O silêncio imposto por traficantes aos moradores do no morro da Piedade, em Vitória, foi rompido. Uma carta feita por uma mulher que mora há 30 anos na comunidade deixou a mostra como pessoas de bem vivem reféns do medo. No documento, ela pede socorro às autoridades.
Ficamos muito tristes ao ver famílias sendo agredidas e ameaçadas por bandidos, que aterrorizam a comunidade, com armas apontadas em suas cabeças, colocando medo em pessoas trabalhadoras e do bem (sic), descreveu a moradora entre as linhas da folha de caderno.
O bairro ainda vive o luto da execução dos irmãos Ruan Reis, 19 anos, e Damião Reis, 22, mortos com mais de 20 tiros cada um, na madrugada do último domingo. Os jovens cresceram na comunidade e participavam de projetos sociais.
No dia do crime, quatro criminosos invadiram a casa onde eles moravam e perguntaram cadê o patrão?. Ruan disse que não sabia sobre o que falavam, por isso, foi levado pelo grupo. Assim que soube que o irmão havia sido levado, Damião foi atrás de Ruan e ambos foram assassinados.
Segundo a carta, essa é uma história que pode se repetir a qualquer instante enquanto o tráfico continuar a dominando o bairro.
Com a guerra do tráfico, várias pessoas foram baleadas e mortas na comunidade e nas vizinhas, como Fonte Grande, Moscoso e Piedade. É lamentável saber que dois rapazes que não tinham envolvimento com o tráfico, eram trabalhadores e jovens, foram assassinados. Nos perguntamos todos os dias até quando vamos conviver com tanta violência?, desabafou no manifesto escrito.
Em outro trecho, ela pontua de onde vem o medo maior: Ou fazemos o que eles querem ou somos expulsos ou até mesmo mortos, pois não temos escolhas, destacou.
Ao final dos relatos, a moradora pede um posicionamento da polícia. Convivemos com o medo, violência e com a amorte todos os dias. Pedimos às autoridades que, por favor, venham olhar por nós, estamos reféns de bandidos, conclui.
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