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Secretário vê possibilidade de chamar PMs da reserva para combate crimes

Secretário vê possibilidade de chamar PMs da reserva para combate crimes

Somente em janeiro mais de 80 pessoas foram assassinadas no Espírito Santo

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 12:27

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Roberto Sá, secretário de Segurança Pública. (Reprodução/TV Gazeta)

Com a onda de violência que assola o Espírito Santo, especialmente neste mês de janeiro, o secretário de Segurança Pública do Estado, Roberto Sá, não descarta a possibilidade de chamar policiais da reserva para atuar de maneira voluntária no combate ao crime. A informação foi dada nesta terça-feira (29), em entrevista ao Bom dia Espírito Santo, da TV Gazeta.

O secretário disse ser uma possibilidade, ao responder uma pergunta sobre a necessidade de intervenção na segurança do Estado e citar a diminuição no número de PMs desde 2014. Como solução para aumentar o efetivo, respondeu: "O mais comum é o concurso público, como temos um em andamento, mas a gente estuda outras estratégias de tentar aproveitar, inclusive, policiais que já estão inativados e que sejam voluntários. É uma possibilidade", afirmou.

Na conversa, Sá destacou que, apesar dos crimes nos últimos dias, o número de homicídios de janeiro de 2019 (85 até o dia 27) é inferior ao janeiro de 2018 (115). Veja a entrevista. 

Por que os criminosos vêm se sentindo tão à vontade para combater crimes como o que aconteceu no pátio de um hospital particular às 7h20 da manhã?

Em relação ao episódio desse final de semana, não estão à vontade. Já estão identificados e serão presos, mas são inconsequentes, insanos e vão responder por isso. Vão pagar com a liberdade, mas o pior é que eventualmente pagam com a vida, quando entram nessa disputa e começam a fazer retaliação de ataques, ora de um grupo, ora de outro. O monopólio do uso moderado, progressivo, responsável, respeitando os direitos humanos, respeitando a legislação vigente, é do Estado, que identifica, indicia, prende e entrega à Justiça.

Os bandidos, mesmo mascarados, a polícia já sabe quem são?

Em 24 horas, a Polícia Civil do Espírito Santo identificou esses dois mascarados e eles serão presos em breve.

Secretário, a gente está no meio de uma guerra do tráfico. O secretário de defesa de Vila Velha disse ser necessário mudar a forma de agir. De que forma a polícia vai agir? Há um nova estratégia para conter isso?

Essa fala é importante porque ela nos remonta a um trabalho árduo que já vem sendo feito entre a polícia e a guarda municipal. Naquele final de semana, já tinham evitado vários bailes do Mandela. Naquela noite, já tinham passado em Cobi de Baixo, em outros bailes, inclusive em Primeiro de Maio duas vezes. As pessoas parecem que insistem em se colocar em situação de fragilidade, porque a polícia estava ali e foi hostilizada. Muito embora a gente saiba que a maior parte das pessoas sejam de bem, mas se aproveitam daquele episódio em que grupos criminosos fazem essa atividade, ora para vender drogas ou para ostentar armas, e as pessoas vão ali para fazer um comércio irregular. Mas a polícia, junto com a Guarda Municipal, vai rever a estratégia para que isso não aconteça novamente. Esses grupos de redes sociais são muito rápidos. Então, hoje, monta-se rolé com Mandela, uma manifestação, em pouco tempo, sem que você consiga monitorar.

Foi um acerto de contas, pelo o que a investigação vem apontando, entre gangues de Vitória. Mas que aconteceu em Vila Velha. Há uma ligação entre esses grupos de Vitória e Vila Velha?

É tudo muito próximo. Souberam que o gerente de tráfico de Andorinhas estava em Primeiro de Maio e foram fazer um acerto de contas. O Janderson, com uma ficha criminal extensa, foi uma das vítimas fatais, era o gerente do tráfico em Andorinhas. Quando esse grupo do Macaco soube, foi lá para fazer um acerto de contas. Mas eles vão pagar muito caro. Tanto que o Haryel está ferido, tinha mandado de prisão em aberto e foi preso em flagrante. Em 24 horas, ele está respondendo por 2 homicídios e 10 tentativas.

O senhor tem ideia de quantas facções são?

Eu não quero dar notoriedade a esse grupo de inconsequentes. Há sim grupos de irresponsáveis em algumas favelas, morros e alguns bairros. O tráfico existe nas áreas mais nobres também. É um chaga humana. São grupos que se associam e disputam eventualmente o melhor local para vender drogas. Estão sendo monitorados. A polícia está sendo implacável e rápida na identificação e na prisão.

Há necessidade de uma intervenção?

Olha, toda ajuda é bem-vinda. Mas a gente não vê necessidade de intervenção, sinceramente eu não vejo. Nós, por exemplo, temos dois mil policiais militares a menos do que em 2014. Imagine a falta que faz.

São quantos atuando hoje?

Cerca de 8260.

Como a secretaria pretende repor essa diferença?

O mais comum é o concurso público, como temos um em andamento, mas a gente estuda outras estratégias de tentar aproveitar, inclusive, policiais que já estão inativados e que sejam voluntários. É uma possibilidade.

Há participação de facções de outros Estados, como o Primeiro Comando da Capital (PCC)?

No negócio de venda, esses grupos se armam e fazem venda e compra de droga. A droga não nasce aqui. Há comércio. Aqui não fabrica essa droga. Os grupos que eventualmente são daqui e há comércio com os que são de fora. Isso é inegável. Há conversa com quem vende droga para o Brasil inteiro. Como não tem droga aqui e algumas armas também chegam, então há sim diálogos com grupos de fora.

De onde vem as armas usadas por esses criminosos?

Só ontem, ali no entorno da Penha, nós apreendemos duas pistolas Glock, de origem austríaca, e uma calibre 12. Isso para mostrar para a sociedade o quanto a polícia está trabalhando e não tem hora, não tem dia.

Secretário, o que dizer para a família da Dona Dalva, uma senhora de 60 anos, inocente, que foi morta ao ir para o trabalho?

Não só para ela, mas para familiares de todas as vítimas que são vitimadas. A gente lamenta muito, manifesta o nosso pesar, mas diz que a polícia do Espírito Santo tem dado resultado muito importante. Todos os dias eu monitoro homicídios dolosos no Estado e, com toda dificuldade, lógico que a gente deseja um resultado zero, mas este mês de janeiro ainda está com um número menor do que janeiro do ano passado. A gente manifesta o nosso pesar e diz que os culpados serão levados à Justiça.

Por que, em relação a 2014, nós temos 2 mil policiais a menos?

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Aposentadorias e policiais que vão para a inatividade por diversos motivos, por aposentadoria, por problemas de saúde outros prestam concurso. Há uma média de 200 inativações por aposentadoria por ano.

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