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Advogadas no ES são investigadas pela polícia por apologia ao crime

Advogadas no ES são investigadas pela polícia por apologia ao crime

Segundo denúncia, as profissionais "ensinam criminosos a se esquivarem da Justiça" em vídeos que foram publicados na rede social de uma delas

Publicado em 6 de junho de 2019 às 00:06

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Caso vai ser investigado na Delegacia Especializada de Roubo a Banco , em Vitória. (Edson Chagas | Arquivo | GZ)

Duas advogadas criminalistas estão sendo investigadas pela Polícia Civil por apologia ao crime. De acordo com o Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), que apura o caso, uma das advogadas postou, em uma rede social, vídeos em que "ensinam criminosos a se esquivarem da Justiça, por meio da destruição de elementos de informação que poderiam ser utilizados pela Polícia Judiciária". 

A informação consta na portaria que instaurou o inquérito, no dia 27 de maio, e que a reportagem teve acesso. No entanto, procurada, a Polícia Civil não divulgou os nomes das advogadas porque o caso ainda está sob investigação. Elas devem ser ouvidas na próxima semana. 

De acordo com o delegado Romualdo Gianordoli, titular do Deic, os vídeos foram gravados havia cerca de quatro meses e postados na função story do Instagram de uma delas. A Corregedoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) foi acionada e enviou um expediente sobre o caso à Polícia Civil.

Em um dos vídeos, uma das advogadas inicia falando: 

Aspas de citação

Coisas para aprender com as doutoras... Quando cometer um crime: suma com a blusa que você estava no momento dos fatos

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A outra profissional, que também aparece na imagem,  completa: 

Aspas de citação

Não lave ela (sic) e estenda no outro dia no varal

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A primeira continua: 

Aspas de citação

É, não deixa ela lá para quando a polícia chegar

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Enquanto a segunda completa:

Aspas de citação

Porque atrapalha o nosso trabalho

Aspas de citação

A advogada que começou o vídeo diz, ainda:

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E pegar a filmagem e o quê? Junta o útil ao agradável, meus queridos. Porque aí não tem advogado que faça milagre nesse caso, né?

Aspas de citação

A amiga apoia e conclui com um: "Exatamente". 

Os vídeos são acompanhados com as legendas "Só Deus na causa!, "Casos da vida real" e "Longe de nós incentivar a criminalidade, mas algumas orientações ajudam no nosso trabalho (risos)". 

INVESTIGAÇÃO

O titular do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), delegado Romualdo Gianordoli. (Elis Carvalho)

Nas imagens, é possível perceber que as advogadas falam em tom de brincadeira, aos risos. Para o delegado, chama a atenção a atitude das investigadas justamente pela função delas. 

"Nunca investiguei algo parecido. Não dá para generalizar. De maneira nenhuma a gente quer atrapalhar o exercício da democracia. Mas também não pode fazer uma coisa dessa. Claro que tem que fazer toda a defesa técnica, de quem quer que seja. Mas  antes que aconteça (o crime), mostrar como se esquivar... É praticamente um incentivo ao crime. Não é a postura de um bom profissional", afirmou. 

O delegado completou que apologia ao crime pode resultar em pena de  três a seis meses de prisão. Porém, segundo ele, por ser crime de menor potencial ofensivo, normalmente o acusado responde em liberdade. 

SEM RESPOSTAS

A reportagem entrou em contato com as duas advogadas, porém, não obteve respostas. 

Procurado, o corregedor da OAB-ES, Renan Sales Vanderlei, informou que não pode comentar o caso porque os processos tramitam em sigilo. Porém, adiantou que "a OAB não compactua com nenhum advogado que pratique conduta ilegítima". 

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