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Crime na Piedade: dois meses sem solução

Crime na Piedade: dois meses sem solução

Os irmãos Damião Reis e Ruan Reis, foram assassinados no dia 25 de março, no Morro da Piedade, em Vitória. Vítimas não tinha passagem pela polícia

Publicado em 25 de maio de 2018 às 18:53

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Ruan Reis (à esquerda) e Damião Reis (à direita): irmãos mortos com mais de 20 tiros cada. (Reprodução/Facebook)

Dois meses depois do assassinato dos irmãos Damião Marcos Reis, 22 anos, e Ruan Reis, 19, o crime ainda segue sem respostas. Os dois foram executados no Morro da Piedade, em Vitória, no dia 25 de março, com mais de 20 tiros cada um. O crime, que deixou um rastro de devastação e revolta, segue sem solução.

Procurada, a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela equipe da Delegacia de Crimes Contra a Vida de Vitória, e segue em sigilo.

O crime aconteceu às 1h50, quando quatro homens armados, sendo dois com touca ninja e colete, invadiram o quintal da casa dos irmãos perguntando "cadê o patrão". Na ocasião, Ruan respondeu que não sabia quem eles estavam procurando e tentou conversar. Os criminosos, que simulavam ser policiais pelo linguajar, disseram que o jovem deveria sair com eles para conversar e ser revistado. A vítima obedeceu a ordem e saiu com eles da residência.

Ao perceber que o irmão foi abordado, o pedreiro Damião, que fazia trabalhos sociais dando aulas de capoeira no Morro da Piedade e era passista da escola de samba Piedade, foi atrás do grupo pedindo que não levassem o irmão. Nesse momento, ele foi surpreendido por vários disparos.

BRUTALIDADE

De acordo com a polícia, foram mais de 60 disparos. A perícia encontrou 22 perfurações no corpo de Ruan e 20 no corpo de Damião. No local foram encontradas mais de 60 cápsulas de calibre 380, Ponto 40 e 9mm.

Amigos, que preferiram não se identificar, disseram que os dois irmãos eram boas pessoas, conhecidas pelos projetos sociais e também pela escola de samba. Eles classificaram o crime como "covardia" e não entendem o motivo.

Na época do crime, o então secretário de Estado da Segurança Pública, André Garcia, afirmou, em entrevista à rádio CBN Vitória, que o assassinato dos irmãos Reis foi uma "crueldade muito grande".

André Garcia havia afirmado inclusive que, pela brutalidade do caso, uma solução rápida era essencial. "Ficamos muito chocados com essa situação. Essas mortes apontam para uma crueldade muito grande. O histórico mostra que são pessoas de bem, que estavam trabalhando, que contribuíam para a sociedade e o crime portanto precisa ser esclarecido rapidamente", destacou o secretário.

INVESTIGAÇÕES

Inicialmente, investigadores levantaram a possibilidade de ter sido um crime de vingança, já que as vítimas têm um irmão preso por tráfico, ou que eles tenham sido mortos por engano. Damião e Ruan não tinham passagens na polícia.

André Garcia afirmou ainda, ao portal GazetaOnline, que o crime tem características claras de execução. "Tudo isso está sendo levantado. A forma é de execução mesmo. A gente precisa saber a motivação, o que motivou essa ação criminosa e se eventualmente há um mandante por trás disso", declarou.

COMUNIDADE TENTA VOLTAR À ROTINA

Desde o dia em que os irmãos foram assassinados, de acordo com moradores, o clima na região é de medo e insegurança. Em uma tentativa de trazer de volta à comunidade o clima de interação, principalmente para as crianças, a Comunidade São Vicente de Paulo organizou o evento “Piedade: esperança, amor e vida solidária”.

“A comunidade tá muito intimidada, as pessoas tem medo de sair. A nossa ideia é movimentar a região, mostrar que as crianças podem brincar, serem amigas. Queremos criar um propósito para estimular a convivência”, disse uma das organizadoras do evento, Tânia Maria Silveira.

Familiares de Damião e Ruan, junto com a comissão de questões sociais, da Paróquia São Vicente de Paulo, estão à frente da organização do evento. “O propósito é reunir as crianças, superar essa situação dramática e buscar uma convivência baseada no amor”, disse Tânia.

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O evento aocnte no próximo domingo, dia 27, às 9 horas. Inicialmente acontecerá uma celebração ecumênica, que será seguida de atividades lúdicas para as crianças, lanches e um bazar com o objetivo de estimular a interação da comunidade.

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