avilez)

Em 2017, seis escolas de samba desfilaram em Colatina: Unidos de Ayrton Senna, Império de São Silvano, Unidos do Perpétuo Socorro, Mocidade Vista da Serra, Unidos de Colatina Velha e Acadêmicos de São Vicente. Segundo a prefeitura, cada uma recebeu cerca de R$ 30 mil, totalizando aproximadamente R$ 180 mil gastos apenas com repasses.

Para Luíz Henrique Marcelino, presidente da Acadêmicos de São Vicente, última escola campeã, muitos têm o entendimento errado sobre esses valores. “As pessoas não pensam na energia que a gente gasta com uma máquina de costura ligada o dia inteiro, por exemplo. As escolas não ficam com esse dinheiro. Muito pelo contrário, elas gastam bem mais”, contou.

Além da frustração causada à comunidade, Luíz Henrique acredita em outras duas grandes perdas: cultural e econômica. “O comércio de tecido e de acessórios faturava mais nesta época, os hotéis da região ficavam cheios e o turismo aumentava. Com os desfiles, que já eram uma tradição cultural, a cidade arrecadava mais do que gastava”, disse.

AVALIAÇÃO

No ano passado, a população de Colatina se dividiu quando a prefeitura anunciou que não haveria desfiles das escolas de samba. Um ano depois, com a mesma posição mantida por parte do executivo municipal, os colatinenses continuam sem ter uma opinião unânime.

A confeiteira Maria dos Anjos é uma das pessoas que relembra com carinho o antigo carnaval da cidade. “Ter música e bandas é bacana, mas as escolas fazem falta. Elas deixavam tudo mais bonito. Era uma diversão para o povo. Acho que tinha que ter”, comentou.

Já para a dona de casa Jaqueline Guimarães a mudança na finalidade da verba municipal é benéfica. “Acho que está certo investir mais em saúde e educação. Quem quiser aproveitar o carnaval também vai conseguir com a programação na Avenida Beira Rio”, opinou.

FUTURO

De acordo com Sérgio Meneguelli (PMDB), é possível que os desfiles voltem a acontecer em 2020. “Ano passado não tivemos nada, e agora já vamos ter essa programação especial. Ano que vem, pode ser que as escolas desfilem novamente. Este pelo menos é o desejo da prefeitura. Queremos sempre oferecer mais cultura para as pessoas”, revelou.

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Apesar da afirmação, Luíz Henrique, que desfilou pela primeira vez na Acadêmicos de São Vicente há 45 anos, não está confiante. “Acho difícil isso acontecer. E mesmo que os desfiles voltem, esse vácuo destes dois anos vai ficar para sempre. É um grande pedaço da minha vida que parou de acontecer”, lamentou.

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