> >
Droga em presídio: advogado diz que tudo não passou de confusão

Droga em presídio: advogado diz que tudo não passou de confusão

Maycon Costa de Oliveira, 27 anos, foi preso suspeito de entregar maconha a detento em um presídio de Viana; ele nega e conta o que aconteceu no dia em que definiu como "pesadelo"

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 21:12

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Flagrante aconteceu no Complexo Prisional de Viana. (Carlos Alberto Silva)

O advogado Maycon Costa de Oliveira, 27 anos, suspeito de entregar maconha a detento em um presídio de Viana, conversou com a reportagem do Gazeta Online nesta sexta-feira (30) e informou que tudo não passou de uma confusão. Ele e a companheira de trabalho, Makerly Costa Santos, foram presos acusados de associação criminosa nesta quarta-feira (28).

Além de Maycon, a companheira de trabalho dele, Makerly Costa Santos, foi presa na ocasião, assim como Laysa Cristina Neves Daud Velozo, de 24 anos, esposa de um detento que ainda não era cliente da dupla. Eles conseguiram um alvará de soltura nesta quinta-feira (29) e vão responder o processo em liberdade.

"Tudo começou quando fui fazer um atendimento normalmente, como faço toda semana no Centro de Detenção Provisória... Atendi em torno de oito clientes e, a esposa de um futuro cliente, pediu o favor para levar um recado para o esposo dela", explicou.

O advogado frisou que, como tinha interesse em pegar a causa do esposo de Laysa, aceitou e disse que entregaria a carta dela ao marido. "Ela estava com uma roupa que mostrava a barriga - e não pode entrar assim no sistema prisional. Tirei meu blazer, ela vestiu e foi aí que começou o problema. Segui para a recepção e ela foi ao banheiro", disse.

Após isso, Maycon disse que conseguiu finalizar os atendimentos com os detentos que contrataram os serviços dele e, quando estava deixando o centro de detenção, foi abordado pelo diretor do presídio, que disse que um presidiário queria conversar com ele. "Nisso que eu entrei, fui direto para a sala do diretor. Ele me mostrou uma porção de drogas e falou que foram encontradas no parlatório - que é uma área com vários guichês - onde eu realizei os atendimentos", detalhou.

A partir da abordagem foi que "o pesadelo começou", como definiu o advogado. "Não me deram voz de prisão. Foi horrível, eu não sabia o que estava acontecendo. Eu achei que tudo ia se resolver, mas aí fui detido. Doutora Makerly, minha amiga pessoal, pegou a carteirinha da OAB há pouco tempo. Entrei em contato com ela e pedi pra ela comparecer a uma audiência pra mim", disse.

Após entrar em contato com a amiga, Makerly Costa Santos também foi presa acusada de fazer parte de uma associação criminosa. "Ela chegou para falar comigo e o detento a viu, disse que ela era minha companheira de trabalho e foi aí que deduziram que ela estava envolvida também", finalizou. Maycon disse, ainda, que o detento contou uma história absurda em depoimento e com "detalhes inverídicos".

Maycon, Makerly e Laysa foram soltos após audiência de custódia nesta quinta-feira (29). O advogado informou que ele cumpre algumas medidas cautelares, como, por exemplo, a proibição de entrar em qualquer estabelecimento prisional.

COMPANHEIRA DE TRABALHO E AMIGA ÍNTIMA

Em breve entrevista por telefone, Makerly também contou sua versão dos fatos. Ela disse que recebeu um telefonema de Maycon, que estava com a voz "meio estranha", pedindo que ela fosse em uma audiência no lugar dele.

Aspas de citação

Somos amigos íntimos e fazemos isso. Ele não precisa me cobrar nada, fazemos favores um para o outro. Eu não sabia de nada que estava acontecendo com o Maycon. Ele me ligou falando que estava no DPJ de Cariacica e desligou rápido

Makerly Costa Santos
Aspas de citação

Depois, a advogada disse que o amigo solicitou que ela fosse até lá para ajudá-lo. "Não pensei duas vezes e fui. Chegando lá, ele me contou que foi conduzido com a Laysa. Ela estava super assustada. Como era troca de plantão, ficamos esperando muito tempo dentro do DPJ. Não chegamos a receber voz de prisão", contou Makerly.

Perguntada sobre como se sente e o que vai fazer daqui em diante, a advogada disse que está tentando seguir a vida. "Tenho pouco tempo de OAB, lutei muito para conseguir, nunca respondi nenhum tipo de processo. Todos conhecem a minha luta. Fui acudir um amigo e acabei sendo detida. Vou tentar seguir a minha vida aos poucos, sei que não fiz nada de errado", concluiu.

OAB PEDIU SUSPENSÃO DE ADVOGADOS

A Ordem dos Advogados do Brasil seccional Espírito Santo (OAB-ES) informou nesta quarta-feira (28) que a instituição pediu a suspensão preventiva dos advogados Maycon Costa de Oliveira e Makerly Costa Santos, companheira de trabalho do acusado.

Em breve conversa nesta quarta-feira (28), o presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB-ES, que acompanha o caso, informou que a decisão de suspensão tomada pelo presidente da ordem é de praxe em situações deste tipo. "O presidente da Ordem comunica ao Tribunal de Ética; ele requereu a suspensão preventiva e, quem vai decidir se suspende ou não, é o tribunal", disse Ricardo Pimentel.

Este vídeo pode te interessar

De acordo com ele, o prazo de suspensão máxima é de 90 dias. "Este seria o prazo para apuração do caso", disse.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais