Um caso que inicialmente foi considerado suicídio pela Polícia Civil, logo depois teve um desdobramento assustador, segundo as investigações. Há pouco mais de um ano a professora Danielly Wandermurem Benício, de 36 anos, apareceu morta dentro de casa, na cobertura onde morava com o marido, o engenheiro Patrick Noé dos Santos Filgueira, de 38 anos. A prisão dele completou um ano na última quinta-feira (17). O processo já entra na fase de alegações finais, segundo a defesa.
O casal teve uma briga durante a tarde do dia 29 de dezembro de 2017 porque Patrick alegou que Danielly estava conversando com outra pessoa no celular. Após a briga, o engenheiro foi para casa de parentes e, à noite, retornou com um familiar.
Eles ficaram no apartamento de 22h37 às 22h46. Neste horário, eles deixaram a cobertura em Jardim Camburi, Vitória, com uma mala e se dirigiram ao elevador, momento em que Patrick retornou ao apartamento onde, segundo a polícia, deixou o local às 22h48. Nesses dois minutos, segundo as investigações, ele teria assassinado a esposa.
A última audiência de instrução do processo aconteceu no dia 30 de outubro do ano passado. Atualmente, a defesa e a acusação aguardam a fase de alegações finais do Ministério Público Estadual (MP-ES). É um processo delicado, com bastante repercussão em volume. Não quer dizer que se não apresentar em cinco dias, não vai poder apresentar depois. O processo não vai andar sem as alegações, declarou o advogado de defesa de Patrick, Rivelino Amaral.
Após as alegações do órgão, a defesa e a acusação têm mais cinco dias para fazer as alegações - que são as considerações e um resumo de todo o processo. Logo após apresentadas, o juiz define se vai levar o caso para júri popular ou se vai arquivar o processo. O prazo é de dez dias. Após isso, ainda cabe recursos nos tribunais superiores.
O processo está terminando. A instrução foi terminada, faltam as alegações finais. Não é possível dar um prazo final. Dependente do entendimento do juiz, afirmou o advogado de Patrick .
O CRIME
O engenheiro eletricista Patrick Noé dos Santos Filgueiras foi preso no dia 17 de janeiro acusado de ter assassinado a mulher dele, a professora de Geografia Danielly Wandermurem Benício, que dava aulas em um colégio particular de Vitória. Ele continua detido no Centro de Detenção Provisória II, em Viana, segundo a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus).
A investigação, que estava sob segredo de justiça, foi conduzida pelo delegado Janderson Lube, da Delegacia Especializada de Homicídio Contra a Mulher (DEHCM). A professora foi encontrada morta no apartamento onde morava em Jardim Camburi, em Vitória, no dia 30 dezembro do ano passado.
Num primeiro momento, a informação foi de que a mulher teria cometido suicídio, mas a polícia não estava convencida e seguiu investigando o caso. Imagens das câmeras do condomínio ajudaram a polícia a esclarecer as circunstâncias da morte.
MARIDO RASTREAVA DANIELY
Patrick instalou um programa espião no celular da vítima para monitorar as conversas que ela mantinha com outras pessoas em um aplicativo.
A informação foi revelada pelo delegado Janderson Lube, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher, responsável pela investigação do assassinato da professora. Por causa de ciúmes, o engenheiro estava monitorando o celular da professora desde maio de 2017.
MORTE EXTREMAMENTE VIOLENTA
O delegado Janderson Lube afirmou que a morte da vítima foi "extremamente violenta". O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher concluiu o inquérito e encaminhou à Justiça.
Segundo o delegado, o laudo aponta que Danielly morreu por causa de uma hemorragia intracraniana causada por uma pancada na cabeça. As imagens do sistema de videomonitoramento do prédio ajudaram a polícia a concluir o caso. O marido dela, Patrick Noé, foi a última pessoa a deixar o apartamento no dia 29 e a voltar ao local no dia seguinte.
DEFESA DIZ QUE MP-ES NÃO PROVOU CULPA DE PATRICK
O advogado de defesa de Patrick, Rivelino Amaral acredita que o Ministério Público Estadual (MP-ES) não conseguiu provar durante o processo que o engenheiro assassinou a própria esposa e acredita que a Justiça vai absolvê-lo.
Não tem elemento nenhum que ele cometeu homicídio contra a esposa dele. Nada nesse sentido foi apresentado pelo Ministério Público. Não conseguiu fazer a prova de que os fatos se deram como narrados na denúncia. Esperamos que ele seja colocado em liberdade, explicou.
O advogado também afirmou que nenhum pedido de liberdade será feito durante o restante do processo. Estamos aguardando a sentença e acreditamos na inocência, Vamos esperar o resultado, finalizou.
MP-ES
O Ministério Público Estadual (MP-ES) foi demandado para comentar o caso, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem. A reportagem também procurou em quatro ocasiões a advogada assistente de acusação, Arlete Barreto Araújo Silveira, mas não houve possibilidade de entrevista.
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