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Jane Cherubim: grupo pede justiça em passeata em cidade mineira

Jane Cherubim: grupo pede justiça em passeata em cidade mineira

Manifestação aconteceu na tarde deste domingo (10) em Espera Feliz, Minas Gerais

Publicado em 10 de março de 2019 às 20:53

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Com gritos de "Todas pela Jane", cerca de 50 pessoas reuniram-se em passeata no município de Espera Feliz, em Minas Gerais, onde vivia a vendedora Jane Cherubim, de 36 anos, e o então namorado Jonas Amaral, de 34, acusado de torturar a vítima na última segunda-feira (4), em Pedra Menina, distrito de Dores do Rio Preto, no Espírito Santo. O grupo pediu justiça, além de respeito a todas as mulheres. A manifestação aconteceu na tarde deste domingo (10).

A passeata pacífica teve início na Praça Cira Rosa de Assis e, às 15 horas, o grupo caminhou pela rua Fioravante Pádula até a Praça Amenaide Vasconcelos Rocha. Durante o percurso, mulheres, adolescentes e até crianças, gritaram palavras de ordem como "Mexeu com uma, mexeu com todas" e "Nós por todas, todas pela Jane". A movimentação chamou a atenção da pacata cidade e muitos que não estavam na manifestação prestaram apoio acenando ou buzinando.

Além de contar com a participação de moradores da região, a ação reuniu familiares da Jane, como Salvador Cherobin, irmão da vítima. Ele recebeu palavras de apoio e agradeceu a força que sua família tem recebido de todos os lugares.

"É esse poio que está nos levando tão longe. Apoio de todas essas pessoas que tiraram um pouco do seu tempo, nesse calor, pra vir aqui nos dar uma força. É emocionante receber esse carinho todo. Vou transmitir isso pra minha irmã e tenho certeza que ela vai ficar muito feliz. Esperamos que haja solução para esse caso o mais breve possível. É uma aflição de todos, até mesmo do Brasil", disse ele.

Salvador comentou que Jane acordou melhor neste domingo e que a recuperação tem sido notada a cada dia.

"Ela vem se recuperando de forma exemplar, conversa normalmente, tem se alimentado... Ainda com alguns hematomas, mas esperamos que ela receba alta a qualquer momento, o mais breve possível", afirmou.

MENSAGENS

"O machismo mata todos os dias". "Parem de nos matar". "Não é não". "É preciso ter coragem para ser mulher nesse mundo". "Mulheres são as vítimas preferenciais". "Basta de feminicídio". "O silêncio acabou". Essas foram algumas das frases expostas em cartazes por manifestantes, em grande maioria mulheres e meninas.

A universitária Débora Grillo Santos, de 22 anos, contou que o caso de Jane deu notoriedade a um problema antigo na região: agressões físicas e verbais contra mulheres.

"Infelizmente os números de feminicídio só crescem em nosso país. Os crimes só aumentam e os motivos são injustificáveis. No nosso município (Espera Feliz) são várias mulheres que sofrem violência e agressão. As pessoas precisam entender que a violência doméstica não é só física, ela é psicológica também. Quando reunimos diversas mulheres para mostrar as pessoas que estamos aqui e não sairemos daqui, a gente prevalece o sentido de que a mulher é importante, especial, um ser humano. Estamos aqui dois dias após o Dia Internacional da Mulher, que infelizmente não foi comemorado. A gente espera pela prisão do Jonas para que a gente possa comemorar. Estamos aqui por todas. Essa luta jamais será só por mim, será por nós".

A estudante Nathália Ávila, de 22 anos, que iniciou a movimentação para o protesto nas redes sociais, contou que há cerca de um ano conseguiu escapar de um ciclo de violência doméstica e colocou-se no lugar de Jane ao conhecer a história da vítima.

"Aproveitei a comoção com o caso da Jane para tentar fazer com que outras meninas também fossem ouvidas. Eu já passei por isso e fiquei ainda mais sensibilizada, porque senti isso na pele. Acho que toda mulher nasce com o peso de ser mulher. É um peso. A gente sempre sobre muito. Se é lésbica, sofre. Se é casada, sofre, Se é mãe solteira, sofre. O caso da Jane teve maior visibilidade, mas aqui na cidade é comum casos de mulheres agredidas e até mortas. E ninguém fala nada. Acho que por ser interior, muita coisa acaba ficando debaixo do tapete por questão de "nome". Tanto que tem gente falando que é preciso ouvir a versão do Jonas. Isso não existe! No estado que ele deixou a Jane, isso não existe. Nada justifica. Foi ela, mas poderia ser qualquer uma, até eu e você. Depois que mata - e eu quase morri - cobra de quem? Como ficam nossos filhos? Nossas mães? O povo aqui tem vergonha de ir para a rua. Muita mulher que apanha em casa e queria estar aqui, mas não pode. Por isso eu vim. Pela conscientização", disse.

 

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