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Morada da Barra: carro de família foi confundido com gangue rival

Morada da Barra: carro de família foi confundido com gangue rival

Um criminoso foi preso; a polícia procura um segundo envolvido no assassinado da jovem

Publicado em 26 de setembro de 2018 às 21:44

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Thaís de Oliveira Rodrigues foi baleada em Morada da Barra quando buscava um bolo de aniversário. (Redes sociais)

Com seis mandados de prisão em aberto por homicídios, Marco Antônio Rodrigues Galdino, o Neco, de 26 anos, está sendo procurado pelas Polícias Civil e Militar por mais um assassinato. Ele é apontado como um dos autores da morte da universitária Thais de Oliveira, 23, que foi baleada enquanto buscava um bolo para o aniversário da mãe, em agosto, no bairro Morada da Barra, em Vila Velha. Para a Polícia Civil, o carro onde estava a família foi confundido como sendo de rivais de Neco, chefe do tráfico de drogas do bairro.

Thais estava acompanhada da mãe, da avó e de outros três parentes – entre eles uma criança – quando o crime aconteceu. Ela morava em Ulisses Guimarães e foi à Morada da Barra para buscar o bolo confeitado para comemorar o aniversário da mãe. Na entrada do bairro Morada da Barra, o veículo foi surpreendido pelos tiros disparados por Neco e também por Vitor Costa de Souza, o Vitinho, 21, segundo a polícia.

Marco Antônio Rodrigues Galdino (Neco) está foragido. (Divulgação | Sesp)

“Thais e seus familiares foram confundidos com traficantes rivais de Vitor e Neco. Eles dispararam contra o veículo da família, atingindo Thais e outro parente. Os dois estavam no local devido a um forró que acontecia no bairro”, detalhou Janderson Lube, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM).

A avó da estudante foi ferida de raspão. Thais foi baleada nas costas e levada para o Hospital Santa Mônica, mas não resistiu ao ferimento.

PRISÃO

No dia seguinte ao crime, em 20 de agosto, policiais da 13ª Companhia da Polícia Militar, que atende à região onde Thais foi morta, conseguiu localizar Vitor. Ele já possuía mandando de prisão em aberto pelo crime de homicídio.

Vitor foi preso no dia seguinte ao crime. (Divulgação | Sesp)

Em depoimento, Vitor negou o crime, mas acabou sendo reconhecido por testemunhas.

O delegado informou que contou com a ajuda da PM e também de informações do Disque-Denúncia (181). “Contamos também, agora, com a ajuda da população para localizar o Neco que ainda está foragido”, observou Lube.

O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues, ressaltou a importância da resolução do caso. “Estamos dando as respostas com as investigações da Polícia Civil e reforço da Polícia Militar para elucidar esse homicídio covarde”, disse Rodrigues.

O CRIME

“O tiro pegou em mim, mãe. Pegou em mim”. Essas foram as últimas palavras da vendedora Thaís de Oliveira Rodrigues, de 22 anos, morta no dia 18 de agosto ao ser atingida nas costas no carro onde estava com a família, em Morada da Barra, Vila Velha. A jovem, que morava no bairro Ulisses Guimarães, havia saído com a tia, a mãe, a irmã e a avó para comprar um bolo para não deixar passar em branco o aniversário de 18 anos da irmã e de 41 da mãe, que nasceram no mesmo dia.

O carro, que era dirigido pela tia, passava pela Avenida Brasil, no bairro Morada da Barra, quando foi atingido pelos disparos. Os vidros estavam abaixados, como determina a lei do tráfico na região. A luz interna do veículo, contudo, não estava acesa, como estabelecem os traficantes. Os dois homens que abordaram o veículo já chegaram atirando e gritando para que parassem. De acordo com testemunhas, foram muitos tiros, mas apenas dois atingiram o carro.

Além de Thaís, a avó acabou sendo ferida por uma bala, mas foi de raspão. Foi ela quem sentiu primeiro a dor dos tiros. “Fui atingida”, falou a avó, que estava sentada no banco do carona. “Eu também fui. O tiro pegou em mim, mãe”, disse Thaís, que estava logo atrás da avó, no banco de trás. Após ser baleada, a vendedora desmaiou no colo da mãe, que estava ao seu lado.

Thaís Oliveira. (Facebook)

Ao ver que seus familiares tinham sido atingidos, a tia arrancou com o carro. Um dos pneus acabou estourando, mas não se sabe se também foi por conta dos tiros. Mesmo assim, a tia conseguiu sair do bairro e pediu a ajuda de populares, que levaram Thaís e a avó até o Hospital Santa Mônica, em Itaparica. A jovem chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu e faleceu durante a madrugada deste domingo (20). A avó recebeu alta.

IGREJA, TRABALHO, ESTUDOS E O SONHO DE IR PARA O EXTERIOR

Até agora a família não sabe se foram confundidos ou se o objetivo dos criminosos era roubar o carro. A mãe e o pai de Thaís foram ao Departamento Médico Legal (DML) neste domingo (19), mas, muito abalados pela tragédia, não quiseram dar entrevista. O administrador de empresas Rubens Carlos Cortes, que é padrinho de Thaís, disse que a família ainda não consegue acreditar na morte da vendedora.

Aspas de citação

Ninguém esperava enterrar essa menina hoje. A família está toda desesperada. Eles são de Baixo Guandu, vieram para Vila Velha há três anos tentar uma vida melhor. A Thaís era uma pessoa maravilhosa. Era evangélica e vivia na igreja, onde tocava órgão. Uma menina focada nos estudos, estava fazendo um curso de Gestão Empresarial e trabalhando no shopping ao mesmo tempo. Estava correndo atrás. Muito triste isto que aconteceu

Rubens Carlos Cortes, padrinho de Thaís
Aspas de citação

A madrinha da vítima, a técnica de enfermagem Ademilcia Alves Santana, estava de plantão quando soube da morte da afilhada. Ela conta que a família chamava Thaís de “estrelinha” e que o sonho da jovem era viajar para os Estados Unidos. A menina era conhecida nas redes sociais, onde tinha mais de 7 mil seguidores.

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“Ela já tinha até começado a correr atrás de visto. Queria ir para lá para trabalhar. Era uma pessoa doce, amável e carinhosa. Vai fazer muita falta. Era a nossa estrelinha. Uma pessoa bonita por fora e por dentro. A sensação é que a gente tá vivendo um pesadelo, que a gente vai acordar e ter ela de volta”, conta.

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