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Mais de 3 mil bandidos de volta ao radar da polícia no ES

Mais de 3 mil bandidos de volta ao radar da polícia no ES

Convênio permitirá que dados de presos no Espírito Santo voltem a ser inseridos no Afis Criminal, sistema automatizado de identificação de impressões digitais da Polícia Federal

Publicado em 12 de julho de 2019 às 22:56

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A demora na assinatura de um convênio entre os governos estadual e federal deixou 3.500 bandidos fora do radar da Polícia Civil capixaba. Porém, os dados desses criminosos voltarão a fazer parte do sistema após assinatura, na última quarta-feira (10), de um acordo de cooperação entre as Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e a Polícia Federal.

Esse convênio permitirá que dados de criminosos presos no Estado voltem a ser inseridos no Afis Criminal, sistema automatizado de identificação de impressões digitais da Polícia Federal. Esse acordo havia sido iniciado em 2010, mas foi encerrado oficialmente em 2014.

Na época, mesmo após o fim do convênio, os Boletins de Identificação Criminal (BICs) que contém informações e dados biométricos dos presos, continuaram a ser cadastrados por meio de um acordo informal até dezembro de 2017. Depois desse período, o acesso ao link do Sistema Nacional de Informações Criminais (Sinic) e Afis foi suspenso.

Dias antes da assinatura deste novo acordo, um levantamento com a quantidade de BICs acumulados foi apresentado pelo delegado Danilo Bahiense (PSL), presidente da Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Assembleia Legislativa, ao governador Renato Casagrande.

Boletins de Identificação Criminal (BICs) acumulados na Polícia Civil. (Divulgação)

Na ocasião, o parlamentar apresentou ainda um dossiê, que segundo ele, apontam as áreas da Polícia Civil que precisam de investimento. Danilo é delegado aposentado da Polícia Civil e foi superintendente da Polícia Técnico-científica por quatro anos.

“Acusados de crimes que foram presos e que já foram soltos podem estar cometendo novos delitos. Se possuírem alguma identidade diferente, podem se passar por outra pessoa e burlar as regras. O retorno do Afis Criminal é fundamental para proteger a população capixaba”, afirmou o parlamentar, comemorando a retomada do convênio.

No dia 26 de março deste ano, período em que o convênio ainda estava suspenso, Valdemir Pereira Machado, o Bibil, 34 anos, foi preso por suspeita de praticar furto em pelo menos 12 estabelecimentos comerciais de Vitória. Para enganar a polícia, Valdemir se identificou com quatro nomes falsos: Roberto Nogueira da Silva, Rafael Souza Rodriges, Leonardo Teodoro Santos e Rodrigo Magalhães Santos.

Para descobrir a real identidade de Valdemir, a 1ª Delegacia Regional, na capital, solicitou apoio ao Afis Criminal da Polícia Federal. Com base na confirmação do nome oficial, Valdemir foi autuado por furto e falsa identidade. Ele permanece preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) da Serra.

CADASTRO DE MILHÕES

O papiloscopista policial federal Carlos Magno Girelli destacou que o banco de dados do Afis é nacional e é formado atualmente com 22 milhões de impressões digitais de criminosos que já foram presos, além de estrangeiros, cidadãos que emitiram passaporte, funcionários públicos do governo federal e vigilantes. De acordo com Girelli, a perícia papiloscópica é divida em duas fases.

“Quando tem um local de crime, o papiloscopista examina as superfícies onde o suspeito pode ter tocado. Uma vez que a impressão digital se torne visível, ela é fotografada e inserida no sistema. O Afis faz o confronto daquela impressão revelada no local com as impressões, os padrões fornecidos pelos suspeitos na busca do autor do delito. O resultado será encaminhado à autoridade policial competente”, explica.

PF ANALISA DIGITAL DE REPÓRTER 

A reportagem foi à sede da Polícia Federal, em São Torquato, Vila Velha, para conhecer o Grupo de Identificação (GID) da corporação. O GID é o setor onde atuam os papiloscopistas da polícia. Como sugestão do papiloscopista policial federal Carlos Magno Girelli, as digitais do repórter Isaac Ribeiro foram analisadas como forma de demonstração do funcionamento do Afis Criminal, sistema de busca automatizada de impressões digitais.

“O banco de dados do Afis conta com 220 milhões de impressões digitais, pois tem as 10 impressões digitais de 22 milhões de pessoas. Uma de suas fontes de pesquisa são as pessoas que tem passaporte emitido pela Polícia Federal, que é o caso do Isaac. Vamos coletar as digitais dele e submeter a busca ao sistema, simulando a técnica usada no dia a dia de trabalho”, informou.

Confira no vídeo como é a consulta ao Afis na prática: 

BANDIDOS COM MAIS DE 20 NOMES DIFERENTES

A Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Assembleia Legislativa identificou que há bandidos com mais de 20 de nomes diferentes. Policiais civis ligados à Superintendência de Polícia Técnico-Científica afirmaram que já flagraram um caso em que um bandido agia com 33 nomes diferentes.

Aspas de citação

Aqui no Estado nós temos gente com mais de 20 nomes diferentes. Várias pessoas já foram presas acusadas desse crime. Em janeiro de 2016, prendi um cidadão com seis carteiras de identidade originais. Ele tinha seis nomes diferentes, seis CPFs, votou seis vezes e tinha seis CNHs. Descobrimos o crime e autuamos ele por estelionato

Deputado Danilo Bahiense, presidente da Comissão de Segurança
Aspas de citação

 O parlamentar é delegado aposentado da Polícia Civil do Espírito Santo. Durante quatro anos, ele foi superintendente da Polícia-Técnico Científica. Na avaliação dele, a implantação do Afis Civil, sistema de busca automatizada de impressões digitais a partir de um banco de dados de carteiras de identidades, resolveria o problema.

O banco com dados biométricos de quem emite documento de identidade no Estado não está integrado ao Afis Criminal no Espírito Santo. “Pedi ao governador que avalie a implantação do Afis Civil, que pode permitir maior dinamismo na emissão de carteiras de identidades e comparar uma impressão digital com impressões previamente arquivadas no banco de dados da Polícia Civil do Estado, atualmente em torno de 4,5 milhões”, afirmou.

Papiloscopista mostra como faz a revelação da impressão digital em local de crime. (Carlos Alberto Silva)

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Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou “que existe uma proposta de aquisição e implementação de um sistema Afis através de uma parceria público-privada, cujo processo encontra-se em fase ajustes e definição de sistemas, para determinação do valor do aporte a ser realizado pelo Estado”.

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