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Assédio de professor na Serra: 'Recusei convite pra sair e fui reprovada'

Assédio de professor na Serra: "Recusei convite pra sair e fui reprovada"

Vítima prestou depoimento na Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa

Publicado em 2 de julho de 2019 às 00:44

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“O professor disse que eu passaria de ano se saísse com ele. Eu disse ‘não’ e acabei reprovada”. O relato é de uma  jovem de 26 anos. Ela só tinha 16 anos quando foi aluna do professor de matemática acusado de assédio na Escola Estadual Clóvis Borges, na Serra. Já se passaram 10 anos desde que isso aconteceu, mas nada mudou na memória da ex-aluna, agora graduada em Pedagogia.  Na segunda-feira (01), ela prestou depoimento na Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa.

O que o professor fazia com você?

Dizia que eu tinha uma boca bonita e sedutora, que eu era um mulherão e chamava atenção, que queria ficar comigo e ameaçou me reprovar no colégio. Desde o início do ano ele apresentava um comportamento diferente comigo, passou a me mandar mensagens no MSN e Orkut. No final do ano, ele me chamou pra sair e eu disse não. Fui reprovada.

Como foi viver isso?

Eu passei a me sentir acuada, comecei a vestir roupas largas, ia com roupas de frio para o colégio todo dia, a me esconder para tentar evitar que ele olhasse pra mim, que ele falasse aquelas coisas comigo.

Você superou?

Eu fiz análise por dois anos e meio e eu descobri que todos os meus atrasos na escola era por causa disso, como se outros professores poderiam vir com vestidas como ele. Eu me anulei. Só depois que eu quebrei isso, eu terminei a faculdade com louvor.

A escola sabia disso?

Comigo não. Mas com outras alunas já haviam passado por situações piores que a minha, a escola sabia disso, e só trocavam elas de turno ou de turma. Não fazia nada com relação a ele.

Por que contar agora?

Eu escondi esse assunto de muita gente. Para mim era uma página virada na minha vida. Mas vi a reportagem e comentei com meu marido que esse mesmo professor havia feito comigo. Ele me incentivou a procurar a comissão da Assembleia Legislativa. Eu queria incentivar quem está vivendo ou viveu isso que denunciem, pois é importante para que ele pague o que fez comigo e com essas meninas.

Como se sente em poder falar sobre isso?

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Hoje eu sou pedagoga e já trabalhei no conselho tutelar, eu me propus a sempre combater esse tipo de situação. A sensação de alívio e ver que ele precisa pagar pelo o que ele fez, para que ninguém passe mais pelo o que eu passei. ‘Ah, mas ele só falou’, foi algo que me afetou, afetou minha projeção escolar. Ninguém merece o que vivi.

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