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Assassino foi para bar tomar cerveja após matar pastor na Serra

Assassino foi para bar tomar cerveja após matar pastor na Serra

Investigações apontam que o pastor Fernando Pissarra foi assassinado por vingança

Publicado em 26 de junho de 2019 às 21:44

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Otniel foi preso no final da manhã desta quarta-feira (26), acusado de matar o pastor Fernando Pissarra . (Glacieri Carraretto | Divulgação Polícia Civil)

O criminoso identificado como Otniel Ferreira Fraga, de 37 anos, que matou o pastor Fernando Pissarra no último domingo (23), no bairro São Judas Tadeu, em Serra Sede, confessou, em depoimento à polícia, que parou em um bar para tomar uma cerveja logo após cometer o crime.

O delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, detalhou que o criminoso sabia desde o início o que estava fazendo e, após cometer o crime, parou no bairro Cascata, entrou em um bar, tomou uma cerveja e foi embora para casa, em Jacaraípe. Otniel escondeu a arma em uma casa abandonada no bairro em que cometeu o crime.

Ainda de acordo com o delegado, Otniel confessou o assassinato com riqueza de detalhes — o pastor e o irmão de Otniel, identificado como Gideão Ferreira Fraga, tiveram algumas desavenças em 2003 depois que Gideão se interessou pela namorada do sobrinho de Pissarra.

Material apreendido pela polícia, utilizado por Otniel Ferreira Fraga, de 37 anos, para cometer o crime. (Glacieri Carraretto)

O pastor interviu na situação para proteger o sobrinho e, pouco tempo depois, Gideão foi baleado na perna. Na época, Otniel culpou o pastor. Cinco meses depois, Gideão foi morto por disparos de arma de fogo. Para Otniel, o mandante do crime teria sido Pissarra.

Dois anos depois da morte de Gideão, Otniel e Fernando voltaram a conversar e resolveram selar a paz. O autor do crime voltou a frequentar a Igreja Assembleia de Deus, onde Pissarra ministrava os cultos, porém, os dois voltaram a se desentender. Na versão de Otniel à polícia, o pastor teria o ameaçado de morte.

"Depois que Otniel abandonou a igreja, eles voltaram a ter desavenças, a se ameaçarem. Em depoimento, o autor do crime fala que, apesar de ter se passado 16 anos da morte do irmão, ele nunca esqueceu e resolveu se vingar. Esta é a principal motivação do crime, que também é sustentada por parte da família", explicou Sandi Mori.

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Otniel ficou esperando Pissarra atrás de um caminhão e, depois que várias pessoas o viram lá, ele foi para o beco e esperou o pastor descer da casa da irmã. Quando ele saía da igreja, o autor do crime vestiu o capuz, bateu o pé, o pastor olhou e ele efetuou o primeiro disparo, que errou

Rodrigo Sandi Mori, delegado
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Ainda em depoimento à polícia, Otniel confessou o crime com riqueza de detalhes e fala que premeditou o crime. "Ele estudou o horário da vítima e concluiu que a forma mais fácil de matar o pastor seria no domingo. Então, ele chegou ao local por volta das 17h20. O que chamou a nossa atenção foi que o executor fez tudo de uma maneira atrapalhada", detalhou o delegado.

O pastor e professor Fernando Pissarra. (Reprodução | Redes sociais)

Depois de errar o primeiro tiro, Otniel tentou novamente, que errou o alvo e acertou o portão da casa de Pissarra. No terceiro disparo, então, o pastor gritou: "Jesus, me ajuda!" e foi alvejado nas costas. A bala transfixou o corpo de Fernando e saiu pela axila.

Aspas de citação

Chegamos lá hoje com o mandado de prisão e ele estava almoçando. Não resistiu e confessou o crime, entregou munições e a roupa que utilizou quando cometeu o assassinato. Nos levou no bairro São Judas Tadeu e entregou a arma

Rodrigo Sandi Mori, delegado
Aspas de citação

Otniel foi preso mediante mandado de prisão temporária, que tem validade de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30. Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV).

OUTRO LADO

A defesa de Otniel Ferreira Fraga, 37 anos, disse que vai tentar amenizar as qualificadores do crime (que aumentam a pena). “Ele confessou que praticou o crime. Vamos trabalhar a amenização da pena, buscar um equilíbrio no julgamento para que seja apurada a verdade e tirar algumas qualificadoras”, explicou o advogado Waldyr Loreiro, que chegou à delegacia no meio da tarde desta quarta-feira (.


O advogado disse que, em conversa com Otniel, ele também descreveu a situação da morte do irmão Gideão e das ameaças. Porém, alegou que o cliente tem esquizofrenia e que isso pode ter potencializado o medo de ser morto.


“O irmão dele foi vítima de homicídio e, segundo ele, havia a participação do pastor. Já havia um problema pré-existente. Há poucas semanas atrás, ele foi ameaçado, ao vivo, e na presença de testemunhas pelo pastor. Ele acabou ficando receoso, mas houve um ‘plus’ na mente dele, pois por ter esquizofrenia. Ele se sentiu desprotegido e tentou eliminar um risco que dentro da cabeça dele existe”, diz o advogado.

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Segundo Loreiro, Otniel comprou a arma devido às ameaças sofridas. “O pastor ele era visto como uma pessoa muito problemática, era comum esse tipo de ação dele. Ele comprou a arma para se proteger, a partir do momento que ele viu uma oportunidade de eliminar o risco, ele se defendeu”, alega.

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