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Familiares contestam versão da Sejus sobre confusão em Casa de Custódia

Familiares contestam versão da Sejus sobre confusão em Casa de Custódia

Durante a visita no último domingo (26), familiares reclamam que foram atingidos por spray de pimenta e bala de borracha. Secretaria de Justiça tratou como rebelião

Publicado em 27 de maio de 2019 às 18:35

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Rebelião na Casa de Custódia, na Glória, em Vila Velha. (Daniela Carla/TV Gazeta)

Familiares de detentos que estavam neste domingo (26) na Casa de Custódia, na Glória, em Vila Velha, alegam que não houve uma rebelião de presos no fim da manhã. A Polícia Militar e a Secretaria Estadual de Justiça afirmaram que os presos estavam mantendo familiares como reféns e ainda os usando de escudos.

No entanto, alguns familiares disseram em vídeo gravado após a confusão e em entrevista ao Gazeta Online que foram atingidos por spray de pimenta por um agente, o que, segundo eles, teria dado início à confusão, como conta a mãe de um dos detentos, Neusa Dias.

"Eu estava orando no pátio, durante a visita, quando veio aquela fumaça e todo mundo começou a tossir. A gente não estava nem sabendo o que estava acontecendo quando os detentos começaram a dizer para não engolirmos saliva e respirar pelo nariz. Foi um agente que jogou spray de pimenta nas celas e isso se espalhou pelo pátio. Por isso, os detentos foram proteger os familiares que estavam lá, fazendo um cordão de isolamento. Muita gente passou mal. Eu levei bala de borracha na perna e estou com a voz rouca por causa da fumaça", conta Neusa.

Irmã de um preso, Áquila Darly, de 25 anos, também contestou o fato de ter acontecido uma rebelião na Casa de Custódia de Vila Velha e relatou o que presenciou no local.

"Tudo começou quando um agente disparou spray de pimenta em algumas celas. Havia alguns presos dentro delas que ficaram agitados e acabou afetando a gente que estava no pátio também; todo mundo começou a tossir. Havia crianças lá e outras pessoas começaram a passar mal. Não teve rebelião, os detentos tentaram proteger os familiares, entrando na frente das balas de borracha e envolvendo as pessoas com lençóis e cobertores. A intenção dos presos eram nos proteger. Eles se desesperaram com a situação", disse Áquila. 

Em nota, a Secretaria de Justiça disse ter transferido 73 detentos para outras unidades prisionais e que vai apurar com rigor os fatos. Outros três detentos foram encaminhados para atendimento médico e permaneciam internados na tarde desta segunda-feira (27).

"A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informa que a rotina na Casa de Custódia de Vila Velha segue dentro da normalidade nesta segunda-feira (27). A unidade deu início à limpeza e às obras de reparo em áreas depredadas pelos internos durante a ocorrência do domingo (26). Os três detentos encaminhados ao atendimento médico permanecem internados, com quadro estável. A Sejus realizou a transferência de 73 detentos envolvidos na rebelião para unidades de regime fechado e irá apurar com rigor os fatos que ocasionaram a ocorrência."

O Sindicato dos Inspetores Penitenciários do Espírito Santo - Sindaspes - por meio de nota, contou a versão dos agentes penitenciários sobre o ocorrido no último domingo.

"O motim teve início na galeria superior quando os Inspetores Penitenciários iniciaram a liberação do convívio dos presos com seus familiares. Os internos de duas celas da galeria superior começaram a incitar os demais presos exigindo também o direito de visitas, mesmo sem a presença dos familiares. Nesse momento, toda a galeria superior e inferior, bem como os presos que estavam no pátio, aderiram ao movimento. Utilizando pedaços de madeira, ferro e muitas pedras, começaram a quebrar tudo que viam pela frente, proibindo os familiares de deixar a unidade."

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Segundo o Sindaspes, a ação dos inspetores foi um sucesso. "No nosso entendimento, os servidores conseguiram enfrentar a situação com muito equilíbrio, coragem e competência diante dos riscos envolvidos na operação, uma vez que existiam familiares, idosos, mulheres e crianças, que chegaram a ser usados como 'escudo humano'", acrescenta. 

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