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Novo comandante da PM defende discussão sobre liberação da maconha

Novo comandante da PM defende discussão sobre liberação da maconha

Questionado sobre a liberação do porte de armas de fogo, o coronel Alexandre Ramalho se disse "totalmente contra"

Publicado em 24 de abril de 2018 às 19:49

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À esquerda o novo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Ramalho; à direita o coronel Nylton Rodrigues. (Divulgação | PMES)

Um dia após assumir o posto, o novo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Ramalho, concedeu entrevista à reportagem do Gazeta Online, na tarde desta terça-feira (24), no Quartel do Comando-Geral, em Vitória. Entre diversos assuntos abordados, o chefe da corporação destacou que defende uma ampla discussão sobre a legalização da maconha.

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Qual será o foco de trabalho do senhor e da PM agora?

Nós temos um projeto que está em andamento, que é um convênio firmado entre o Estado, BNDES e BID, que soma uma cifra de R$ 200 milhões. Com esse dinheiro, podemos investir em alguns eixos que são a inteligência, a tecnologia, ensino e a Diretoria de Saúde. Começando pelo último item, acho que o grande foco do Comando hoje é a retomada do Pronto-Socorro do Hospital da Polícia Militar (HPM), para atender o militar imediatamente pela nossa própria estrutura, além da retomada de especialidades que venham a compor a necessidade do familiar do PM. Com a remodelação dessa estrutura, com pronto-socorro com 25 especialidades, odontologia, possibilidade de marcação de consultas, vamos somar esforços para dar mais qualidade de vida ao militar.

Quando fala de melhorar a tecnologia, o que seria?

Estamos falando de retomar um projeto de conceder smartphones para os nossos policiais. O objetivo é fornecer um modelo que, quando o PM assumir o serviço, já apareça na tela dele a gestão operacional que o comando do batalhão dele quer que ele cumpra. Seria um aparelho por guarnição. Ali já vai dizer quantas abordagens ele tem que fazer, em tais locais, que serão definidos pelo mapa do crime. Realização de visita tranquilizadora a comércios, às mulheres vítimas de violência doméstica. Seria uma tecnologia na palma da mão do nosso militar. O objetivo é diminuir homicídios e os crimes contra o patrimônio.

Hoje os bandidos estão mais ousados?

Existe uma circulação muito grande de arma de fogo em todo o território nacional. É um problema que temos que atacar. A entrada de armas de grosso calibre aqui é constante. Estamos falando de pistola ponto 40, pistola nove milímetros, arma que a gente não via em um passado recente, mas que hoje está muito presente.

Foi feita uma pesquisa científica em área de vulnerabilidade social que apontou que jovens de 12 a 27 anos, que não estudam e nem trabalham, e estão ligados diretamente ao tráfico de drogas, são quem portam esses armamentos. Infelizmente, esses jovens desviados de suas famílias, de um segmento religioso ou de qualquer aparato social, estão ingressando no tráfico e têm se confrontado com a PM.

No Espírito Santo, jovens de até 19 anos morrem mais que em outros Estados. Como avalia o problema?

É um problema já detectado, com essa questão da vulnerabilidade social. Esse jovem tem que ter uma outra oportunidade. Enxergar a vida sob nova perspectiva. No tráfico existe uma rivalidade muito grande e acaba se pagando com a própria vida. A tentativa do Estado é essa, resgatar, mas não é uma tarefa fácil, visto que isso não vem de agora, vem de décadas. Essa é uma discussão que a sociedade tem que ter, não só as polícias.

O que o senhor pensa da liberação do porte de arma?

 

Sou totalmente contra. Tem que ter critério regulado. Mas é um assunto que tem que ser discutido pela própria sociedade. Muitos crimes no Brasil ocorrem pela emotividade das pessoas. Um simples problema de trânsito e estão se matando. Toda sociedade armada, no modelo americano, eu não radicalizaria a esse ponto. Tem que ser avaliado e continuar, se for o caso, com o controle da Polícia Federal. Liberar de forma total eu não concordo.

E a liberação da maconha?

Acho que a liberação, enquanto estiver nesse foco das mortes, do tráfico, é um processo ainda complicado. Mas o que não pode também acontecer é, se ela é proibida, eu ficar com meu policial militar perdendo tempo para levar três, quatro buchas de maconha à uma delegacia. Ele não tem a prerrogativa de pegar essas buchas e jogar em um bueiro e ir embora. Se alguém flagrar aquilo, ele vai responder perante o Ministério Público, a Corregedoria, o Judiciário. Temos que encontrar um meio termo. Entendo que isso tem que ser discutido amplamente sim. Temos as questões de saúde. Hoje a gente já vê estudos apontando que a maconha poderia auxiliar em questões médicas, tudo isso tem que trazer para uma discussão interdisciplinar, que não é o policial militar, ou o comandante-geral que vai emitir um parecer. Tem que ser estudado para se dar o melhor encaminhamento e a sociedade viver em harmonia. Isso vai trazer a pacificação da sociedade? Vai trazer a harmonia da sociedade? Então que seja posto em discussão e a pergunta seja devolvida para os nossos legisladores.

Que recado daria para o bandido que desafia a polícia?

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Diria para não desafiar, porque aqueles que nos desafiarem, com disparos voltados para os PMs, injustas, que afrontem o Estado, a resposta será dada à altura. Não afronte. Se for parado é arma no chão e mão na cabeça.

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