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Polícia prende líder e mais 10 integrantes de facção criminosa na Serra

Polícia prende líder e mais 10 integrantes de facção criminosa na Serra

No intervalo de pouco mais de um ano, a gangue Ponto Final foi afetada pelas prisões

Publicado em 6 de agosto de 2018 às 00:21

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Farley Lima ainda está sendo procurado pela polícia . (Divulgação/Polícia Civil)

Onze integrantes da facção do Ponto Final, em Carapina Grande, na Serra já foram presos pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) em pouco mais de um ano. A prisão mais recente feita pela equipe da delegacia foi a do líder da gangue, Josimar da Conceição Rodrigues, o Nicota.

De acordo com a polícia e com relato de moradores, Nicota atuava como uma espécie de xerife ordenando a execução de rivais e comandando o tráfico de drogas em Carapina Grande, na Serra.

“Ele era o alvo número um da nossa delegacia. Era o Josimar quem ordenava as execuções no bairro e também quem determinava a expulsão de moradores que não compactuavam com o tráfico na região”, ressaltou o delegado Rodrigo Sandi Mori, na época da prisão.

Em um ano, foram registrados 12 homicídios no bairro, a maioria deles atribuídos à Gangue do Ponto Final, de acordo com informações obtidas junto à DCCV. Nove casos ocorreram em 2017 e três neste ano. “Dez deles já foram solucionados. Os outros dois estão muito próximos disso”, garante o delegado Sandi Mori.

Entre os presos da gangue do PF está Jhonatan dos Santos Alcântara, conhecido como Piu Piu, 27 anos. Ele foi pego no dia 18 de junho deste ano, no Aeroporto de Vitória, tentando embarcar para Londres, na Inglaterra.

“Saber que essas prisões aconteceram já traz um alívio para quem mora no bairro. Agora podemos respirar aliviados e com esperança de dias melhores”, declara um morador, que por medo preferiu não se identificar. 

 A polícia caça agora, o último integrante com cargo de confiança do bando, Farley Haroldo Souza Lima. Contra ele, já existe um mandado de prisão em aberto por homicídio.

MEMBROS DA GANGUE "PONTO FINAL" PRESOS

RECLAMAÇÕES CONTRA DELATORES EM PERFIL

A intimidade dos criminosos com a internet é explícita. No perfil que mantém na página do Twitter, Josimar da Conceição Rodrigues, o Nicota, se queixa sobre uma possível delação feita por moradores do bairro Carapina Grande.

Na publicação, feita no dia 27 de julho, ele escreveu: “O bairro para ter gente X-9 (gíria usada para definir quem passa informação à polícia) igual esse que eu moro.” Depois, Nicota faz outra reclamação. “Só o ódio que minha cabeça chega está doendo.”

Mensagens do chefe da gangue em rede social. (Reprodução)

As demonstrações de apoio aos parceiros de gangue também foram registradas na conta dele na rede social. “Hoje é aniversário de Talibã (apelido de Igor Andrade da Silva, preso no dia 12 de junho). Tivesse na rua era certo um rock na favela”, escreveu no dia 17 de julho.

O último registro de Nicota no Twitter foi no dia em que foi preso, momentos antes de ser surpreendido por uma operação da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) da Serra, enquanto curtia um pagode, durante o aniversário de um amigo, em uma casa de shows de Vitória.

Nicota postou uma foto de um balde cheio de gelo com latas de energéticos e garrafas de vodka. Na legenda, escreveu: “Naquele pique.”

LEI DO TRÁFICO DOMINA MAIS BAIRROS DA GRANDE VITÓRIA

A reportagem denunciou, em abril deste ano, as leis impostas por traficantes da Grande Vitória à moradores de comunidades. Os criminosos criam suas próprias regras e os moradores que as descumprem podem ser punidos com agressões, expulsões de casa e até a morte.

A lei do silêncio é unânime e constatada em todas as comunidades: Ninguém vê, ninguém ouve, ninguém fala. Uma moradora de Flexal II, em Cariacica, presenciou uma vizinha ser morta por chamar a polícia no bairro. A vítima queria denunciar uma violência doméstica. Acabou assassinada e teve os dedos cortados. A tortura foi para passar um recado que todos conhecem até hoje: Quem “dedura” o tráfico morre.

Há outra regra imposta especificamente às mulheres de comunidades. Segundo moradores, quem fica com traficante não pode seguir a vida com outras pessoas caso o criminoso seja preso.

O Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Espírito Santo contou que motociclistas de entregas são obrigados a tirar o capacete. Se a entrega for para algum morador que traficantes desconfiem fazer denúncias à polícia, nem deixam entregar.

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Já motoristas, são obrigados a piscar ou abaixar o farol do carro, ligar luzes internas e abrir vidros.

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