Duas advogadas criminalistas estão sendo investigadas pela Polícia Civil por apologia ao crime. De acordo com o Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), que apura o caso, uma das advogadas postou, em uma rede social, vídeos em que "ensinam criminosos a se esquivarem da Justiça, por meio da destruição de elementos de informação que poderiam ser utilizados pela Polícia Judiciária".
A informação consta na portaria que instaurou o inquérito, no dia 27 de maio, e que a reportagem teve acesso. No entanto, procurada, a Polícia Civil não divulgou os nomes das advogadas porque o caso ainda está sob investigação. Elas devem ser ouvidas na próxima semana.
De acordo com o delegado Romualdo Gianordoli, titular do Deic, os vídeos foram gravados havia cerca de quatro meses e postados na função story do Instagram de uma delas. A Corregedoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) foi acionada e enviou um expediente sobre o caso à Polícia Civil.
Em um dos vídeos, uma das advogadas inicia falando:
A outra profissional, que também aparece na imagem, completa:
A primeira continua:
Enquanto a segunda completa:
A advogada que começou o vídeo diz, ainda:
A amiga apoia e conclui com um: "Exatamente".
Os vídeos são acompanhados com as legendas "Só Deus na causa!, "Casos da vida real" e "Longe de nós incentivar a criminalidade, mas algumas orientações ajudam no nosso trabalho (risos)".
INVESTIGAÇÃO
Nas imagens, é possível perceber que as advogadas falam em tom de brincadeira, aos risos. Para o delegado, chama a atenção a atitude das investigadas justamente pela função delas.
"Nunca investiguei algo parecido. Não dá para generalizar. De maneira nenhuma a gente quer atrapalhar o exercício da democracia. Mas também não pode fazer uma coisa dessa. Claro que tem que fazer toda a defesa técnica, de quem quer que seja. Mas antes que aconteça (o crime), mostrar como se esquivar... É praticamente um incentivo ao crime. Não é a postura de um bom profissional", afirmou.
O delegado completou que apologia ao crime pode resultar em pena de três a seis meses de prisão. Porém, segundo ele, por ser crime de menor potencial ofensivo, normalmente o acusado responde em liberdade.
SEM RESPOSTAS
A reportagem entrou em contato com as duas advogadas, porém, não obteve respostas.
Procurado, o corregedor da OAB-ES, Renan Sales Vanderlei, informou que não pode comentar o caso porque os processos tramitam em sigilo. Porém, adiantou que "a OAB não compactua com nenhum advogado que pratique conduta ilegítima".
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