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O que se sabe sobre o acidente de carro que matou três jovens na Serra

O que se sabe sobre o acidente de carro que matou três jovens na Serra

Além dos mortos, outras quatro pessoas ficaram feridas e permanecem internadas em estado grave. Após a batida, o caminhoneiro foi preso

Publicado em 8 de julho de 2019 às 14:09

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Carreta envolvida no acidente ocorrido na BR 101, na Serra, em que três pessoas morreram. (Bira Nobre)

A noite do último sábado (6) foi marcada por uma tragédia que tirou a vida de três jovens: um grave acidente em Carapina, na Serra, envolvendo um carro e um caminhão. Além dos mortos, outras quatro pessoas ficaram feridas e permanecem internadas em estado grave. Após a batida, o caminhoneiro foi detido. 

O ACIDENTE

Parentes das vítimas contaram que todos os sete jovens eram amigos e seguiam para uma festa em um único carro por volta das 22H50. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o veículo, um Hyundai I30, e o caminhão seguiam no sentido Serra-Vitória. A carreta estava na pista da esquerda, e o carro, na da direita. Na altura do KM 270, o caminhão teria feito uma manobra para entrar no contorno quando atingiu a lateral do veículo, que se desgovernou e bateu em um poste mais à frente.

Acidente entre carro e caminhão carregado de abóboras deixa três mortos e quatro feridos na Serra. (Internauta)

QUEM SÃO AS VÍTIMAS 

Uma das vítimas chama-se Rayanne Araújo Pitombo, de 19 anos. A jovem era estudante de Administração. Ela era o orgulho do pai e visava ser missionária da igreja que frequentava. “Queria rodar o mundo, se compadecia das pessoas e conhecia a Palavra e os princípios. Era uma pessoa de família”, descreveu o pai da universitária, o empresário Robson Gonçalves Pitombo, 52 anos.

Rayanne Araújo Pitombo, 19 anos, que morreu em um acidente em Carapina neste sábado (6). (Reprodução)

Ele e a esposa compareceram no Departamento Médico Legal (DML) no último domingo (07) para fazer os trâmites da liberação do corpo da filha para o velório. Abatido com a perda, Robson disse que a havia falado com a filha no sábado. “Ela trabalhava em uma ótica. Falou que ia para a casa de uma amiga, onde passaria a noite, e que nós conhecíamos a família. Porém, como estava na casa da avó após o trabalho, decidiu sair com outra amiga e aconteceu essa fatalidade. Como Jó fala ‘Deus deu, Deus tira’”, desabafou o pai.

Gabriel Macedo, de 19 anos, também morreu no local. Ele era estudante de engenharia e morador de Serra Dourada. Um tio do jovem, que não quis se identificar, diz que Gabriel era filho único e muito estudioso.

Outra vítima, que também estava no veículo, é Alexandre Bazilio Ferreira, de 22 anos. O rapaz trabalhava em um posto de gasolina e era vizinho de Gabriel. "Ele era pessoa muito tranquila, não tinha vícios. Eles iam para uma festa. Foi a mãe dele que me ligou contando do acidente. Alexandre corria atrás das coisas dele. Há duas semanas, ele conseguiu um emprego de frentista. Era filho único, morava com a mãe e havia perdido o filho há um ano apenas. Era um anjo", comentou Idinéia Vaz Ferreira, tia de Alexandre.

Alexandre Bazilio Ferreira, de 22 anos, é uma das vítimas do acidente entre carro e carreta em Carapina, na Serra. (Arquivo pessoal)

O I30 era guiado por João Victor Schneider dos Santos. Dentro ainda estavam mais três pessoas, que ficaram feridas e foram socorridas ao Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra. São elas: Karen Biacnhi Botelho, Luiz Henrique Rodrigues da Cruz e Guilherme Rosa Passos.

MÃE SONHOU COM ACIDENTE

Na semana em que sofreu um acidente de ônibus, a auxiliar de serviços gerais Rosiane Bazílio, 42 anos, sonhou que encontrava o filho Alexandre Bazilio Ferreira, de 22 anos, ensanguentado. “Eu sonhava que ele havia sofrido um acidente e que o encontrava sujo de sangue”, lembrou a mãe, enquanto liberava o corpo do filho no Departamento Médico Legal (DML), na manhã deste domingo (7).

Edinéia Vaz Ferreira, tia de Alexandre Bazilio Ferreira, 22, morto no acidente de Carapina. (Fernando Madeira)

O corpo teve que ser liberado por meio digital pois a mãe não conseguiu entrar para fazer o reconhecimento visual devido o choque da notícia.

Ele contou pra onde iria?

