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Caminhoneiro atingido por bala perdida no ES venceu câncer há 5 anos

Caminhoneiro atingido por bala perdida no ES venceu câncer há 5 anos

O caminhoneiro, de 54 anos, foi baleado do lado de fora de uma borracharia na Serra. O alvo dos bandidos era o adolescente Pedro Henrique Elles Mengal Boone, de 17 anos, que foi executado no local

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 21:56

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O caminhoneiro Aloir Leite Liberato, 54, vítima da bala perdida em uma borracharia na Serra, já tinha visto a morte bater à porta havia cinco anos. Aloir venceu um câncer agressivo no intestino. Nem mesmo o médico acreditava na cura. Ao Gazeta Online, o caminhoneiro, que mora sozinho na Serra, diz que "nasceu pela terceira vez" e fala que sentiu raiva do assassino quando viu as imagens registradas por câmeras de segurança.

O que você se lembra do momento do crime?

Quase nada. Só lembro de ter ouvido muito barulho de tiros e que caí na hora. Cheguei lá por volta das 10h para trocar o pneu da carreta, a pedido do meu patrão. Depois da troca, fui dentro da borracharia, tomei um café e voltei para o lado de fora com uma cadeira para sentar. Depois, só vi tiro para tudo que é lado. Um deles atingiu a minha barriga, saiu rasgando, atingindo o fígado e a bala ficou alojada na costela.

Você viu o adolescente sendo morto e o bandido atirando?

Não vi nada. Só sei que o rapaz que morreu estava abaixado mexendo no pneu de outro caminhão. Na hora que tomei o tiro, a vista escureceu tudo. Só sangue e muita dor. Comecei a gritar para pedir socorro e quando fui ficar mais lúcido estava no hospital.

O que o senhor sentiu quando viu as imagens das câmeras que flagraram o crime?

Raiva, muita raiva. Quase fui morto pela mão de um bandido e por causa de um problema que nem era meu. Ele não podia sair atirando para tudo que é lado e matar inocentes. A nossa Justiça é muito falha. A Polícia prende, a Justiça vai lá e solta. Tem que deixar esse povo na cadeia, não pode deixar convivendo na sociedade para matar inocente.

Quando você despertou no hospital, o que o senhor pensou?

Tive medo de morrer. Quando o médico foi aplicar a anestesia para me operar, pensei que não voltaria a acordar mais não. Era muita dor e queimação.

Foi a segunda vez que o senhor ficou à beira da morte, certo?

Sim. Há cinco anos, tive um câncer no intestino que consegui vencer. Cheguei a pesar 40 quilos. Até o próprio médico falou que eu ia morrer. Me deu um ano de vida na época e já se passaram cinco.

Qual é a sensação do senhor de sobreviver de novo?

É como se eu estivesse nascido pelo terceira vez. Foi a mão de Deus mesmo que desviou o tiro de uma arma muito letal para não atingir os outros órgãos.

O senhor é muito forte...

Não sou eu não, é Deus. Foi a mão dele.

Conseguiu voltar a trabalhar, um mês e meio após o crime?

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Ainda não. Sinto dor ainda no local onde a bala está alojada e nos pontos da cirurgia. E não consegui tirar a bala porque precisa de dinheiro para fazer o procedimento no particular ou então esperar mais ou menos um ano para fazer no SUS. Estou pagando as contas e colocando comida em casa com a ajuda dos amigos porque vivo de comissão e não estou trabalhando, por causa do tiro, desde o dia 5 de outubro. A perícia médica para auxílio-doença está marcada só para 20 de dezembro.

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