> >
Uma semana marcada por mortes violentas no Espírito Santo

Uma semana marcada por mortes violentas no Espírito Santo

Especialistas analisam sequência de tragédias envolvendo inocentes

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 10:12

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

A sequência de tragédias envolvendo a morte de inocentes ao longo dos últimos sete dias não deixou de luto apenas as famílias das vítimas, mas chocou a todos os que acompanharam o desenrolar de cada história. Diante do medo e da sensação de impotência: haverá fim para a violência?

Para a professora de Psicologia Claudia Balestreiro Pepino, a relação entre exposição à violência e o desenvolvimento de problemas de saúde mental é notória e o impacto social de tantas tragédias não pode ser ignorado: se por um lado podem gerar a banalização e a insensibilidade diante da dor, por outro criam um estado de alerta e uma sensação de perigo iminente. Do receio de circular tranquilamente pelas ruas vem o sofrimento psíquico.

“Conviver com as informações, detalhes da violência faz com que as pessoas fiquem inquietas e em estado de alerta, submetidas a um estresse continuado. Isso impacta diretamente na potência e na afirmação da vida, abalando o que é precioso no humano: a confiança e a esperança”, afirma ela, que acrescenta: “O sofrimento psíquico deve-se ao medo de circular no espaço público.

VISIBILIDADE

“Enquanto a violência se restringe às áreas pobres é como se ela não existisse. Mas o problema tomou uma proporção tão grande que é impossível não notá-la. A punição ainda é seletiva, mas a violência é generalizada.” Essa é a análise da socióloga e professora da UVV Maria Angela da Rosa Soares, que afirma que para além da ausência da mão do Estado para garantir direitos básicos e das falhas das instituições - como a família -, um dos motores da violência está na falta do senso de coletividade.

“Se a vida de uma pessoa não tem valor, por que ela vai valorizar a vida do outro? É claro que é preciso haver punição para quem comete crimes, mas é preciso mexer na raiz para que as coisas mudem. E isso passa necessariamente pela criação de políticas públicas de inclusão: educação cidadã, saúde, lazer, etc. Enquanto não entendermos que somos um todo, continuaremos a conviver com a violência”, argumenta Maria Angela. Em síntese, ela diz: “É preciso dar perspectivas para a juventude, investir no sonho dos jovens”.

Professor do Mestrado em Segurança Pública da UVV, Pablo Lira reforça que a prevenção da violência requer esforços para tornar as escolas atrativas e criar espaços urbanos ordenados, com infraestura e saneamento básico, promovendo assim a igualdade socioespacial. No entanto, não se pode abrir mão da repressão, que se traduz em “leis mais eficazes, sistema de justiça dinâmico, sistema prisional estruturado, aprimoramento da inteligência e de tecnologias policiais”, diz.

A semana que se passou deixa lágrimas que jamais serão esquecidas. Mas com o caminho já traçado, é hora de todos levantarem as cabeças para agir.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais