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Acreditando ter filha sequestrada, médica transfere dinheiro a bandidos

Acreditando ter filha sequestrada, médica transfere dinheiro a bandidos

Criminosos fingiram o sequestro da filha da médica, que acabou realizando transferências em favor dos golpistas

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 14:49

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Região onde o carro da médica foi encontrado. ( Google Street View)

Uma pediatra foi vítima de um golpe nesta quarta-feira (30), em Vila Velha. Fingindo o sequestro da filha da médica, criminosos conseguiram fazer com que ela realizasse transações bancárias em favor dos bandidos. Cerca de R$ 4 mil foram transferidos para os criminosos, segundo informações de uma advogada amiga da vítima. 

As informações iniciais da Guarda Municipal de Vila Velha, segundo boletim de ocorrência registrado por familiares da vítima, davam conta de que a médica havia sido rendida por criminosos na saída do plantão, o que não se confirmou.

Segundo um dos agentes da Guarda Municipal que atendeu o caso, Patrick de Oliveira, a médica atendeu a ligação por volta de 3 horas - de um número do Rio de Janeiro. Eles fingiram o sequestro da filha dela com uma voz ao fundo. A mãe acabou acreditando. Além disso, os criminosos tinham informações de onde a filha morava. 

"Devido às redes sociais, cadastros de estabelecimentos, de lanches, você possui todas essas informações. Ela caiu nesse golpe. Devido essa quadrilha ser do Rio de Janeiro, é uma quadrilha especializada em sequestro. A partir de então, eles ficaram ameaçando se ela falasse com alguém, que ela poderia sofrer retaliações e, principalmente, a filha dela", explicou o agente. 

A mulher ficou com os criminosos ao telefone por várias horas rodando com o carro ao longo da madrugada até conseguir fazer uma transferência e depósitos para uma conta bancária de Bangu, no Rio de Janeiro. No total, cerca R$ 4 mil foram transferidos e depositados. Em um momento, a ligação com os criminosos caiu e ela tentou ligar para o celular da filha e não foi atendida. Ela, então, mandou uma mensagem.

A filha, que não mora com a mãe, viu a mensagem só de manhã quando acordou e tentou procurar a mãe e não encontrou. Foi então que ela acionou a Guarda Municipal, que encontrou a médica dentro de uma agência do Banco do Brasil conversando com o gerente, prestes a fazer um depósito no valor de cerca de R$ 5 mil, segundo Patrick. 

A Guarda Municipal tentou tranquilizar a médica, avisando que a filha estava bem e que ela tinha caído em um golpe. A vítima foi levada com dois amigos advogados para a 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, onde o boletim de ocorrência foi registrado. 

Em entrevista à TV Gazeta, o inspetor Macedo, da Guarda Municipal de Vila Velha, declarou que logo que tiveram contato com a filha perceberam que a mãe tinha caído em um golpe.

"Percebemos que não era um sequestro quando conseguimos contato com a filha da médica, e porque isso é um golpe frequente. Eles sempre pedem aquelas informações, era um telefone do Rio de Janeiro. Eles sempre pedem para a pessoa permanecer no telefone, para impedir que a pessoa consiga contato com alguém e que consiga informações de alguém que tenha um pouco mais de conhecimento sobre a situação", explica o inspetor.

MUDANÇA NO CASO

Inicialmente, a Guarda Municipal informou que a médica teria sido sequestrada e ainda estava em poder dos bandidos. O inspetor conta o que aconteceu. "Nós recebemos, através da nossa central, que haveria um suposto sequestro, de uma senhora em um carro Suzuki, e recebemos a informação de que depois desse sequestro ela estaria fazendo saques, transferências, para esse suposto bandido. Como a gente recebeu a informação dessa placa, desse veículo e da localização, nós fizemos um cerco tático para realmente verificar. O veículo foi encontrado ali nas proximidades do Banco Estilo, na Praia da Costa", declarou Macedo. 

MÉDICA ESTAVA DORMINDO AO RECEBER A LIGAÇÃO 

A médica, ainda muito assustada, preferiu não conversar com a reportagem na delegacia. Uma advogada amiga dela, no entanto, falou apenas que a profissional estava em casa dormindo, quando recebeu a ligação dos supostos sequestradores.  "Ela recebeu uma série de ligações, com uma pessoa com a voz igual a da filha", explicou. 

Segundo a amiga, essa filha já é casada e tem um filho pequeno. Ela também estava em casa quando a mãe tentou contato ao longo da madrugada, mas estava dormindo e só viu a ligação pela manhã. "Ela procurou a mãe em casa, procurou na academia, mas não encontrava. Foi nesse meio tempo que a Guarda Municipal foi acionada", declarou. 

ENTREVISTA

Patrick de Oliveira, agente da Guarda Municipal de Vila Velha que participou da ação.

Que horas começou a ação dos bandidos?

Às 3h da manhã ela recebeu uma ligação. Eles ficaram, por telefone, ameaçando, dizendo onde ela morava, informações sobre os bens que ela possuía. Mas, devido às redes sociais, cadastros de estabelecimentos, de lanches, você possui todas essas informações. Ela caiu nesse golpe. Devido essa quadrilha ser do Rio de Janeiro, é uma quadrilha especializada em golpe de sequestro. A partir de então, eles ficaram ameaçando, se ela falasse com alguém, que ela poderia sofrer retaliações e, principalmente, a filha dela.

Ela obedeceu essa situação, realizou um saque em determinado local, quarenta minutos depois, ela realizou outro saque em um posto de gasolina em Vila Velha e passou esse tempo até que pudesse fazer um depósito em uma lotérica, que foi o que aconteceu. O telefone dela estava no viva-voz, ela não podia realizar ligações nem fazer. Em um determinado local, caiu a ligação e ela conseguiu mandar uma mensagem para a filha. A filha dela recebeu essa mensagem e passou para a Guarda Municipal, para que pudesse fazer uma varredura no local, próximo ao posto de combustível, para que a gente pudesse averiguar aonde estava o carro dela. A guarda começou a fazer uma varredura. Nós, guardas, achamos o veículo dela próximo ao Banco do Brasil Estilo, na Avenida Hugo Musso. Aí fomos até o local.

E o que aconteceu?

Eu cheguei até ela, conversei com ela. A partir daí, nós, guardas, interceptamos para que ela não fizesse essa transferência bancária. Alguns valores do primeiro depósito já tinham sido sacados pelos criminosos. Mas conseguimos interceptar e a tranquilizamos. Ela estava preocupada com a filha dela. A filha dela chegou até o local. Elas se abraçaram e a médica ficou mais tranquila. Ela estava achando que os criminosos eram daqui e estavam vigiando ela de longe. Na verdade, não. Era tudo por telefone. Isso foi um golpe especializado de uma quadrilha que já age há muito tempo. Eles não são daqui, são do Rio de Janeiro, mas já têm informações pessoais dessa médica. Ela se sentiu amedrontada, passou isso para a guarda, que averiguou o veículo e a segurança dela. Agora a guarda passou todas as informações para a Polícia Civil que vai dar prosseguimento a essas investigações.

Qual é a orientação para as pessoas que recebem esse tipo de ligação?

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Se receber ligações que não são do Espírito Santo, já fique atento. Assim que acontecer algum tipo de ligação com ameaça, não se deixe levar. Comunique a polícia, ligue para o 190, registre a ocorrência para que os serviços de inteligência cheguem a esses criminosos.

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