> >
Campanha quer ajudar jovem que teve perna deformada após queimadura

Campanha quer ajudar jovem que teve perna deformada após queimadura

Aos 14 anos, Vanderson dos Santos vive com restrições e espera há dez anos por uma cirurgia

Publicado em 30 de julho de 2019 às 21:10

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Vanderson dos Santos, de 14 anos, sonha em voltar a andar e espera há dez anos por uma cirurgia. (TV Gazeta Norte/Reprodução)

Aos 14 anos, Vanderson dos Santos sonha em voltar a andar e poder viver como qualquer outro adolescente na mesma idade. Sem ir à escola, com dificuldades para brincar com os amigos e jogar uma simples partida de futebol, Vanderson carrega no corpo as marcas de uma queimadura sofrida quando ainda tinha 4 anos.

A mãe dele, a dona de casa Ednalva dos Santos, conta que por conta da queimadura a pele da perna dele ficou deformada e, por isso, o Vanderson não consegue mais andar. “Eu vejo todo mundo andando e ele só de mão no chão, rastejando. Eu fico com o coração na mão. Ele não anda e está aí até hoje assim, precisando de ajuda”, comenta emocionada a situação do filho.

A mãe dele, a dona de casa Ednalva dos Santos. (Reprodução | TV Gazeta)

Dez anos se passaram e a situação é a mesma. Vanderson continua esperando por uma cirurgia avaliada em R$ 30 mil, que segundo a mãe, a família não tem condições de pagar. “Eu já tentei várias vezes, mas nunca consegui. Mas eu peço muito a Deus, pela fé que eu tenho em Deus, dessa vez agora eu consigo”, explica Ednalva.

Os dois moram no bairro Movelar, em Linhares, no Norte do Estado. Sem emprego, a situação da família fica ainda mais delicada. Ednalva conta que deixou de trabalhar para cuidar do filho e que não tem com quem deixar o menino. “Eu não estou trabalhando, porque eu fico em casa para poder cuidar dele, e eu não tenho nem como trabalhar também, quem vai olhar ele dentro de casa?”, questiona.

Enquanto o Vanderson não consegue passar pela cirurgia, o adolescente segue vivendo dentro das suas limitações sem perder a esperança. Questionado sobre o maior sonho, ele ressalta que jogar futebol é um deles e no campo, que fica em frente a sua casa, os amigos ajudam na busca por uma vida melhor.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE LINHARES

A Prefeitura de Linhares disse que o Vanderson chegou recentemente da Bahia e já está sendo acompanhado pelo CRAS do bairro Santa Cruz. Uma consulta na unidade de saúde já foi agendada para a próxima quinta-feira (1º) e que após o diagnóstico do médico, a Prefeitura vai providenciar os devidos encaminhamentos.

CIRURGIÃO PLÁSTICO EXPLICA PROCEDIMENTO

Em entrevista a TV Gazeta Norte, o cirurgião plástico, Laércio Moreto, explicou alguns pontos referentes a queimaduras. Segundo ele, o procedimento pode resolver o problema do Vanderson. “A cirurgia pode ajudar sim. O que a gente tem que ter em mente nesse tipo de situação é que não seria só uma cirurgia que resolveria o problema dele. Seria necessário a colocação de um material que a gente chama de expansor tecidual, então a gente colocaria por baixo da pele para expandir esse tecido e conseguir mais flacidez de tecido para gente conseguir alongar a pele dele. Em num segundo momento a gente precisaria avaliar qual é a vitalidade, a condição de dessa articulação do joelho. Aí seria um ortopedista que teria que ver isso, um especialista em joelho, para saber se realmente essa articulação do joelho é viável ou não é viável”, explica.

Vanderson dos Santos, de 14 anos, sonha em voltar a andar e espera há dez anos por uma cirurgia. (Reprodução | TV Gazeta)

Ainda segundo o médico, o tempo que se passou entre a queimadura e a realização da cirurgia pode complicar a situação. “A gente tem que saber que a pele possui duas camadas, a epiderme, que é a parte mais superficial e a derme que é a mais profunda. Quanto mais profunda é essa queimadura, pior é o prognóstico, pior é a consequência dela. No caso dessa pessoa em questão, foi uma queimadura grave, que a gente chama de terceiro grau, ou seja, acometeu todos os níveis da pele. E realmente nesse tipo de queimadura, o prognóstico da cicatriz é muito pior, porque acomete o que a gente chama de anexos da pele, que são os responsáveis pela cicatrização de boa qualidade, então ali foi todos os anexos que foram destruídos, e isso acaba prejudicando a cicatrização. Em suma, quanto mais profunda a queimadura, pior é o prognóstico”.

Laércio complementa dizendo que “o tratamento da queimadura, do grande queimado, é a enxertia de pele. Então a gente precisa tirar a pele de algum lugar e colocar na pele queimada. Isso deve acontecer, em queimaduras de alto grau, até o quinto dia de queimadura. No caso dele, como ele era criança muito pequena ainda, provavelmente na época ele não teve área doadora de pele no próprio corpo ou não havia banco de pele para doar, ou até mesmo a situação clínica dele, ele estava de certa maneira instável clinicamente que não permitia uma cirurgia para tratar aquela área”.

“A gente sabe que na faixa pediátrica a principal causa de queimadura é água fervendo, óleo, no caso dele parece que colocaram fogo, então é a prevenção mesmo que os pais, mães e os acompanhantes devem ter, porque a criança não tem muita noção do que está fazendo. Água fervendo no fogão, tomar muito cuidado, porque a gente sabe que na área da medicina a prevenção sempre é o melhor tratamento”, finaliza.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais