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Polícia prende dupla e confirma homofobia em crime contra homem na Serra

Polícia prende dupla e confirma homofobia em crime contra homem na Serra

Claudio Ladislau, o Cacau, 19 anos, e Agton dos Santos, de 34, são acusados de assassinar Wagno Sérgio Ferrari Chiste, 51 anos, que costumava se vestir com peças femininias

Publicado em 27 de julho de 2018 às 16:28

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Agton e Cláudio foram presos acusados de assassinar Wagno Sérgio Ferrari Chiste, 51 anos. (Divulgação/Polícia Civil)

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava a morte do encarregado Wagno Sérgio Ferrari Chiste, 51 anos, assassinado com quatro tiros na cabeça, na noite do dia 09 de junho deste ano, em Bairro das Laranjeiras, região de Jacaraípe, na Serra.

Para o titular da delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) da Serra, Rodrigo Sandi Mori, não existem dúvidas de que a vítima foi assassinada por homofobia. Wagno foi encontrado morto dentro do carro dele, vestindo apenas um biquíni, por volta das 22 horas.

Sandi Mori explica que a vítima era conhecida por comerciantes e moradores da região de Jacaraípe por andar nas redondezas utilizando somente peças íntimas femininas ou biquíni. Esse fato, segundo o delegado, incomodou dois traficantes da região.

Segundo a polícia, Claudio Ladislau da Silva Filho, o Cacau, 19 anos, e Agton dos Santos Pereira, de 34, perseguiram a vítima após ela sair de um bar e, quando Wagno passava de carro pela Rua Caiçara, teve o veículo fechado pelos criminosos.

“O carro era do Agton, inclusive era ele quem dirigia. O Claudio estava no carona. Assim que fecharam a vítima, o Claudio desceu do veículo já atirando no Wagno, que não teve nem tempo de reagir”, explica Sandi Mori.

A dupla foi presa em Jacaraípe. Claudio foi preso em casa e surpreendido quando estava dormindo. Ele nega o crime. Já Agton, foi capturado escondido na residência de uma mulher. Ele disse que emprestou o carro para cacau cometer o crime, porém, nega que estivesse junto com o jovem no momento do homicídio. No entanto, a polícia não acredita nas duas versões.

Ainda de acordo com a polícia, logo após o crime espalhou-se no bairro um boato de que a vítima assediava crianças e adolescente da região e que fazia isso, inclusive, nas portas das escolas. Fato que foi descartado durante a investigação.

“Esse é um pretexto mentiroso para justificar o crime. Foi um caso que tivemos um critério rigoroso na apuração. Diversas pessoas foram ouvidas entre comerciantes e moradores da região, além da família da vítima. Fomos até as escolas, analisamos imagens, não há nada que comprove que a vítima, de fato, aliciava crianças e adolescentes”, enfatiza Sandi Mori.

O delegado, inclusive, foi categórico em dizer que, diante da desconfiança ou da certeza de que a vítima tinha o comportamento assediador, a polícia deveria ter sido acionada para que ele fosse investigado.

HOMOFOBIA

O hábito da vítima, porém, era desconhecido da família, dos amigos e dos companheiros de trabalho dela. “Ele tinha o costume de ir aos bares comprar bebida vestido com peças femininas. Às vezes nem descia do carro, pedia a cerveja dentro do veículo mesmo. Para a família, foi uma surpresa total. O crime foi de intolerância mesmo”, sustenta o delegado.

A homofobia é um preconceito existente em pessoas contra os homossexuais ou a homossexualidade. O ato violento contra uma pessoa apenas por suspeitar da orientação sexual dela já é caracterizado como homofobia.

A homofobia inclui também o ódio, a aversão, repulsa, nojo, ou qualquer sentimento contra a orientação sexual.

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Claudio e Agton, que já são investigados por tráfico de drogas e homicídio, vão responder pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil e por impossibilitar a defesa da vítima. Eles foram encaminhados ao presídio.

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