Um bebê de apenas dois meses está sendo feito refém há mais de 14 horas pelo próprio pai, um ajudante de pedreiro, no bairro Resistência, em Vitória, desde a madrugada deste domingo (28). A residência onde os dois estão fica no Beco América do Sul.
A mãe do bebê, Lucimara Pereira Falcão, uma dona de casa, de 44 anos, contou que a briga teve início na noite deste sábado (27), quando ela retornou da casa da irmã e do cunhado dela. O ajudante de pedreiro, identificado como Adilcimar Ribeiro dos Santos, 42, teria ficado nervoso após ter encontrado com ela no caminho que ela fazia da casa da irmã para a casa do cunhado e tê-lo cumprimentado apenas de longe, pois estava com a bebê no colo. Segundo Lucimara, ele achou que ela o ignorou.
Ainda de acordo com a dona de casa, durante a discussão, ela tentou se explicar, mas ele não quis ouvir o que ela tinha a dizer e saiu da residência. Por volta de meia noite, ele retornou para a casa onde moram e estava visivelmente alterado. Ela conta que Adilcimar voltou a discutir com ela, mas dessa vez ele a acusava de ter deixado o portão da casa aberto.
Segundo Lucimara, ainda durante a briga, ela disse que não queria mais continuar com o relacionamento. Revoltado, o ajudante de pedreiro pegou uma faca e disse que se ela o abandonasse, ele mataria a filha do casal, a Kiara de apenas dois meses, e depois se mataria.
Com medo da reação do marido, a dona de casa pediu que a filha dela, de apenas nove anos, saísse do local. De acordo com Lucimara, o homem fez muitas ameaças ao bebê e depois saiu com a criança no colo pelo bairro.
Lucimara explicou ainda que ficou a espera do esposo na frente da casa onde moram. Quando ele retornou, entrou na residência e impediu que a mulher entrasse também, dizendo que iria matar a filha do casal. Segundo a polícia, a criança começou a ser feita refém por volta de 1 hora da madrugada deste domingo (28)
DESPEDIDA
Lucimara contou que enquanto segurava uma faca, Adilcimar pediu que as duas filhas da dona de casa, uma de nove anos e a outra de 20, beijassem a bebê para se despedirem da criança. A irmã mais velha foi até o local depois que a irmã mais nova foi até a casa dela chamá-la para ajudar com a situação.
A jovem de 20 anos se recusou a obedecer a ordem do padrasto, mas ele insistiu e aproximou o rostinho da bebê na grade. Nesse momento, a irmã mais velha se aproximou, tentou pegar a faca do ajudante de pedreiro, mas ele puxou a arma e ela acabou ferida.
Lucimara relata ainda que depois dessa situação, o ajudante de pedreiro subiu para o terraço da residência, ainda com a bebê no colo, e ameaçou jogar ela. Adilcimar chegou a pendurar a menina pelo pé. Comovidos, moradores da rua se mobilizaram e colocaram colchonetes e travesseiros na calçada da casa.
Uma equipe da Polícia Militar, da Companhia Independente de Missões Especiais (Cimesp) e uma ambulância do Samu estão no local acompanhando a ocorrência. A Polícia Militar segue em negociação com o criminoso. Ele exige que a mulher entre na casa, mas ela segue dentro de um carro da polícia, durante o processo de negociação.
ALIMENTAÇÃO
A última alimentação da bebê, de dois meses, tinha sido na noite deste sábado (27). Após passar a madrugada inteira com fome, os negociadores da polícia conseguiram convencer o pai de alimentar o bebê com uma mamadeira na manhã deste domingo (28). A própria mãe da criança fez a retirada do leite, colocou no recipiente e um dos negociadores fez a entrega ao Adilcimar.
Até as 10h30 deste domingo (28), a situação permanecia a mesma no local. Enquanto a polícia negocia com o pai da criança, vizinhos se reuniram na frente da casa para acompanhar o desfecho do caso que mobilizou todo o bairro. Já por volta de 11h10, a polícia afastou a população porque o barulho estava atrapalhando a negociação com o pai da criança.
No início da tarde, mais uma mamadeira foi entregue ao pai da criança para alimentar a bebê. Segundo a família, a negociação continua e nenhuma informação foi passada pela polícia.
O trabalho de negociação acontece de forma sigilosa.
Com informações de Elis Carvalho
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