> >
Motorista do Transcol passa mal durante arrastão em Vitória

Motorista do Transcol passa mal durante arrastão em Vitória

Dois bandidos fizeram um arrastão em um ônibus do Transcol, em frente ao Palácio Anchieta. O motorista chegou a desmaiar durante o assalto.

Publicado em 20 de novembro de 2018 às 23:38

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Motorista relatou momento de pânico vivido em Transcol. (Marcelo Prest)

Dois bandidos fizeram um arrastão em um ônibus do Transcol, na manhã desta terça-feira (20), em frente ao Palácio Anchieta, no Centro de Vitória. O coletivo estava lotado, com mais de 80 passageiros, e o motorista chegou a passar mal e desmaiar durante o assalto.

O motorista, que teve a arma de um dos bandidos apontada contra a cabeça, se lembrou do episódio em que foi baleado em um arrastão dentro de um ônibus, também na capital, há 15 anos.

O ônibus saiu do Terminal de Jardim América, em Cariacica, onde os criminosos embarcaram, e seguia para o Terminal de Carapina, na Serra. Por volta das 5h40, os bandidos anunciaram o assalto na Avenida Getúlio Vargas.

Um dos criminosos chegou a fazer uma passageira refém, enquanto recolhia dinheiro e celulares. Segundo testemunhas, ele chegou a agredir uma das vítimas. O outro bandido pulou a roleta e foi para perto do motorista, apontando a arma em direção à cabeça dele, xingando o condutor e ameaçando matá-lo caso ele não parasse o veículo.

Sem saída, o motorista de 49 anos parou o veículo e começou a se sentir mal. "Entrei em desespero, comecei a dar tremedeira, não conseguia me mexer. Cheguei a perder a consciência e minha pressão arterial foi para 17 por 7", lembra o condutor, que trabalha no sistema Transcol há 30 anos.

O motorista foi atendido por uma ambulância do Samu e levado para o Pronto Atendimento da Praia do Suá. Já os bandidos, segundo uma passageira, chutaram a porta e saíram pelo meio do ônibus. A partir de imagens de videomonitoramento, a Polícia Militar identificou que um carro Pálio, com placas de restrição de furto e roubo, que estava atrás do coletivo, foi usado para a fuga dos criminosos. Os suspeitos não foram encontrados.

"FALOU QUE IA DAR TIRO NA MINHA CABEÇA”

O arrastão no ônibus fez o motorista do coletivo, de 49 anos, relembrar um trauma antigo. Há 15 anos, ele foi baleado por criminosos em um arrastão, também dentro de um ônibus. “Passou um filme na minha cabeça, como se eu revivesse tudo de novo e ficasse de frente para a morte mais uma vez”, desabafou a vítima, que trabalha no ramo há três décadas.

O ônibus estava em movimento ou estava embarcando passageiros no momento do crime?

O ônibus estava em movimento, tinha entre 80 e 90 pessoas. No início, achei que era até brincadeira, mas depois vi que infelizmente não era. Quando um deles pulou a roleta para me ameaçar armado, já estava parando o ônibus.

Como foi a ação dos criminosos?

Um ficou mais na parte de trás recolhendo os celulares, roubando todo mundo, e chegou até a agredir uma passageira. O outro pulou a roleta e foi para o meu lado.

O que o criminoso falou com o senhor nessa hora?

Que ia dar um tiro na minha cabeça se o ônibus não parasse. Ficou me ameaçando e me xingando de várias formas. Foi aí que comecei a me sentir mal

O que o senhor sentiu?

Tive tremedeira, fiquei tonto e perdi a consciência por pouco tempo. Minha pressão chegou a 17 por 7.

O que passou pela sua cabeça na hora? Teve medo de morrer?

Sim. Era como se estivesse revivendo o dia que levei um tiro de raspão e outro no peito, há 15 anos, também em um assalto a ônibus, quando dirigia um coletivo do sistema municipal. Como se revivesse tudo de novo e ficasse de frente com a morte.

Tem medo de trabalhar como motorista de ônibus?

A gente fica porque a nossa profissão é muito perigosa. O motorista e o cobrador ficam muito vulneráveis, principalmente em alguns horários mais delicados.Ninguém respeita ninguém e você corre o risco de levar um tiro do nada. Tenho vontade de ir embora e morar no interior porque Vitória está muito perigosa.

E sua família, como ficou?

Minha esposa e meu filho (de 14 anos) ficaram muito abalados. Se eu tivesse morrido em uma situação dessas, uma hora dessas estaria no Departamento Médico Legal e o camarada (assaltante) estaria foragido. Hoje em dia está desse jeito: o cara mata um pai de família e pode não dar em nada. Fica um sentimento de impotência.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais