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'Perdi tudo', diz ciclista atropelado em Vila Velha

"Perdi tudo", diz ciclista atropelado em Vila Velha

Fabio Mengali ficou paraplégico após ser atropelado por um universitário embriagado, segundo a polícia, em outubro de 2016

Publicado em 17 de maio de 2018 às 00:32

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O servidor público Fabio Mengali ficou paraplégico após ser atropelado por um universitário, em outubro de 2016, em Vila Velha. (Facebook)

O corpo não obedece mais à mente de Fabio Mengali, 29 anos. Uma lesão na medula, causada por um atropelamento, na Praia da Costa, em Vila Velha, em 2016, o deixou paraplégico. Ele pedalava, como fazia todas as manhãs, quando foi atingido por um carro guiado pelo estudante de direito Pedro Paulo Vivas, que estava embriagado, segundo a polícia.

Hoje, ele depende da ajuda da família para fazer o básico, como ir ao banheiro. “Perdi tudo”, desabafa.

Atropelamento do ciclista aconteceu na Avenida Antônio Gil Veloso, na Praia da Costa, em Vila Velha. O estudante Pedro Paulo Vivas foi preso. (Guilherme Ferrari | NA)

Como foi atropelado?

Não me lembro. Não recordo nada do que aconteceu naquele dia. Minha memória apagou completamente. Só lembro e acordar no hospital, quase 15 dias depois do que aconteceu.

Gostava de pedalar?

Muito. A sensação de liberdade era muito boa. Era uma espécie de ritual, fazia isso todos os dias antes de ir trabalhar. pedalava 30 quilômetros. Depois voltava renovado.

Como era sua vida antes da cadeira de rodas?

Era outra. Eu era livre, tinha autonomia sobre a minha vida, meu corpo. Tinha sonhos, planos. Tudo acabou de uma hora para outra.

E como ela é hoje?

Não controlo nem minhas necessidades fisiológicas. Dependo sempre de alguém para me vestir, tomar banho, ir ao banheiro...

O que o atropelamento tirou de você?

Tudo. Não ando mais...

Quais as outras dificuldades que enfrenta?

As de locomoção são as principais. Mas, sofro com infecções urinárias, escaras na pele, todas esses problemas que um cadeirante enfrenta.

Como se sustenta hoje?

Vivo da ajuda da minha família, basicamente. Ainda bem que tenho eles, senão nem sei como seria minha vida. Antes de ser atropelado, trabalhava na Prefeitura de Cariacica, tinha uma vida normal.

Como recebeu a notícia da prisão?

Com alívio. Se eu fui condenado à viver e uma cadeira de rodas, porque ele também não poder ser condenado pelo que fez? Foi decisão dele. Não é vingança. não penso nisso. Só sinto que a justiça foi feita. Espero que ele fique consciente disso. Quero tocar minha vida em paz agora.

O CASO

Estudante de direito Pedro Paulo Cunha de Souza Vivas Ferreira, preso por atropelar e deixar paraplégico um ciclista, em Vila Velha. (Divulgação | Facebook)

O estudante de Direito Pedro Paulo Cunha de Souza Vivas Ferreira, 23 anos, foi preso por atropelar e deixar paraplégico um ciclista, na Praia da Costa, Vila Velha, depois de passar a noite em uma boate, de acordo com a Polícia Civil. O caso aconteceu em 2016 e o universitário foi preso pela Divisão Especializada de Delitos de Trânsito, em cumprimento a um mandado de prisão preventiva.

Ainda de acordo com o titular da divisão, delegado Maurício Gonçalves, Pedro Paulo, que teve a Carteira Nacional de Habilitação suspensa logo após o atropelamento, estava descumprindo a decisão da Justiça e dirigia mesmo sem a CNH. O universitário, inclusive, foi detido no dia 28 de março deste ano, após ser flagrado cometendo esta infração.

“Recebemos a denúncia de que ele estava dirigindo sem a CHN e fizemos uma operação. Ele foi flagrado nas imediações da faculdade onde estuda, em Vitória, e detido. Ele também conduzia o veículo em alta velocidade. O Pedro assinou um Termo Circunstanciado por direção perigosa e por violar a suspensão da carteira e foi liberado”, explicou o delegado.

Pedro Paulo foi preso por volta das 16 horas desta quarta-feira (16), no Centro de Vitória. Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana, e vai responder pelo crime de lesão corporal gravíssima. O advogado do universitário foi contactado por telefone, mas disse que não poderia falar, pois estava ocupado e, se tivesse interesse, entraria em contato.

ATROPELAMENTO

O ciclista foi atropelado por Pedro Paulo na madrugada do dia 8 de outubro de 2016, quando passava pela Avenida Antônio Gil Veloso, na Praia da Costa. Ele treinava quando foi atingido pelo Kia Cadenza do universitário.

Pedro Paulo permaneceu no local do atropelamento, mas recusou-se a fazer o teste do bafômetro na época. Ele foi liberado pela polícia ainda no local onde o fato ocorreu.

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“Nossas investigações apontam que ele permaneceu em uma boate, localizada no bairro Itapoã, até as 5 horas, onde fez uso de bebida alcoólica. De lá, saiu para a Praia da Costa, onde perdeu o controle do veículo e atropelou a vítima. Temos imagens de videomonitoramento da boate, que comprovam isso”, afirmou o delegado.

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