Nem mesmo aqueles que só queriam estudar escaparam dos momentos de terror que aconteceu na tarde desta terça-feira (20), em Central Carapina, na Serra. Um estudante de 25 anos contou à reportagem as dificuldades que enfrentou ao tentar ir à escola.
Você já morou em Central Carapina. Por que saiu?
Saí por causa da violência do tráfico. Meu pai era traficante e morreu no bairro há alguns anos. Para mim, era complicado continuar. Desde então, eu saí. A gente não aguenta mais essa violência. O povo não aguenta mais essa violência. A gente quer uma providência das autoridades competentes. A gente se sente incapaz com tudo isso.
Mas sua escola é no bairro. Você tentou estudar hoje?
Eu estudo em um colégio aqui e não sabia o que estava acontecendo. Às 17 horas, eu entrei no bairro e vi um monte de criminosos com capuz e armados. A escola estava fechada... Quero mudar de vida, me formar, mas é difícil até estudar. Eu vi os bandidos gritando que iriam colocar o terror, que eles eram o comando. Falaram que iriam cortar as luzes do bairro, que era toque de recolher. Foi quando decidi sair do bairro e retornar para a BR 101.
Ao retornar para a BR, a polícia te orientou?
Quando voltei para BR 101, o policial mandou colocar mão na cabeça e subir. Eu obedeci, mas foi difícil. Me senti envergonhado como estudante e pessoa de bem. Não esperava ser tratado assim pela polícia. Senti medo, vergonha, tudo junto. É muito difícil passar por tudo isso só por querer estudar.
Você já foi morador do bairro. A situação sempre foi difícil assim?
Na minha infância era um pouco mais tranquilo, não tinha tanta guerra do tráfico. Hoje está mais perigoso. Sempre há gente vendendo drogas, com armas para cima e para baixo colocando terror na população. Difícil viver nessa situação... E a gente se sente incapaz. As autoridades precisam tomar uma providência.
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