Dois bandidos de uma quadrilha especializada em crimes de falso sequestro foram presos nesta segunda-feira (5), em Cariacica. Uma das vítimas da dupla é uma idosa de 85 anos, que perdeu aproximadamente R$ 300 mil em joias e dinheiro, na última terça-feira (30).
A prisão ocorreu por meio da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), que iniciou a investigação após denúncia do golpe contra a idosa. Segundo a delegada Rhaiana Bremenkamp, o que auxiliou no trabalho da polícia foi o fato de uma das vítimas ter gravado a placa do carro utilizado pelos criminosos.
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Para prosseguir com a investigação, os números de celular e das contas utilizadas pelos criminosos também serão pesquisados. A idosa passou, aproximadamente, 15 horas em contato com os suspeitos. "O crime começou no dia 29 por volta das 22 horas quando a vítima recebeu um telefonema em que era avisada que a filha tinha sido supostamente sequestrada. Ela tentou contato com a filha, não conseguiu, e acabou se deixando levar pelos criminosos", detalhou a delegada.
Os criminosos foram ao apartamento da vítima para buscá-la e realizar transferências bancárias. Chegaram a levá-la a uma loja de eletrônicos para comprar celulares. No vídeo abaixo, é possível ver o momento em que ela chega em seu apartamento. Após isso, o carro dos bandidos também é gravado pela câmera de videomonitoramento do local.
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"É o velho golpe do falso sequestro; o criminoso não tem interesse em manter essas vítimas no telefone o tempo inteiro. Um deles já foi condenado por tráfico, e eles alegam, a princípio, que confessaram o crime e que pegaram as joias", disse. Denis Ferreira Santos, de 28 anos, e Julio Carvalho de Jesus, de 26, informaram que receberam apenas R$ 2 mil pelo serviço e que entregaram as joias para outra pessoa. Eles serão indiciados por extorsão e associação criminosa.
LIGAÇÕES
A primeira ligação telefônica que a idosa recebeu foi de um número do Rio de Janeiro. Segundo a polícia, grande parte desses golpes começaram dentro de presídios.
Temos registros de ligações que vieram de dentro de presídios cariocas. Porém, também temos registros de ligações de Minas Gerais e São Paulo. São quadrilhas especializadas nisso, que utilizam até de cadastros espalhados em lojas, explicou o delegado Fabiano Rosa, titular da Divisão de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio.
A orientação da polícia é estar atento ao momento de receber esse tipo de ligação. Manter a calma e tentar falar com a suposta vítima. Tenha o celular fixo das pessoas para ter vários números de tentativa. Depois, não atenda mais, observou o delegado Fabiano Rosa, titular da Divisão de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio.
ENTREVISTA
Que horas eles entraram em contato com a senhora?
Quando eles me ligaram a primeira vez eram 22h de segunda-feira. Tinha uma mulher chorando no telefone, que falava igual à minha filha. Me pediram dinheiro e disseram que iriam me buscar em casa para que a gente comprasse dólares no aeroporto.
E a senhora foi com eles?
Sim. Por volta das 23h eu estava no aeroporto. Fiz uma transferência de R$ 3 mil, era tudo que eu tinha. Mas eles queriam mais. Aí me levaram para casa e disseram que, no dia seguinte, iriam me buscar cedo para me levar no banco.
Eles ficaram a noite toda no telefone?
Ligaram para o meu celular e ficaram travando a linha. Enquanto isso, ficaram em contato comigo no fixo, e diziam que se eu desligasse, matariam a minha filha. Passei a noite em claro.
No dia seguinte buscaram a senhora?
Sim, no outro dia me levaram no shopping e pediram que eu comprasse R$ 35 mil em dólares. Não consegui. Aí me mandaram comprar dois celulares, mas o cartão não passou.
E o que aconteceu depois?
Como eu não consegui comprar, eles me passaram uma lista de contas para que eu fosse no banco e fizesse transferências. Fiz todas, quando eu estava terminando, minha filha me encontrou.
Como ela chegou até a senhora?
Eu não entendi nada. Quando eu a vi no banco, pensei que já tivessem liberado ela. Aí ela me disse que ligaram do banco dizendo que eu tinha tentado comprar os celulares, foi quando ela rastreou o meu aparelho e me encontrou no banco.
E que horas eram?
Quando nos encontramos já eram 11h30 de terça-feira. Só aí eles desligaram, porque o gerente do banco pegou o telefone e perguntou quem era na linha.
Quando a senhora recebeu a ligação, tentou contato com sua filha?
Sim, eu liguei para ela e para o meu genro, mas ninguém me atendeu. Aí eu acreditei que eles pudessem mesmo estar com ela.
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