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'Espero um dia encontrar com ele', diz pai de jovem morto em represa no ES

"Espero um dia encontrar com ele", diz pai de jovem morto em represa no ES

Em entrevista para o Gazeta Online, ele lamentou a morte do filho e disse que já sente muita saudade do rapaz

Publicado em 31 de maio de 2019 às 21:00

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João Manoel Firme de Siqueira caiu na represa. (Internauta/Montagem Gazeta Online)

Trabalhador, caseiro, sem vícios e muito ligado à família. Assim foi descrito o jovem João Manoel Firme de Siqueira, de 17 anos, morto na manhã desta sexta-feira (31), após cair de moto em uma represa na comunidade de Santa Luzia, que fica na divisa entre Jaguaré e São Mateus. Quem falou sobre o rapaz foi seu pai, o trabalhador rural Dirceu Siqueira. Bastante abalado, ele afirmou que já sente muita saudade do filho e que pede a Deus força para suportar tanta dor. “Espero um dia encontrar com ele”, disse, emocionado.

Em conversa com o Gazeta Online na 16ª Delegacia Regional de Linhares, enquanto aguardava a autorização para a liberação do corpo, Dirceu contou que João ajudava o avô na roça e tinha o sonho de comprar uma casa própria para constituir família.

Como o senhor soube do acidente?

Avistaram a moto dentro da represa e entraram em contato com a gente para avisar. Imediatamente, sai de carro e fui até o local para ver o que aconteceu. Uns meninos ajudaram na busca, quando entraram na propriedade viram o corpo com o capacete. Aí o próprio pessoal da comunidade entrou e conseguiu tirar o corpo.

Como foi receber essa notícia?

É muito difícil, mas eu vejo pelo outro lado, como um descanso. Espero um dia poder encontrar com ele. Nossa família busca a força de Deus para dar um suporte para gente nesse momento. Ele passava no local todos os dias. Era um menino fora de série, uma pessoa que assumiu uma responsabilidade ao começar a trabalhar, como se fosse assumir o meu lugar. Infelizmente, eu não sei qual o propósito de Deus, Ele sabe de todas as coisas.

 

Dirceu Siqueira, pai do jovem João Manoel Firme de Siqueira, que morreu ao cair de moto em uma represa na manhã desta sexta-feira (31)

Como o senhor vai lembrar do seu filho?

Eu creio que não podemos ter tristeza. Saudade, sim. Ele era muito prestativo, realmente vai deixar boas lembranças. Ele foi um presente de Deus, um menino maravilhoso (muito emocionado).

Aquele aterro é da Petrobras?

É, sim. Por lá passam tubulações da Petrobras, não sei se é de gás, petróleo ou água. Há algumas semanas eles foram no local e aterraram a estrada. Quando chove muito, a água acabava transbordando, então pedimos para o pessoal da Petrobras mexer ali naquela ponte, para ficar mais segura. Não sabemos o horário que a ponte caiu, não tinha nenhuma sinalização, ficou parecendo uma arapuca.

O que o senhor quer agora?

Que seja feita uma apuração. Se não fosse meu filho, poderia ser outra pessoa. Que tenham bom senso e a Justiça seja feita. Meu menino não vai voltar. Hoje eu estou chorando pela vida do meu filho, mas poderia ser outro pai passando pela mesma situação.

O João Manoel estudava? Tinha algum sonho?

Ele já tinha concluído o ensino médio. Ele começou a trabalhar na roça do avô para juntar um dinheirinho, porque o sonho dele era ter uma casa própria, constituir família. Não bebia, não fumava, não ia para festas, era muito caseiro, gostava de ficar em família. Meu filho morreu de manhã, mas já estou com muita saudade dele.

O OUTRO LADO

Em nota, a Petrobras informou que o local onde houve a ruptura é uma via pública, que é utilizada pela companhia como um dos acessos a dois poços que ficam na região.

Em relação à uma tubulação da empresa que passa pelo local onde houve o acidente, a Petrobras esclareceu que ela está desativada e não tem relação com o acidente.

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