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'A dor está demais', diz mãe de jovem morta em Vila Velha

"A dor está demais", diz mãe de jovem morta em Vila Velha

Eliana de Oliveira Rodrigues é mãe da jovem Thaís de Oliveira Rodrigues, morta no último sábado (18), quando buscava um bolo em Morada da Barra, em Vila Velha

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 22:24

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Thaís de Oliveira Rodrigues foi morta no último sábado (18), em Vila Velha. (Redes sociais)

"A dor está demais, eu não estou aguentando". Essas são as palavras de Eliana de Oliveira Rodrigues, 41 anos, que é mãe da jovem Thaís de Oliveira Rodrigues, de 22 anos, que morreu após ser atingida por um tiro nas costas, no carro onde estava com os familiares na noite do último sábado (18), no bairro Morada da Barra em Vila Velha.

Thaís estava em um carro, acompanhada da família, para buscar um bolo de aniversário para comemorar o aniversário da mãe a da irmã, quando o veículo foi parado por bandidos. Pelo menos dois tiros foram disparos. Um acabou acertando a jovem, que chegou a ser levada para o Hospital Santa Mônica, mas não resistiu ao ferimento. O outro atingiu de raspão a avó da jovem. 

Em entrevista ao Gazeta Online, Eliana Rodrigues contou em detalhes o que aconteceu no dia do crime, o momento difícil que a família está passando e o que espera do futuro.

O que aconteceu naquele dia?

Minha filha Micaelly Oliveira disse que tinha encomendado um bolo de aniversário desde o início deste mês para o nosso aniversário no dia 18, mas a Thaís não sabia. Ela achou que desta vez seria somente nossa comemoração na lanchonete, mas como a Micaelly queria o bolo, combinou com minha irmã de pegar. Lembro que a Thaís chegou a dizer para a irmã não ir naquele horário, por volta de 19h, porque estava na hora do culto. Então, nós fomos para a Igreja antes, participamos do culto, recebemos uma oração pelo aniversário e fomos embora. Ficamos de pegar o bolo depois que meu irmão chegasse em casa com o carro dele. Assim que meu irmão chegou, minha irmã ligou para a Micaelly e disse que a gente iria lá rapidinho e voltaria para ir na lanchonete comemorar. Já era umas 22 horas e fomos lá no bairro buscar o bolo.

Vocês sabiam que o local era tido como de alta periculosidade?

Sim, era a quarta vez que minha filha Micaelly iria no local pegar o bolo. Nós todas juntas nunca tínhamos ido, mas antes de entrar no bairro, nós já obedecemos as ordens de abaixar os vidros, diminuir a velocidade e passar com o farol baixo para que visualizassem quem estava passando. Como a gente sabia que o local era perigoso, minha mãe estava em oração. Nós estávamos ouvindo um louvor bem baixo no carro, mas quando estávamos passando por um dos quebra-molas e Micaelly estava com o celular no meio das pernas digitando para que a mulher do bolo pudesse sair de casa para entregar a encomenda, ouvimos um tiro.

Qual foi a reação de vocês?

A Thaís logo disse: 'Mãe, o tiro pegou em mim'. Eu disse a ela: 'Mentira, mentira minha filha que o tiro pegou em você?' Logo em seguida ela disse: 'Pegou'. Depois, ela foi caindo em cima de mim e não disse mais nada. Nesse momento, nós ficamos desesperadas e minha irmã acelerou com o carro. Nesse momento, os bandidos começaram a atirar muitas vezes. Os tiros furaram os pneus do carro, mesmo assim conseguimos sair do local e gritar por socorro.

Quem ajudou vocês?

Um casal que eu nunca tinha visto na vida nos ajudou. Eles ouviram os nossos pedidos de socorro e me ajudaram a colocar Thaís no carro para levar ao hospital. Eu fui com a Thaís no colo. Eu falava com ela: 'Filha reage, nós já estamos chegando', mas ela não reagia. Quando chegamos no Hospital mais próximo, ela já estava sem vida, mas eu não queria acreditar. Ela foi socorrida rapidamente e os médicos a levaram para dentro.

Como você ficou sabendo que sua filha morreu?

Os médicos tentaram não me dizer o que tinha acontecido. Perguntaram se tinha mais alguém comigo, mas só estava aquele casal. Lembro que eu fechei os olhos e disse: 'Senhor, minha filha morreu, senhor?' E o médico disse: 'Sua filha morreu, mãe'. Eu não queria acreditar que era verdade. Lembro que eu pedi aos médicos: 'Faz alguma coisa pela minha filha'. Eu fiquei muito nervosa e desesperada, sem saber o que fazer. Minha família chegou logo depois. Eu implorei para ver minha filha e quando deixaram eu vê-la, eu abracei, chorei e gritei de dor. 

Como o pai da Thaís ficou sabendo?

Meu marido estava em Baixo Guandu, quando os médicos ligaram para perguntar se algum parente poderia ir para o Hospital ficar comigo, mas quando ele disse o local em que estava, os médicos desconversaram. Meu marido sentiu um aperto no peito e ligou para minha irmã. Ela disse que Thaís tinha sido baleada. Nesse momento, ele pegou o carro e dirigiu de Baixo Guandu até o hospital. Quando ele chegou lá, disseram que o corpo da minha filha tinha ido para o DML de Vitória. Ele ficou desnorteado. Maurílio foi parar no DML, mas foi informado que não havia chegado o corpo da nossa filha. Nesse momento, ele achou que poderia ser um engano e ela estivesse viva. Porém, quando chegou na casa da minha mãe e viu que estávamos todos desesperados, ficou sabendo que era verdade.

Como era a Thaís?

A Thaís era uma menina muito doce, meiga. Linda por dentro e por fora.

Qual era o maior sonho dela?

Ela queria que a nossa família pudesse se estabelecer financeiramente. Ela queria terminar a faculdade de Gestão Empresarial e se mudar para os Estados Unidos com a gente. Eu sou autônoma e meu marido está desempregado. Há dois anos ela sustentava a nossa casa com o trabalho de vendedora. Ela sonhava em casar também, mas não tinha namorado. Ela fazia planos de que iria casar aqui e fazer a vida dela junto com a gente lá no exterior. 

E agora, como será daqui para a frente?

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Agora só Deus sabe. Ele tem me sustentado nesse momento difícil. A dor está demais, eu não estou aguentando. Vou procurar tratamento de saúde. Não tenho nem palavras para dizer sobre essa  violência. Espero que a justiça seja feita.

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