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'Eu me sinto traumatizado', diz árbitro agredido durante jogo no ES

"Eu me sinto traumatizado", diz árbitro agredido durante jogo no ES

Jeferson Nunes Vieira foi agredido pelo técnico Tiago Nonato da Silva, na tarde do último sábado (18), na Curva da Jurema, em Vitória

Publicado em 18 de novembro de 2018 às 23:59

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Jeferson Nunes Vieira foi agredido por um técnico de futebol. (Vitor Jubini)

O árbitro de futebol Jeferson Nunes Vieira, de 31 anos, passou por momentos de terror durante uma partida de futebol que aconteceu na tarde do último sábado (17), na Curva da Jurema, em Vitória. Após uma suposta falta em um jogo, o técnico Tiago Nonato da Silva agrediu o árbitro com socos e chutes.

Jeferson chegou a desmaiar e foi levado ao Hospital São Lucas, em Vitória, mas teve alta médica na madrugada deste domingo (18). Já Tiago foi detido e encaminhado ao Centro de Triagem de Viana. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), o acusado passou por uma audiência de custódia e permanecia preso até as 20h deste domingo (18). 

ENTREVISTA 

O que aconteceu naquele jogo?

Eu estava apitando uma partida da Gazetinha, em Vitória. Um jogador se esbarrou com o jogador do mesmo time, mas pra mim não foi falta e eu segui o jogo. Nesse seguir o jogo, teve uma outra falta de um jogador desse técnico, que deu um carrinho. Eu marquei a falta e ele ficou indignado, porque eu não dei a falta no outro jogador. Dessa indignação ele veio pra cima de mim falando palavras fúteis e me dando socos no peito e chutes. Depois de dois chutes, eu fiquei tonto, cai no chão e não vi mais nada. As pessoas me falaram que mesmo caído no chão ele continuo me dando chutes.

Você não teve nenhuma reação quando foi agredido?

Tive não. O cara tem o dobro da minha altura. Eu sou mais franzino, eu sou muito magrinho. O cara dá dois de mim, então não tinha como eu reagir.

Você conhecia ele? Já teve algum contato?

Não. O único contato que a gente tem é em campo. Ali é o único contato que a gente tem. Ele não é meu amigo, ele não é meu conhecido, ele não é nada.

Ele já arrumou confusão em outros jogos?

Sim. Esse foi o terceiro jogo com ele. No primeiro que eu apitei ele parecia ser uma pessoa tranquila, calma. No segundo jogo, eu expulsei ele porque ele xingava o tempo todo, uma pessoa agressiva. Eu não fui o primeiro árbitro a ser agredido por ele. Na quinta-feira ele agrediu um outro árbitro. O rapaz ficou com receio de fazer boletim de ocorrência.  Hoje (domingo) ele fez porque viu o que aconteceu comigo.

Vai processá-lo?

Eu pretendo processar ele sim, para ele não fazer isso mais com ninguém. Quando eu passar naquele lugar de novo eu vou lembrar de tudo, vou lembrar da forma que ele fez comigo. Eu me sinto traumatizado porque eu olho pra minha perna, que estava bem, fisicamente bem e agora estou aqui. Eu vou perder o meu curso de arbitragem. A minha carreira ficou prejudicada.

Você imaginava que ele poderia ter essa atitude durante o jogo envolvendo crianças?

Jamais. Mas pela forma que eu já vi ele pelo segundo jogo que teve, ele se tornou uma pessoa agressiva, agressivo com as palavras. Ele não mede xingar as próprias crianças, ele não mede as palavras pra xingar. Uma criança de 12 anos pra mim é criança, até 15 anos é criança pra mim. 

Eu imagino que você deve estar indignado...

Eu fico triste, eu fico com medo também, do que ele pode fazer. Os próprios pais do time dele ficaram indignados com o que ele fez comigo.

Depois dessa agressão você pretende dar continuidade ao curso?

Eu estava desempregado bastante tempo e eu vi uma forma de eu estar trabalhando. Eu também gosto de futebol pra caramba. Não pude ser um jogador, mas vi uma forma de estar participando, apitando jogo. Eu amo apitar jogo de criança, eu gosto de ver o sorriso de uma criança. Quando ela se machuca, eu paro, eu olho, vejo se tem condições, eu ajudo e faço de tudo por uma criança. Eu fiquei transtornado que, sendo um técnico, dono de um time, fazer o que ele fez e na frente das crianças. Que ensinamento é esse pra dar para uma criança?

E a saúde?

Fui para o São Lucas e sai de lá 2 horas da madrugada. Estou com a minha perna enfaixada, com dores no quadril, dores no peito e um edema na parte superior da cabeça.

Jeferson Nunes Vieira foi agredido por um técnico de futebol. (Vitor Jubini)

 

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