Três dos detidos pela operação Raptores nesta quarta-feira (21) chegaram na noite desta quinta-feira (21) ao Estado. Um deles era funcionário do Detran da Bahia e os outros dois atuavam como despachantes em Belo Horizonte. A quadrilha que adulterava carretas no Espírito Santo contava com o apoio de pessoas desses estados para adulteração de documentos.
Os detidos vieram para o Espírito Santo em uma aeronave da PRF por volta das 19 horas. Segundo o órgão, eles passaram pelo Departamento Médico Legal, em Vitória, para exames e serão encaminhados para um presídio, em Viana.
Nesta sexta-feira (23), os três serão levados para a sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, onde serão ouvidos.
O ESQUEMA
"Esse veículos ficavam em oficinas localizadas no Espírito Santo e os operadores do esquema mandavam os dados e os documentos do veículo para Minas Gerais e Bahia, e servidores públicos desses estados, mediante propina, regularizavam essas alterações e mandavam um documento legítimo de volta, mas ideologicamente falso", explica o promotor de Justiça e chefe do Gaeco, Bruno Simões.
As modificações feitas pela quadrilha transformavam um veículo autorizado a andar com 300 kg em uma carreta "capaz" de transportar 35 toneladas de carga. Os serviços tinham preço tabelado: para inserir um terceiro eixo no veículo o proprietário deveria pagar R$ 3.800, já para inserir um quarto eixo, o valor era de R$ 6 mil. "Esses caminhões são adulterados com eixos sucateados, adquiridos em ferro velho, o que altera a capacidade do caminhão de forma drástica. Por não conseguirem fazer essa alteração no Detran do Espírito Santo buscavam servidores do Detran da Bahia e de Minas Gerais por propina, para emitir um documento válido, porém falso. São donos de oficinas e empresários que se beneficiavam do lucro de não ter que se submeter a um oficina credenciada, pagavam muito menos por isso", afirma Simões.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA COM A BAHIA
O proprietário que desejasse fazer alteração no veículo entrava em contato com o Mário, dono de uma oficina no Espírito Santo que teve apenas o primeiro nome divulgado, e pagavam entre R$ 3 mil e R$ 6 mil pelo serviço desejado. Com a carreta modificada, Mário, por sua vez, entrava em contato com intermediadores da Bahia que providenciavam documentos legalizados, com informações falsas sobre o veículo. Para conseguir os documentos, a quadrilha tinha colaboradores no Detran das cidades baianas de Itamaraju, Teixeira de Freitas e Alcobaça.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA COM MINAS GERAIS
O proprietário que desejasse fazer alteração no veículo entrava em contato com Wilson Patrício, dono de uma oficina em Viana e pagava os mesmo valores pelos serviços (entre R$ 3 mil e R$ 6 mil). Wilson, por sua vez, fazia contato com outros dois intermediários, que acionavam os colaboradores dentro do Detran de Minas Gerais e viabilizava os novos documentos do veículo.
(Com informações de Bianca Vaillant e Kaique Dias)
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