> >
Igreja e sorveteria em Linhares: as últimas 48 horas de Kauã e Joaquim

Igreja e sorveteria em Linhares: as últimas 48 horas de Kauã e Joaquim

No dia do crime, a mãe deles, a também pastora Juliana Salles estava com o filho mais novo do casal em um congresso, em Teófilo Otoni, Minas Gerais

Publicado em 17 de abril de 2019 às 19:01

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Os irmãos Kauã Salles Butkovsky, 6 anos, e Joaquim Alves Salles, 3, participaram de um culto e foram a uma sorveteria com o pastor George Alves antes do crime que chocou o Espírito Santo, no dia 21 de abril de 2018. George é pai de Joaquim e padrasto de Kauã. De acordo com as investigações da Polícia Civil, os meninos foram estuprados, agredidos e mortos dentro da casa onde moravam.

Pastor George conduzindo culto na Igreja Batista Vida e Paz. (FACEBOOK GEORGE ALVES - 30/04/2018)

A morte dos irmãos Kauã e Joaquim completa um ano no próximo domingo (21). Desde o início desta quarta-feira (17), o Gazeta Online começou a publicar uma série de reportagens sobre o caso, que vão ser publicadas até o dia que marca a tragédia.

Um estudante de 24 anos frequentou a Igreja Batista Vida e Paz, ministrada por George, no bairro Interlagos, por cerca de dois anos. Ele contou que participou da cerimônia religiosa no dia 19 de abril de 2018. Segundo ele, na ocasião, cerca de 80 fiéis estavam no templo.

Aspas de citação

embro vagamente da ministração da palavra, mas tinha relação com o fato de Jesus nos aceitar da forma imperfeita que somos. Os meninos sempre iam à igreja. Lembro de ter visto os dois sentadinhos na primeira fila um dia antes das morte

Fiel que pediu para não ser identificado
Cargo do Autor
Aspas de citação

Segundo o rapaz, o culto começava às 19h30. Por ser o líder, o pastor George chegava antes, preparava a igreja junto aos fiéis ali presentes, e iniciava uma oração no local.

Quando não estavam acompanhando a ministração do evangelho, os meninos eram encaminhados para uma sala destinada às crianças. No local, eles recebiam papel e lápis para desenhar.

"Kauã adorava desenhar enquanto o pai trabalhava. Joaquim ficava mais grudado com a mãe ou então correndo pelo salão. Os meninos eram muito agradáveis e educados. Eram cheios de graça, coisa divina mesmo", destacou o jovem.

O rapaz contou que, desde a morte dos filhos do pastor, não frequenta mais a igreja Batista Vida e Paz. "Confesso que a versão da polícia não faz muito sentido para a gente, pois o pastor era o nosso pai, ele nos entendia. Vou esperar a Justiça julgar e tentar entender tudo", revelou.

PEDIDO POR  SORVETE

George Alves com o filho Joaquim, 3 anos, e o enteado Kauã, de 6 anos . (Facebook | @GeorgeAlvesHair)

No dia seguinte, na sexta-feira, dia 20 de abril, o pastor levou os filhos à sorveteria preferida deles.  Juliana Salles estava com o filho mais novo do casal em um congresso, em Teófilo Otoni, em Minas Gerais.

Segundo testemunhas, George chegou ao local com Kauã e Joaquim por volta das 20 horas. Os irmãos escolheram sorvete e o pai tomou açaí. Um dos proprietários do estabelecimento confirmou que o pastor e as crianças eram clientes dele. "Reconheço e respeito o trabalho da imprensa, mas esse caso é delicado e preferimos não comentar nada a respeito", disse o comerciante, ao ser procurado pela reportagem. 

Em um perfil do Facebook de George que foi deletado era possível encontrar fotos dele com Kauã e Joaquim na sorveteria. Nas redes sociais, também foram publicadas imagens e vídeos de outros passeios, atividades e brincadeiras que os três faziam juntos com frequência.

Cliente da sorveteria, a auxiliar administrativo Pâmella Assis de Justiniano, 30, disse que os meninos eram simpáticos e gostavam dos sabores de chocolate e kinder ovo. Membro de outra religião, ela contou que nos fins de semana, costuma ir à sorveteria com amigos após o culto.

Ela frisou que não mantinha nenhum vínculo social com os pais das crianças.

A NOITE DO CRIME

No dia 21 de abril, o Gazeta Online noticiou que um incêndio em uma casa no Centro de Linhares havia deixado duas crianças, de 3 e 6 anos de idade, mortas carbonizadas durante a madrugada. À época, o Corpo de Bombeiros avaliou a possibilidade de que algum aparelho eletrônico pudesse ter causado o fogo. 

Um amigo da família contou que o pai, que é pastor, estava sozinho na residência com as duas crianças porque a esposa, também pastora, estava com o filho mais novo do casal em um congresso em Minas Gerais. Por volta das 2h, o pai dos meninos escutou os filhos gritando e olhou a babá eletrônica, que estava apitando, quando identificou o fogo.

Ele tentou socorrê-los, mas, como o quarto estava com a porta encostada por causa do ar-condicionado, ele não conseguiu movimentar a maçaneta, por conta da temperatura. Vizinhos também tentaram ajudar, mas não foi possível. O Corpo de Bombeiros, quando chegou ao local, já encontrou os irmãos mortos carbonizados.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais