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Moradora estuprada por traficante em Ourimar conta o drama

Moradora estuprada por traficante em Ourimar conta o drama

Dona de casa violentada e expulsa de Ourimar por traficante desabafa sobre pesadelo que vive

Publicado em 31 de maio de 2018 às 10:26

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Condomínio Ourimar, na Serra: traficante é apontado como autor de dois estupros e suspeito de outros dois. Todos os crimes aconteceram dentro do conjunto residencial. (Glacieri Carraretto)

Era fim de tarde e uma dona de casa ninava a filha caçula, de poucos meses, dentro do apartamento onde morava no Condomínio Ourimar, na Serra. O silêncio do momento foi quebrado quando um criminoso invadiu a residência com uma arma na cintura, estuprou a dona de casa e expulsou a família.

Em 20 minutos, ela saiu do imóvel carregando consigo o bebê, uma trouxa de roupa e as feridas no corpo e na mente provocadas pelo estupro que viveu, em fevereiro.

“Hoje eu sou uma pessoa amedrontada e que vive à base de remédio. Não durmo direito e choro calada depois que minhas filhas dormem. Tudo o que eu tinha no meu apartamento ficou lá, hoje moro de favor e conto com a ajuda de amigos para alimentar minhas filhas”, desabafou a vítima, ouvida pela reportagem.

Segundo a polícia, a dona de casa é uma das vítimas Emerson de Lima Alcântara, o Buguelo, 23 anos, preso no último dia 15 dentro do condomínio Ourimar. Além desse crime, ele é apontado como autor de mais um estupro e suspeito de outros dois. Todos dentro do conjunto residencial.

As duas vítimas de estupros foram expulsas do condomínio por Emerson, mesmo sendo proprietárias dos apartamentos onde residiam.

A polícia só teve conhecimento de quem era a dona de casa vítima de Emerson depois que prisão foi feita pela Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) e juntamente com a Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV), ambas da Serra.

“Ele foi indiciado duas vezes por estupro e pedimos à Justiça a prisão preventiva. Também solicitamos o serviço de proteção para as vítimas. São mulheres com medo, que foram violentadas sexualmente e que ainda tiveram a perda de seus lares”, observou a delegada Natália Tenório.

“É muita humilhação tudo o que eu passei. Fica o trauma, a dor”

Em uma entrevista com lágrimas e medo, a dona de casa contou que chegou a dormir no chão de uma casa após ser expulsa de Ourimar. “Tomaram roupas, TV e até as roupas das minhas filhas. Deixei uma vida toda pra trás e agora não sei do meu futuro.”

Como foi o dia do crime?

Eu sai de casa com a roupa do meu corpo. Deixei pra trás geladeira, fogão, TV, guarda roupas e tudo mais que eu tinha. Levei comigo minha bebê, uma trouxa de roupa, dois pacotes de biscoito e litros de leite. Tenho mais duas filhas que não estavam em casa quando isso aconteceu.

Para onde você foi?

Passei dois meses dormindo no chão de uma casa vazia que me cederam. Minha bebê, por sentir frio, pegou pneumonia. Recebi algumas doações, em especial das pessoas da igreja, sou grata por isso. Hoje, pago um aluguel e vivo de doações pois só recebo um salário mínimo.

Como soube da prisão do suspeito?

Um amigo foi quem me contou que ele havia sido preso. A notícia me deixou em pânico e a pressão subiu. Desde então, passei a receber ameaças. Eu não procurei a polícia em momento algum, pois tinha e ainda tenho medo.

Como tem sido seu dia a dia depois da violência?

Eu finjo que estou bem para minhas filhas. Tento ser forte para elas. Por vezes, me pego chorando, destruída. É muita humilhação tudo o que passei. Fica o trauma, a dor, a tristeza, misturada com a necessidade de ser exemplo e força para minhas filhas. Preciso me concentrar para manter a minha casa, tentar ser firme e manter a sanidade mental.

PRISÕES

Emerson Alcântara deixou um rasto de crimes em Ourimar desde que entrou no residencial, no final de 2017. Ele veio da Bahia, onde possuia um mandando de prisão em aberto pelo crime de tentativa de homicídio. Juntamente com comparsas, o bando que tem origem em Feu Rosa assumiu o tráfico dentro do condomínio e passou a provocar terror entre os moradores.

“É uma facção perigosa, formada por bandidos covardes, que matam, roubam, estupram e traficam”, resumiu o delegado Rodrigo Sandi Mori, da DCCV Serra.

 Na última semana, o bando teve outra “baixa”. A DCCV Serra colocou na cadeia Sanderli Santos de Souza, 21, que possuía quatro mandados de prisão em aberto, três deles por homicídio.

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“São indivíduos que torturam as vítimas, que gostam de ver as vítimas sofrerem e ir matando aos poucos. O intuito é mostrar poder e ganhar fama de cruéis, intimidando pessoas de bem que vivem reféns do medo e das ameaças. Elucidar esses crimes e tirar esses indivíduos de circulação é questão de honra, é poder dar conforto e um pouco de paz aos moradores”, pontuou o delegado.

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