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'Parecia um campo de guerra', diz gari baleado em Vitória

"Parecia um campo de guerra", diz gari baleado em Vitória

O homem foi atingido por um disparo durante uma ação da Polícia Militar, contra traficantes, no bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, na manhã desta sexta-feira (21)

Publicado em 21 de setembro de 2018 às 20:33

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Helicóptero da PM sobrevoa o morro Jesus de Nazareth. (Internauta | Gazeta Online )

"Parecia um campo de guerra". Assim o gari definiu o momento de tensão vivido durante uma ação da Polícia Militar contra traficantes, que aconteceu no bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, na manhã desta sexta-feira (21). Ele foi atingido por uma bala perdida no tornozelo e, apesar da lesão, não precisou passar por um cirurgia. 

O homem contou ao jornalista Rodrigo Maia, da TV Gazeta, que viu um carro descaracterizado chegando ao local, quando quatro policiais desceram do veículo. Ele afirmou que os militares já chegaram atirando contra os suspeitos que estavam no morro. "Chegou um carro, um EcoSport, e ficou parado. Nisso, os meninos até foram ver quem era. Eram uns quatro policiais, que já desceram atirando. Os meninos deitaram no chão e eles continuaram atirando", contou. 

Durante a operação, assustado, o gari tentou se esconder atrás de um poste. "O primeiro tiro que eles deram tinha me atingido. Eu me escondi atrás do poste e comecei a gritar, mas mesmo assim eles continuaram atirando. Meu colega tentou me socorrer também. Os policiais pediram pra eu ficar deitado, mas graças a Deus um morador do morro me ajudou, me socorreu".

Segundo a vítima, no momento da ação, não tinha muitas pessoas na rua. "Praticamente não tinha muita gente na rua não. Mas depois chegou muita gente porque viu a gente gritando. Graças a Deus não foi algo mais grave, eu não passei por uma cirurgia mais delicada", disse. 

ALTA MÉDICA

No momento da ação, o gari foi socorrido e levado inicialmente ao Pronto Atendimento da Enseada do Suá. Depois ele foi transferido para o Hospital São Lucas, em Vitória. O homem não precisou passar por uma cirurgia, pois a bala não ficou alojada, ela atravessou a perna. Ele recebeu dois pontos e foi liberado pelos médicos. Segundo a esposa, ele está em casa e passa bem. 

AÇÃO ACONTECEU DEPOIS DE DENÚNCIA

Durante entrevista, o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Geovânio, afirmou que a ação no bairro Jesus de Nazareth aconteceu após uma denúncia de que havia indivíduos armados na região. Com isso, um serviço reservado, ou seja, policiais à paisana, em um carro descaracterizado, foram ao local e encontraram cinco homens armados.

"Esses indivíduos, realmente armados, ao verificarem que estavam sendo observados, vieram para cima do carro do serviço reservado. Não sabemos se confundiram com inimigos que poderiam atacá-los ou se reconheceram como sendo força pública", descreve o tenente, que havia três policiais no carro que foi até o bairro.

No momento da troca de tiros, o tenente-coronel afirmou que um deles estava com uma arma longa, modelo não identificado e que, quando dois dos cinco criminosos já estavam detidos, os outros três fugiram.

"Os policiais conseguiram prendê-los, mas um gari que estava atrás da nossa viatura também foi atingido. Ele foi socorrido imediatamente por um colega de trabalho, e foi atingido no pé. E os dois indivíduos foram presos com uma pistola ponto 40, uma pistola nove milímetros, R$ 957 em dinheiro, um radiocomunicador usado pelo tráfico, umas duas ou três buchas de maconha e um relógio", completou o comandante.

“NÃO FOMOS AVISADOS”, DIZ PREFEITURA

O gari trabalhava no momento da troca de tiros em uma ação de limpeza e manutenção do bairro Jesus de Nazareth por uma empresa terceirizada, na qual trabalha há quatro anos, contratada pela Prefeitura de Vitória.

De acordo com o secretário da Central de Serviços de Vitória, Marcos Aranda, que esteve no Hospital São Lucas, onde o gari esteve internado, cerca de 40 pessoas estavam trabalhando na manutenção das ruas. Ele declarou que a prefeitura não foi avisada sobre nenhum tipo de ação no local e que, se soubesse, teria tirado os trabalhadores de lá.

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“Se tivesse alguma operação para acontecer, teriam que ter avisado, porque a gente presta serviços em todos os bairros, não temos como prever quando vai acontecer alguma coisa. Se tivesse esse pré-conhecimento da polícia, poderiam ter avisado a gente, que não colocaríamos nossos servidores em risco lá em cima”, declarou.

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