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Noivas denunciam empresa de decoração por aplicar golpes no ES

Noivas denunciam empresa de decoração por aplicar golpes no ES

Vítimas procuraram a Polícia Civil e a Justiça; nome da empresa não é divulgado porque caso ainda é investigado

Publicado em 15 de maio de 2018 às 21:47

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Carolina Cuel Braga durante casamento. (Acervo Pessoal)

O dia que era para ser um dos mais felizes para duas noivas capixabas se tornou um pesadelo depois que uma empresa, contratada por elas para fazer a decoração das festas de casamento, recebeu o dinheiro e não cumpriu com o que estava prometido em contrato. As vítimas fizeram boletim de ocorrência em Vitória e o caso é investigado pela Polícia Civil.

A analista comercial Carolina Cuel Braga, de 22 anos, que se casou no dia 25 de março deste ano, conta que descobriu que a empresa não cumpriu com o contrato de R$ 4.500 investidos por ela. Isso porque no dia da festa, ao chegar ao cerimonial onde o evento aconteceu, notou que "o serviço prestado era muito inferior ao que tinha contratado". Então, ao perguntar a duas funcionárias que faziam a decoração no local, descobriu que elas trabalhavam para outra empresa e que haviam sido contratadas pela própria acusada, mas, por um preço bem abaixo do que a noiva havia pago — a empresária teria ficado com a parte do dinheiro sem sequer ter feito o serviço.

"Foi uma dor de cabeça imensa e chorei bastante por causa disso depois que percebi a baixa qualidade do serviço que me foi oferecido. Ela (acusada) acabou com meu sonho, pois nada ocorreu como eu queria. Paguei por uma decoração de mais de quatro mil reais e recebi uma decoração de cerca de mil reais. Como me senti lesada, fiz o boletim de ocorrência, vou acionar a Justiça e espero que a justiça seja feita para que outras noivas não sofram o que eu sofri", disse Carolina Cuel Braga.

Ela também promete denunciar a acusada no Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon).

De acordo com Carolina, após expor sua situação em redes sociais, pelo menos outras três pessoas já fizeram reclamações sobre a mesma empresa. Segundo ela, há informações de que mais noivas tenham sido vítimas de golpes, inclusive fornecedores.

DOR DE CABEÇA 

Carolina Cuel Braga conta que contratou a empresa para fazer a montagem de toda decoração do evento. Dias antes do casamento a noiva se reuniu com a empresária para acertar os últimos detalhes, onde a acusada confirmou que faria a decoração. O pagamento havia sido feito em prestações de R$ 500,00 sendo divididos em sete vezes. Na sequência, para arcar com outros custos, Carolina afirma que depositou mais R$ 1 mil.

"Durante a última reunião que fizemos, que foi bem estressante, pois ela ameaçou não fazer nosso casamento diversas vezes, deixamos tudo acertado. Mas no dia do casamento é que eu fui descobrir que não tinha nada como combinado. Para mim foi um choque quando soube que ela tinha feito isso. Sonhei durante meses com isso, como você acha que fiquei ao saber que a decoração foi um desastre?", relata.

SUMIU COM O DINHEIRO

Outra noiva, que pediu para não ser identificada, afirma que fez um depósito de R$ 2 mil como adiantamento na conta da mesma empresa citada pela vítima anterior. O nome da empresa não é divulgado porque a polícia ainda investiga o caso.

Contudo, ao questionar a acusada sobre detalhes da decoração do evento, foi informada pela empresária de que ela não faria mais o serviço e, de quebra, afirmou que não devolveria o dinheiro recebido. Depois do ocorrido, a suspeita não atendeu mais telefonemas e parou de responder mensagens enviadas pela noiva.

"Fiz o pagamento porque ela falava que outras noivas estavam querendo a data e, caso eu não fechasse logo, eu poderia perder a data. Era uma pressão psicológica grande. Daí, confiando na palavra dela, fiz um depósito em dinheiro para segurar a data antes mesmo de assinar o contrato. O problema é que, quando fui procurá-la, ela não me dava retorno. Resolvi pedir o dinheiro de volta e ela disse que não devolveria. Até a procurei em um evento público, que aconteceu em um shopping, mas ela chamou os seguranças e fugiu de mim. Acionei a Justiça e agora aguardo o desdobramento", disse.

As vítimas relataram ainda que fazem parte de um grupo no Facebook que já soma seis pessoas que contrataram o serviço da empresa e encontraram dificuldades com cumprimento de contrato por parte da acusada.

EMPRESA NEGA ACUSAÇÕES

Procurada pela reportagem na noite desta terça-feira (15), a responsável pela empresa nega todas as acusações. De acordo com a empresária, "todos os erros foram cometidos pelas noivas" e que, por causa disso, os contratos não foram seguidos como combinado.

Sobre a primeira denúncia, realizada por Carolina Cuel Braga, a acusada informou que "tudo não passa de uma alucinação" da mulher. 

"As alegações dela são falsas. Ela fez um contrato comigo e não me pagou uma parte do valor total. O que acontece é que ela acordou algo comigo e, pouco antes do evento, quis fazer mudanças. Depois, como eu não cedi sem que ela pagasse uma diferença para que as mudanças fossem feitas, ela começou a querer sujar minha imagem. Como estou no meu direito, vou processá-la por calúnia, difamação, injúria e danos morais. Digo isso porque a acusação dela é surreal. É uma alegação falsa, pois cumpri com o contrato certinho", afirmou.

Ao ser questionada sobre a alegação de funcionárias de outra empresa terem dito que receberam apenas R$ 1.200 para fazerem o serviço, a decoradora contou que "as duas meninas receberam R$ 600,00 cada pela mão de obra prestada", mas que todos os materiais utilizados na montagem dos cenários pertenciam à empresa contratada.

Quanto à denúncia da segunda noiva, de que a empresária teria recebido uma quantia de R$ 2 mil e sumido com o dinheiro, ela negou: "Não sumi com o dinheiro dela. A noiva que sumiu, me bloqueou de redes sociais e nunca mais apareceu. O dinheiro dela está comigo e posso devolver o valor", concluiu.

COMO FICA A SITUAÇÃO APÓS AS DENÚNCIAS

De acordo com a advogada Mayara Araújo Martins, ao final da investigação, caso os relatos sejam confirmados pela polícia, a empresária pode ser indiciada por estelionato ou quebra de contrato.

"A empresa pode ser condenada a pagar indenização por dano material e moral às noivas por todo o prejuízo financeiro e transtorno psicológico causado. Se comprovado, a conduta da empresa contratada ultrapassou o mero dissabor, por ter causado às contratantes relevante angústia com relação ao dia tão sonhado do casamento, o que gera o dever de indenizar", pontuou a advogada, que orienta as vítimas a, além de registrar o crime na Polícia Civil, procurar a Justiça.

COMO IDENTIFICAR UM POSSÍVEL GOLPE

O especialista em Direito do Consumidor Bruno Minuto orienta aos clientes que desconfiem de empresas que prometem mil serviços por um valor muito abaixo do que costuma ser cobrado no mercado local. Além disso, ele alerta para que jamais o cliente assine um contrato sem saber de sua validade - é importante pesquisar se o CNPJ da suposta empresa realmente existe.

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"Antes de qualquer coisa, tenha um contrato firmado em mãos. Esse contrato deve constar todo o serviço prometido durante a conversa com o fornecedor. Se o valor do serviço for muito diferente das demais empresas da área... provavelmente o cliente pode estar caindo em um golpe. Vale ressaltar que saber da procedência da empresa e do CNPJ dela também é um ponto a favor", alertou.

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