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Militar dono de clube de tiro no ES já tirou 830 dias de licença da PM

Militar dono de clube de tiro no ES já tirou 830 dias de licença da PM

Mesmo afastado da Polícia Militar, Marcos cumpria normalmente as funções como empresário, inclusive viajando ao Rio de Janeiro para fazer negociações com o tenente-coronel Alexandre de Almeida, preso na terça-feira

Publicado em 26 de abril de 2019 às 21:49

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Guerreiros Escola de Tiro e Comércio de Armas. (Fernando Madeira | GZ)

O cabo Marcos Antônio Loureiro de Souza, um dos donos da Guerreiros Escola de Tiro e Comércio de Armas, investigada por receber 166 armas desviadas de um setor de fiscalização do Exército, recebeu 830 dias em licença médica da corporação desde fevereiro de 2017. Mesmo afastado da Polícia Militar, Marcos cumpria normalmente as funções como empresário, inclusive viajando ao Rio de Janeiro para fazer negociações com o tenente-coronel Alexandre de Almeida, preso na terça-feira por envolvimento no esquema.

A investigação sobre o desvio de armas do Exército para o clube de tiros capixaba foi noticiado, em primeira mão, pelo jornal “O Globo”.

De acordo com o Portal da Transparência do Espírito Santo, Marcos é PM ativo desde agosto de 2007 e atualmente é cabo efetivo. Ele entrou em licença médica no dia 13 de fevereiro de 2017, nove dias após o início da crise de segurança pública no ES, quando começou a greve da PM, que durou 22 dias.

Militar dono de clube de tiro no ES já tirou 830 dias de licença da PM

Após a primeira licença, em 2017, que durou três dias, o cabo recebeu outras nove licenças. Uma delas durou 90 dias, de 15 de agosto de 2018 até 12 de novembro do mesmo ano. Foi nesse período que Marcos Antônio negociou com o tenente-coronel Alexandre de Almeida a compra das 166 armas. De acordo com Leonardo Loureiro Souza, sócio e irmão de Marcos Antônio, a primeira parcela dos R$ 90 mil acordados pelas armas foi paga entre setembro e outubro de 2018.

Leonardo Loureiro Souza, sócio e irmão de Marcos Antônio. (Fernando Madeira | GZ)

Outra licença médica de Marcos durou do dia 13 de novembro de 2018 até o dia oito de abril de 2019, totalizando 147 dias afastado das funções de policial. Foi nesse período que Marcos viajou ao Rio de Janeiro para tratar assuntos de uma das armas compradas, a pistola 9 mm que desencadeou a investigação do caso.

“O coronel Alexandre entrou em contato com o meu irmão em dezembro de 2018 e falou que uma das armas tinha um problema e que era para devolver para ele no Rio de Janeiro. Não foi falado qual era o problema. A gente já tinha pagado três prestações dos R$ 90 mil combinados. Meu irmão mandou emitir uma guia de trânsito, para transportar a arma de forma legalizada e a levou pessoalmente ao militar no Rio”, contou Rafael, na quinta-feira (18), após a divulgação da investigação sobre a origem das armas.

Tenente-coronel Alexandre de Almeida foi preso acusado de desvio de armas. O militar era a mais importante autoridade do setor no controle de armas que circulam no Rio de Janeiro e Espírito Santo. (Felipe Cavalcanti | Divulgação| Exército)

A licença médica mais recente do cabo teve início em nove de abril de 2019, com previsão de término em cinco de agosto de 2019.

Além dos 830 dias de licença médica, Marcos teve 33 dias de ausência na PM. Destes, 16 dias foram referentes a falecimento familiar e casamento. Já os outros 17 dias foram por “afastamento recompensa”. Indagada, a PM informou que as dispensas recompensas em favor do militar durante sua carreira é ferramenta legal, de caráter discricionário ao comandante do militar e corresponde a dias acumulados durante toda a carreira do policial.

POLÍCIA MILITAR

Procurada pela reportagem, a  Polícia Militar informou, por nota, que o cabo encontra-se sob dispensa médica, incapacitado para o serviço policial militar, cujo motivo possui caráter sigiloso entre médico e paciente. Quanto ao fato amplamente veiculado pela imprensa, sobre as possíveis irregularidades na aquisição de armas pela loja Guerreiros, de propriedade societária do militar estadual, intermediada por oficial das forças armadas, o fato está sendo investigado por meio de Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado pelo Exército Brasileiro”, informou a PM, por nota.

A nota completou que “tão logo surjam fatos concretos durante o processo investigatório que, porventura, envolvam o PM, a PMES adotará as providências cabíveis. A PM ainda ressalta que a legislação atual permite que os militares sejam cotistas de empresas”, disse.

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A reportagem tentou contato com Marcos Antônio, mas ele não atendeu as ligações.

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