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Camata atuou para restringir armamento

Camata atuou para restringir armamento

Ex-governador do Espírito Santo foi vítima de uma arma comprada legalmente

Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 03:34

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Gerson Camata foi assassinado na Praia do Canto. (Reprodução)

Além de toda a comoção por conta do legado deixado pelo ex-governador Gerson Camata, a morte do político trouxe à tona, por parte de alguns amigos e familiares, a reflexão sobre o acesso de cidadãos comuns à arma de fogo. Em 1999, Camata foi o autor, no Senado, do projeto que tornou-se, em 2003, o Estatuto do Desarmamento. Tragicamente, acabou morrendo por uma arma comprada legalmente.

Segundo a polícia, a arma usada pelo homem que confessou o assassinato havia sido adquirida regularmente, apesar do registro vencido. Isso sugere que, em algum momento, Marcos Andrade obteve sinal verde para comprar e manter, legalmente, uma arma em casa, e com ela "se defender" de criminosos.

Após ser preso, disse que portava a arma na rua porque queria providenciar a atualização do registro. O argumento não convenceu os policiais, uma vez que o transporte de arma de fogo para quem tem direito à posse só pode acontecer mediante autorização da Polícia Federal.

Nas redes sociais, internautas chegaram a culpar a vítima. Alegaram que ele contribuiu para "tirar as chances de defesa" dos "cidadãos de bem". É verdade que o estatuto, sancionado por Lula em 2003, incentivou o desarmamento da população civil. Por outro lado, nele estão expressas as regras para posse e porte de armas pelos cidadãos. Regras essas que foram violadas pelo assassino confesso.

ESTILO DE VIDA

Outros internautas chegaram a dizer que, caso portasse uma arma, Camata poderia ter se defendido. No entanto, o ex-governador foi surpreendido e morto após comprar um livro. Ele tinha amigos na região e fazia o percurso com frequência. Jamais solicitou segurança à Casa Militar, direito que tinha como ex-governador.

"O trágico nessa história é alguém que nunca usou uma arma morrer com um tiro. Camata era um homem de paz, cordial", lembrou o ex-governador José Ignácio Ferreira.

Sobrinho do ex-governador assassinado, Edmar Camata é policial rodoviário federal. Para ele, a maneira como o tio foi morto indica que a liberação geral do acesso às armas não é o melhor caminho para conter a violência.

"Uma vítima da violência que a gente vê todos os dias, que atinge os mais pobres, a classe média, as classes mais altas e cuja solução certamente não está na liberação de armas. A gente vê que a solução é muito mais ampla e tem que ser a do diálogo e da construção de uma outra sociedade, em que a vida não valha tão pouco, em que as pessoas não se matem por nada", declarou.

Também consternado com a morte, o ex-governador Vitor Buaiz defendeu que, para a sociedade se tornar mais segura, é necessário não armar, mas desarmar a população.

"Esperamos que as autoridades tomem providências. Que tenha uma política de desarmamento. Fica o nosso protesto contra essa violência e intolerância. Essa morte violenta não podemos aceitar. Temos que desarmar a população. Civil não deve estar armado, quem deve andar armado são os militares", opinou.

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O deputado federal Helder Salomão também se referiu ao crime para apoiar a restrição do acesso às armas de fogo. "Sou contra a liberação de armas de fogo para a população. Essa medida não reduzirá a violência, como mostra a experiência de outros países. Quando se porta uma arma de fogo, em um impulso você pode cometer um crime que poderia ser evitado", pontuou.

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