Meu filho havia trabalhado e quando chegou em casa ficou em dúvida se sairia ou não à noite. Eu disse pra ficar em casa e descansar. Mas ele disse que no domingo estaria de folga e como ia sair com amigos, nem o carro da garagem tirou. Fui dormir mais tranquila porque sabia que não estava dirigindo.

Como recebeu a notícia da morte do Alexandre?

A vizinha veio até minha casa e disse para irmos à casa da mãe do Gabriel, que também morreu no acidente e eu não sabia. Ele e meu filho eram amigos. Achei estranho pois era cedo demais, foi quando falaram que Alexandre tinha sofrido um acidente. Perguntei em qual hospital ele estava, aí uma amiga me disse logo “Não vou mentir pra você, ele morreu”.

O que passou na sua cabeça na hora?

Minha vida acabou. Meu filho, meu único filho. Eu lembrei do sonho que tive em que ele aparecia ensanguentado após sofrer um acidente. Sonhei depois que sofri um acidente, na segunda-feira, em Nova Venécia, em que o ônibus parou em uma ribanceira.

Como era o seu filho?

Um amor de pessoa, me ajudava, dedicado, tranquilo, era parceiro. Minha vida agora acabou.

BAFÔMETRO E PRISÃO

As quatro vítimas que sobreviveram foram socorridas para hospitais. Segundo a PRF, tanto o motorista do I30, quanto o condutor da carreta, fizeram o teste do bafômetro, que deu negativo para o consumo de bebida alcoólica. Os dois foram encaminhados para à 3ª Delegacia Regional da Serra para prestar esclarecimentos.

Na delegacia, o motorista do caminhão, Rodiney dos Santos Rodrigues, de 30 anos, contou que havia carregado o veículo de abóboras em Pinheiros, no Norte do Espírito Santo, e seguia para a cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, onde entregaria a carga.

O caminhoneiro Rodiney dos Santos Rodrigues, que dirigia a carreta envolvida em acidente de Carapina, na Serra. (Arquivo pessoal)

Rodiney contou que realmente vinha na pista da direita, mas que estaria atrás do Hyundai i30. O carro, na versão dele, teria reduzido a velocidade, fato que fez com que o caminhoneiro jogasse o caminhão para a pista da esquerda na tentativa de evitar a colisão, mas o Hyundai i30 atingiu a roda traseira do caminhão, vindo a perder o controle. Os dois rodaram na pista e bateram em um poste. 

Rodiney permaneceu no local do acidente até a chegada da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Após prestar depoimento na delegacia, ele foi autuado em flagrante por triplo homicídio culposo e conduzido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana.

SENTENÇA: RISCO PARA A SOCIEDADE

Durante audiência de custódia, o juiz Felipe Leitão Gomes converteu a prisão em flagrante de Rodiney dos Santos Rodrigues para prisão preventiva. Para o juiz, a soltura do caminhoneiro pode significar um risco para a sociedade.

"A soltura do custodiado poderá colocar em risco a segurança social, haja vista a real possibilidade de reiteração delitiva, além do que está presente a periculosidade concreta de sua conduta, bem como, visando garantir a instrução processual e a aplicação da Lei Penal", disse, a sentença. 

O juiz ainda completou que Rodiney percorre a BR 101 Norte diariamente e visualiza inúmeros atos irresponsáveis praticados por motoristas profissionais.

"(Atos irresponsáveis), analisados individualmente, podem representar condutas até mais graves do que um simples homicídio no trânsito. Assim, diante do contexto que foi narrado, das vítimas fatais e não fatais levantadas até o momento, bem como a repercussão que tal acidente ganhou pela imprensa, não bastasse ter ocorrido em uma noite de sábado, entendo, por ora, em manter a prisão cautelar do conduzido para garantir a ordem pública, regular instrução processual e aplicação da lei penal", concluiu. 

VELÓRIO E ENTERRO

As vítimas Rayanne Araújo Pitombo, 19, Gabriel Macedo, 19, e Alexandre Bazilio Ferreira, 22, foram velados no cemitério Jardim da Paz, na Serra. O corpo de Gabriel foi o primeiro a ser sepultado, na tarde de domingo (07). Já o corpo de Alexandre, foi enterrado por volta das 9 horas desta segunda-feira (08). Abalada, a mãe do jovem não ficou próxima ao caixão no momento do enterro. A pedido da família, a imprensa só pôde acompanhar a cerimônia de longe. No fim do sepultamento, amigos e familiares aplaudiram, em homenagem a vítima. 

Enterro de Alexandre Ferreira, de 22 anos. (Bernardo Coutinho)

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O sepultamento de Rayanne teve início por volta das 10h30 desta segunda-feira (08). Abalados, amigos e familiares preferiram não falar com a imprensa. 

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