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Filho mais novo de Jane Cherubim ainda não sabe de espancamento da mãe

Filho mais novo de Jane Cherubim ainda não sabe de espancamento da mãe

Jane foi espancada pelo ex-namorado, Jonas Amaral, e largada em uma estrada; apesar de falar com o filho ao telefone, a família optou por não contar nada à criança

Publicado em 10 de março de 2019 às 13:03

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Jane Cherubim foi espancada pelo então namorado Jonas Amaral . (Reprodução)

Carangola, MG - O filho mais novo de Jane Cherubim, de 8 anos, ainda não sabe do espancamento que a mãe sofreu e quase a levou à morte. Ela conversava ao telefone com ele e o encontrou pela primeira vez após o caso, na noite deste domingo (10), quando foi liberada do hospital e foi para casa

Segundo a família, ele não sabia que a mãe estava internada e acredita que Jane sofreu um acidente de bicicleta. Ainda de acordo com familiares, no encontro de Jane com o filho houve muita emoção, com um abraço forte, sem muitas palavras.  

O irmão de Jane, Salvador Cherobin da Silva, contou que a família optou por não contar porque querem proteger a criança. "O estado dela ficou muito grave. Então ele está na minha casa, com meus filhos, até ela ficar um pouco melhor", destaca, em entrevista exclusiva ao Gazeta Online

"Além da recuperação da minha irmã, estamos focados na prisão do Jonas. Sabemos que a polícia está trabalhando e temos essa esperança. A gente não sente ódio, mas uma revolta. Ele não poderia ter feito isso. O colocamos dentro de casa e ele traiu nossa confiança. Meus pais estão arrasados", completa Salvador. 

Jane Cherubim está se recuperando na Casa de Caridade de Carangola. (Beatriz Caliman)

A reportagem do Gazeta Online conversou com exclusividade com Salvador Cherobin, o irmão de Jane, em Carangola, cidade de Minas Gerais.  Ele detalhou o passo a passo do drama vivido pela irmã, a relação dela com o então namorado Jonas Amaral e como está a recuperação da vítima. A vendedora foi espancada e largada em uma estrada no Caparaó, pelo então namorado Jonas Amaral, na última segunda-feira (4). Veja detalhes do depoimento:

NERVOSISMO E AMEAÇA

"Ela contou detalhes do trajeto que eu não sabia. Ela conta que a motivação do crime foi mesmo a recusa da foto. Ele focou muito nisso, insistiu muito. Ao encerrar o horário de trabalho eles iriam para casa. Ele saiu do estacionamento e quando iniciou o movimento do veículo na rodovia ele já começou a falar da foto. Ele disse: 'Ah, você não quis fazer a foto comigo. Agora a gente vai ali em cima e você vai fazer'. Ali ela já percebeu o nervosismo dele e o carro em alta velocidade. Nesse trajeto ele falou pra ela que jogaria o carro em uma ribanceira para matar os dois. Ela tentou acalmá-lo e conversar, já muito preocupada de que algo muito grave poderia acontecer com ela. Ela disse que só pensava nos dois filhos, de 19 e 8 anos, com aquela angustia de que passaria por um momento difícil ou até fatal."

AGRESSÕES FÍSICAS

"Foi quando, sem muito previsão, num reflexo para sobreviver, ela tirou a chave do carro, que perdeu a direção e entrou na contramão. Ela jogou a chave pela janela do carro, o veículo parou e ele já começou a discutir com ela, agora por conta da chave. Ele deu um chute nas costelas dela já a jogando para fora do carro. Ela caiu no chão e ele começou a xingá-la. O celular tocou, era meu irmão. E o Jonas gritando que queria a chave. Ela respondeu que iria procurar, que só precisava de uma lanterna. Ela pediu para que assim que achasse a chave os dois voltassem para a casa dos nossos pais. Ela acreditava que eles iriam voltar pra casa. Já machucada, ela viu o celular tocando e ela tentou pegar o aparelho. Foi quando ele ele deu mais murros nela. O celular continuou tocando e foi nesse momento que ele atendeu. Disse para meu irmão que eles haviam brigado e que ele foi embora a pé e já estava em Espera Feliz, em Minas Gerais."

TORTURA E AMEAÇA DE MORTE

"Nesse momento a minha irmã já não tinha uma consciência normal. Ele desligou a ligação começou a procurar coisas no celular dela, fotos, mensagens... E ao mesmo tempo que ele procurava algo, mesmo sem encontrar nada, ele chutava e batia nela. Um fato que me deixou muito triste foi que ele chegou a declarar pra ela que iria matá-la. Isso deve ter machucado muito ela. Isso me chocou. Me deixou mais triste do que já estava. Porque além da violência física ele fez muita violência psicológica com ela. Você sabe que está indefesa e no meio do nada... Ela olhava e não tinha nada, só mato e estrada. Ela pequena, ele grande, atleta, goleiro de futebol. Depois foram várias pancadas e ela apagou. Os hematomas estão da cabeça aos dedos, até nas unhas. Dá pra ver exatamente a marca da mão dele que vai do pescoço até atrás da orelha. Eu tive que em segurar muito pra ouvir isso dela. Foi muito doloroso ouvir de forma tão clara e detalhada. Foi chocante. Pra ela também. Tanto que ela estava avançando muito e sentiu essa pressão por ter relembrado tudo com detalhes."

CIÚMES E SENTIMENTO DE POSSE

"Minha irmã já tinha entendido que ele era ciumento e possessivo e isso poderia ser um problema. Ele queria ela só pra ele. As vezes tinha ciúmes até dos irmãos e dos filhos. Ele tentava afastá-la de outras pessoas. Ela contou que havia conversado com ele sobre os ciúmes, que estava sufocada, e deu dois meses para ele se ajustar. Ela não deveria ter dado esse prazo, mas ela jamais acreditou que ele era capaz disso. Nem nós. Eu falava bem do Jonas para as pessoas, que ele era tranquilo e prestativo. Não tem como explicar, ele enganou todo mundo. Em momento algum ele pensou nos filhos da minha irmã. No filho dele."

RECUPERAÇÃO

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"Visualmente você observa uma melhora gigantesca. Ela abre os olhos, se alimenta, está falando. O rosto já está mais fino, os hematomas já diminuíram um pouco. O oftalmologista disse que é inacreditável que ela não perdeu a visão. E ele não acredita que terá sequelas. O que vamos precisar é de um bom acompanhamento psicológico a longo prazo porque ela ainda sente medo dele ir atrás. Ela tem sentido alguns enjoos e dificuldade de alimentar por conta disso.Sexta-feira exigimos um pouco mais dela, colhendo informações e isso a deixou muito nervosa e abalada. Optamos por recuar e reduzimos o número de visitas. Não há previsão de alta, mas pelo quadro dela a gente acredita que não deve demorar. Ela conversa muito baixo, as vezes um pouco grogue por conta dos remédios."

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