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Avô e tio de criança abandonada na BR 101 na Serra são presos

Avô e tio de criança abandonada na BR 101 na Serra são presos

Mãe denunciou à CPI dos Maus-Tratos que menino era abusado por familiares

Publicado em 24 de maio de 2018 às 23:07

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Criança é encontrada após ser deixada em avenida na Serra. (Twitter/cappixaba)

O avô e o tio da criança abandonada na BR 101, Serra, foram presos na noite desta quinta-feira (24) em meio à CPI dos Maus-Tratos. Durante a audiência, o senador Magno Malta — presidente da comissão — cumpriu os dois mandados de prisão temporária expedidos por um juiz de Itacaré, na Bahia, onde a família do menino mora. Um outro mandado de busca e apreensão foi realizado na fazenda da família, na Bahia, onde, segundo a CPI, foram encontradas muitas armas.

Em depoimento horas antes, a mãe da criança, que é tradutora de alemão, informou à CPI dos Maus-Tratos que o menino de três anos era abusado pelos familiares. "Eu perguntei a meu filho e ele disse que a vovó (madrasta da mãe da vítima) e o vovô, além do tio, tocavam nas partes íntimas deles", relatou, emocionada.

Contou ainda aos relatores da comissão que estava desconfiada e, no início deste mês, quando foi passar creme no filho, a criança pediu: "Não me toque, não me toque". Diante disso, ela começou a fazer perguntas e descobriu o que estava acontecendo. Logo após ter esta certeza, fugiu com o filho da cidade de Itacaré, na Bahia, onde morava, em uma casa cedida pelo avô da criança. Disse aos relatores que não procurou a polícia porque tinha medo de que ninguém acreditasse na história que ela relataria. "Fiquei com medo de fazer a denúncia. Meu pai não é uma pessoa tranquila, ele tem armas. Já atirou em uma pessoa, em Itacaré", contou aos senadores.

Ao fugir ela foi para a cidade de Ilhéus, ainda na Bahia, onde pretendia vender seu carro e comprar uma passagem de ônibus até Salvador. De lá seguiria em um voo para a Argentina, cuja passagem teria sido comprada por sua mãe. Mas na rodoviária de Ilhéus ela teve a impressão de que estava sendo seguida. Em função disso decidiu ir em direção ao Sul do Brasil, com seu carro. "Eu me sentia muito perseguida. Fiquei em uma pousada, mas não conseguia dormir. Fiquei três dias sem dormir, no carro", contou a mãe.

No caminho ela se comunicava com a mãe e amigos, na Argentina, por meio de mensagens. Mas quando chegou na Serra, se sentindo novamente perseguida, ela decidiu abandonar o filho. "Decidi deixar meu filho porque sabia que as pessoas cuidariam dele. Vi a polícia chegando. Eu não conseguia pedir ajuda, minha cabeça deu um colapso. Tive um surto e acabei num hospital psiquiátrico. Foi a única opção, na minha cabeça eu não conseguia. Eu não estava bem. Agora sinto muito", relatou, em meio a lágrimas.

A tradutora contou ainda que sua irmã, de 8 anos, há cerca de um ano relatou que também era abusada pelo pai. "Ela me disse que tocava na parte íntima do pai e que gostava. Conversei com ela e relatei para minha madrasta, que não acreditou no que contei", disse.

O avô era ainda, segundo ela, "uma pessoa com ideias muito liberais e que não respeitava a lei". Ela contou que o pai defendia que familiares tivessem relações sexuais entre eles. O objetivo seria gerar "uma raça pura".

Ao ser questionada se tinha sido abusada pelo pai, ela relatou que não se lembrava, mas que tinha a sensação de que isto tinha acontecido. "Eu não sei por que, mas eu sempre senti que tinha sido abusada. Eu sempre trabalhei com uma psicóloga. Fiz terapia quando eu estava na universidade.

Meu irmão, que mora na Argentina, foi abusado pelo meu pai, e tenho a tese de que meu pai dá dinheiro a ele para que não conte. Ele não trabalha e vive num apartamento de três quartos", relatou. Contou ainda que desconhecia a origem dos recursos financeiros de seu pai, avô da criança.

O avô e o tio da criança foram levados para o Centro de Detenção Provisória de Xuri, em Vila Velha, que abriga os detentos acusados de abuso sexual.

VÍDEOS

A prisão do avô

 

A prisão do tio

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