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Bandidos monitorados pelo WhatsApp: especialista diz como pode funcionar

Bandidos monitorados pelo WhatsApp: especialista diz como pode funcionar

Sistema de monitoramento importado de Israel está sendo adquirido pela Secretaria de Estado da Segurança Pública

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 17:00

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(Pixabay)

A Polícia do Espírito Santo quer monitorar conversas entre bandidos pelo WhatsApp por meio de um sistema de monitoramento importado de Israel. O anúncio foi feito pelo secretário de Segurança Pública, Nylton Rodrigues, nesta quinta-feira (22). Mas, por questões estratégicas, ele não explicou como irá funcionar esse acompanhamento para driblar as mensagens criptografadas do aplicativo. Em nota, nesta sexta-feira (23), a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) reafirmou que "como o secretário destacou, o sistema pode monitorar qualquer tipo de comunicação".

A convite do Gazeta Online, o especialista em segurança da informação Gilberto Sudré esclarece de que maneira seria possível acessar esse conteúdo, já que ele é codificado pelo WhatsApp e a própria empresa já disse em outras ocasiões que não tinha acesso às informações protegidas pela criptografia.

De acordo com o especialista, o aplicativo afirma categoricamente que é impossível o monitoramento das mensagens por terceiros e, até o momento, não existem evidências concretas de que isto seria possível. "Mesmo assim, falhas existem e podem estar sendo exploradas pelo aplicativo israelense de monitoramento. Como sabemos, não existe sistema 100% seguro", pondera.

Para Sudré, há uma maneira de "invadir" um dos aparelhos e ter acesso à conversa quando ela já não está criptografada.

Aspas de citação

Uma alternativa para monitorar essa situação é eu ter algum tipo de aplicativo espião em um dos dois celulares e capturar a informação do que está sendo tratado entre os dois. Essa informação não está em trânsito, ela está armazenada no telefone de uma das pessoas monitorada. E esse aplicativo coleta essa informação, que já está descriptografada, para a polícia, por exemplo.

Gilberto Sudré
Aspas de citação

Sudré acredita que o aplicativo que a polícia está comprando não irá quebrar a criptografia do WhatsApp. "O que ele pode fazer é, remotamente, sabendo qual é o número de telefone e quem são essas pessoas, injetar esse aplicativo espião no celular e fazer a conexão. Remotamente quer dizer que, mesmo não tendo acesso físico, é possível monitorar aquele telefone".

CLONAGEM

Sobre uma tentativa de clonagem do número, Sudré diz que o WhatsApp tem controle contra isso. "Você não consegue ter dois celulares habilitados ao mesmo tempo para receber mensagens do WhatsApp, um dos dois vai parar de funcionar. Pelo conhecimento técnico que tenho, a única alternativa é a que citei anteriormente".

COMO ACESSAR REMOTAMENTE

Segundo o especialista, que também é comentarista de tecnologia da Rádio CBN Vitória, existe a possibilidade de se explorar uma vulnerabilidade no aparelho ou utilizar engenharia social para implantar um aplicativo espião no celular".

TECNOLOGIA ISRAELENSE

A Sesp informou que a tecnologia usada será israelense, o que, para Sudré, já era esperado. 

Aspas de citação

Israel é uma das grandes potencias no mundo se tratando de segurança da informação. Não é estranho que seja uma ferramenta israelense. Eles são realmente muito bons nessa área.

Gilberto Sudré
Aspas de citação

JUSTIÇA

Independentemente de qual será a maneira usada pelo governo, será necessário autorização da Justiça, como o secretário declarou nesta quinta.

WHATSAPP

O Gazeta Online tentou contato com o WhatsApp para saber se é possível ter acesso às mensagens mesmo com a criptografia, mas não teve retorno até o fechamento desta reportagem.

ANÚNCIO DO GOVERNO

(Carlos Alberto Silva)

As conversas no WhatsApp entre membros de facções criminosas estarão na mira da polícia no Espírito Santo. Por meio de um empréstimo do BNDES, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que vai adquirir uma tecnologia capaz de monitorar até as trocas de mensagens entre bandidos.

O investimento em sistemas de inteligência será na ordem dos R$ 37 milhões e será possível porque o BNDES aprovou uma linha de crédito. São mais de R$ 180 milhões que serão usados, além da tecnologia, na compra de novas viaturas, armas e construções de novas sedes para as polícias Militar e Civil. As novidades serão implantadas até 2021.

O acesso ao conteúdo no WhatsApp sempre foi um desafio para a polícia. Por quatro vezes, a Justiça chegou a determinar o bloqueio do aplicativo em todo o Brasil após o WhatsApp se negar a cumprir mandados de quebra de sigilo de mensagens trocadas entre investigados. O aplicativo sempre justificou que não tinha acesso às informações, protegidas por criptografia.

O secretário de Segurança Pública, Nylton Rodrigues, afirmou que o Estado será o primeiro do país a utilizar o sistema de monitoramento, importado de Israel.

“São softwares e equipamentos que conseguem monitorar comunicações de qualquer tipo, desde que isso seja autorizado pela Justiça. Com esse investimento, com a aquisição dos equipamentos, a inteligência policial do Espírito Santo passa a ser a inteligência número um do Brasil”, disse Rodrigues.Rodrigues afirmou que, por questão de estratégia, não pode divulgar como funciona o sistema para driblar a criptografia das mensagens, mas reforçou que a iniciativa vai acelerar o trabalho da Polícia Civil para investigar e prender os criminosos.

“Todo esse investimento é para que a gente possa produzir conhecimento para os nossos policiais de ruas. E quando a gente fala em produzir conhecimento, estamos falando, sim, em monitoramento de ações criminosas, de facções criminosas, para que nossas prisões sejam cada vez mais qualificadas”, destacou Nylton.

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Com informações de Caíque Verli

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