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Idosa perde R$ 95 mil em golpe do bilhete premiado na Praia do Canto

Idosa perde R$ 95 mil em golpe do bilhete premiado na Praia do Canto

Grupo chegou a levar a vítima a um restaurante antes de roubar o dinheiro da idosa

Publicado em 29 de junho de 2018 às 15:58

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Grupo chegou a levar a vítima para almoçar na Praia do Canto. (Reprodução)

Ao tentar ajudar uma idosa que procurava o endereço de uma casa de ração e queria retirar um prêmio, uma comerciante aposentada, 83 anos, acabou caindo no golpe do bilhete premiado. Envergonhada e depois de perder R$ 95 mil, ela contou ao Gazeta Online como três pessoas a enganaram quando estava na Praia do Canto, em Vitória, no dia 21 deste mês, por volta das 11h30 da manhã.

Segundo o neto da aposentada, um médico de 28 anos, a ação dos bandidos aconteceu entre as ruas Major Clarindo Fundão e Aleixo Netto. A abordagem começa com uma mulher mais idosa, depois chega uma mais jovem e, por último, um homem. O grupo leva a vítima para almoçar (veja vídeo abaixo), em seguida ao banco e depois a deixa no mesmo bairro, sem o dinheiro, celular e documentos.

"Minha avó foi abordada por uma senhora de idade, de vestuário simples, que perguntou se ela conhecia um endereço. Veio com uma conversa que um cara de uma loja de ração havia passado na casa dela na noite anterior e pedido para encontrar com ela nesse dia, porque ela tinha feito uma compra e tinha ganhado um prêmio", conta o neto.

A vítima relata que tentou encontrar o endereço pelo celular, mas não achou a rua. "Nessa hora que chegou essa segunda pessoa. A mulher falou: 'mocinha você poderia nos ajudar aqui, eu estou procurando esse endereço'. A moça pediu para ver o prêmio. Ela tirou o papel do envelope, olhou lá no celular e viu que realmente constava que o bilhete de loteria tinha sido premiado. Só depois que a mocinha chegou que falou que era um bilhete de loteria. Ela disse: 'mas não é R$ 5 mil como ele queria te dar, é de R$ 5 milhões e alguns quebrados'".

Segundo a aposentada, com jeito de muito humilde, a primeira mulher que a abordou pediu ajuda dela e da mulher mais jovem. "Falei que tinha uma loteria perto. A mocinha disse que eles não iam deixar ela receber esse dinheirão lá. 'A gente tem que ir com ela na Caixa Federal pra ela receber'. Foi quando ela falou que o cunhado dela estava ali com o carro estacionado. Disse que eu podia acompanhar porque a senhora estava precisando. Foi quando eu entrei no carro", recorda a aposentada.

Mais adiante, o homem estacionou o carro atrás de um centro comercial. "Ele disse que ia estacionar porque ficava perto da Caixa. Ele falou que a mocinha iria na Caixa conferir se tinha o dinheiro para a senhora. A moça desceu do carro, disse que realmente o bilhete estava premiado e já tinha três meses e que aquele dia era o último para receber. 'Já teve um rendimento muito bom, é um valor alto'. Aí a senhora ficou muito feliz", detalha a vítima. 

O golpe continua com a tal moça dizendo que a dona do bilhete precisaria apresentar o documento de identidade. Mas a idosa afirmou que a carteira dela havia sido roubada. "Aí a mocinha falou que tinha uma forma, que era a senhora nomear uma pessoa da confiança dela como uma procuradora. Assim, a senhora receberia um cheque no seu nome. Foi aí que ela agradeceu que tinha encontrado a gente, que nós éramos pessoas de bem".

Sentada no banco de trás ao lado da "mulher humilde", a vítima ouviu dela o pedido para ser sua procuradora. "Antes a mocinha tinha dito que era advogada. Eu disse que era melhor escolher a advogada. Ela falou que eu fui a primeira a ajudá-la. Ela falou que viu que a gente estava fazendo isso para ajudá-la e que queria desse dinheiro R$ 5 milhões, mas o rendimento e o restante queria dividir entre a gente. Eu e o cara falamos 'não senhora, de jeito nenhum'. Ela disse que fazia questão".

IDA A RESTAURANTE

Contando mais uma história, a dona do bilhete pediu uma garantia dos três de que não tinham dívida em bancos. "O cara disse que tinha conta, que estava juntando dinheiro para tratar a mãe adotiva dele que estava com câncer. Ela falou que só queria uma garantia. Ele disse que se ela aguardasse ele ia resgatar o dinheiro aplicado. Ele voltou com uns euros e um pacote, que devia ser papel. Eu falei que precisava almoçar, que já sou idosa. Eles falavam que logo estava acabando e me chamaram para almoçar no centro comercial".

Em imagens do restaurante onde os quatro almoçaram, é possível ver as três mulheres entrando na frente e o homem chegando em seguida. Depois, ele paga a conta e sai sozinho do local.

"Voltando do almoço, ela me abordou querendo os R$ 120 (mil) e dizendo que era só uma garantia. Eu tinha uma aplicação de R$ 95 mil. Resgatei R$ 92 mil e o restante eu tinha na conta. A mocinha me acompanhou no banco, fomos no caixa", pontua.

Primeiro a vítima fez uma transferência de R$ 50 mil. Questionada pelo caixa quando tentava fazer a segunda transferência de R$ 45 mil para uma conta, que não era da jovem que a acompanhava, a aposentada acabou trocando euros e conseguiu, ao todo, sair da agência com R$ 95 mil na bolsa, acreditando que só mostraria o valor para a idosa.

Nesse meio tempo, o homem e a idosa ficaram dentro do carro esperando as duas. 

Ao voltar para o veículo, a idosa falou que queria os R$ 120 mil. O homem sugeriu que a moça mais jovem fosse pegar o restante do valor com uma prima. "Paramos o carro, a moça desceu para pegar o dinheiro. Ele mudou a posição do carro, próximo de onde me pegaram. Falou que eu estava com muito dinheiro e pediu para deixar a bolsa. Quando eu voltei, fique muito desesperada - o homem já não estava lá. Fiquei muito desamparada. A primeira coisa que eu fiz foi ir na Delegacia da Praia do Canto, antes das 17h", lembra muito emocionada.

De acordo com a aposentada, esse dinheiro estava aplicado para ser usado em caso de emergência.

POLÍCIA

O neto da idosa foi à Delegacia de Defraudações e Falsificações e conversou com um investigador sobre o caso. "O investigador me disse que, normalmente, são pessoas de fora. É o cara que faz um, dois golpes e muda de lugar. E não tem característica de quem faz uma investigação prévia. Eles vão em bairros nobres e com idosos, que têm menos maldade. Que é a situação da minha avó. Ela sozinha, bem vestida e na Praia do Canto, espera-se que tenha um recurso. Aí eles convencem na lábia", explica. 

De acordo com o médico, ao contar para o investigador que uma senhora de idade pedia informações sobre um endereço, o policial logo identificou que se tratava do golpe do bilhete premiado. 

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O neto da aposentada reforçou que, quem tiver informações sobre as pessoas que aplicaram o golpe, pode ligar para o Disque-Denúncia (181).

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