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Justiça marca primeira audiência para ouvir acusados de mortes na 3° Ponte

Justiça marca primeira audiência para ouvir acusados de mortes na 3° Ponte

Polícia afirma que Oswaldo Venturini e Ivomar Rodrigues praticavam um racha. Jovens Kelvin Gonçalves e Brunielly Oliveira morreram atropelados

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 10:59

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O estudante de Engenharia Oswaldo Venturini Neto (à esquerda) e o advogado Ivomar Rodrigues Gomes Júnior estão presos preventivamente. (G1)

O juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin, da 1ª Vara Criminal de Vitória, marcou para os dias 4, 5, 6 e 7 de novembro de 2019, a primeira audiência para oitivas de testemunhas e interrogatório dos motoristas acusados de praticar racha que culminou na morte de um casal de namorados na Terceira Ponte, no dia 22 de maio deste ano. De acordo com a polícia, os motoristas dos carros, Oswaldo Venturini Neto e Ivomar Rodrigues Gomes Junior, praticavam um racha e teriam ingerido bebida alcoólica. Kelvin Gonçalves dos Santos, 23 e Brunielly Oliveira, 17, seguiam para Vitória em uma moto quando foram atingidos por um dos veículos.

Segundo o magistrado, diante do grande número de testemunhas, seria inviável o agendamento de data única para tal finalidade. Dessa forma, o juiz decidiu que nos dias 4 e 5 de novembro serão realizadas as oitivas das testemunhas arroladas pelo Ministério Público e pelos Assistentes de Acusação. Já nos dias 6 e 7, será a vez de ouvir as testemunhas de defesa, bem como o interrogatório dos acusados.

O juiz também solicitou cópia integral com todas as câmeras de videomonitoramento instaladas ao longo da Terceira Ponte, no período em que ocorreu o acidente. A Concessionária Rodosol tem o prazo de 30 dias para entregar a mídia à justiça.

Ao Gazeta Online, o advogado Síderson Vitorino, que atua como assistente de acusação, disse que a expectativa é grande para essa primeira audiência. "A expectativa é grande já que o juiz deferiu o arrolamento das testemunhas indicadas por nós. Trata-se dos integrantes da viatura operacional da Rodosol e também da viatura do SAMU, esses que conduziram os motoristas para atendimento médico no dia do crime. Esses integrantes são capazes de infirmar em juízo, qual era o estado psicológico, o estado emocional e até mesmo os vestígios de embriaguez que foram por eles percebidos quando estiveram com os motoristas que cometeram esse assassinato na Terceira Ponte", explicou.

TRANSFERÊNCIA NEGADA

Os assistentes de acusação pediram que o advogado Ivomar Rodrigues Gomes Júnior, acusado de atropelar e matar duas pessoas na Terceira Ponte, no dia 22 de maio, fosse transferido para um presídio comum, já que Ivomar teve as suas atividades como advogado suspensas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES). Entretanto, segundo o magistrado, “o advogado suspenso não deixa de tornar-se profissional da advocacia, nem perde suas qualificações legais. O que ocorre, é somente a proibição temporária de exercer os atos profissionais, durante o período de cumprimento da sanção”, escreveu o juiz.

Desse modo, o juiz indeferiu o pedido da acusação e manteve Ivomar preso em uma sala de Estado-Maior.

Brunielly Oliveira e Kelvin Gonçalves morreram depois que tiveram a moto atingida na Terceira Ponte. (Reprodução/Facebook)

RELEMBRE O ACIDENTE

O acidente aconteceu na madrugada do dia 22 de maio deste ano. Brunielly e Kelvin seguiam para Vitória em uma moto quando foram atingidos pelo Audi. O casal morreu na hora. De acordo com a polícia, os motoristas dos carros, Oswaldo Venturini Neto e Ivomar Rodrigues Gomes Junior, praticavam um racha e teriam ingerido bebida alcoólica.

Em depoimento, testemunhas contaram que viram os dois motoristas trafegando em velocidade incompatível com a via e em situação que caracterizava um “racha”. Segundo duas testemunhas, os veículos estavam em "altíssima velocidade e não pararam no cruzamento de uma avenida".

Além disso, uma das testemunhas informou que "a velocidade do carro de Ivomar era tão alta que fez com que o veículo conduzido por ele balançasse no momento que o carro de Ivomar passou".

Acidente entre carros e moto mata duas pessoas na Terceira Ponte. (Reprodução)

A DENÚNCIA

No dia 31 de maio, Ivomar e Oswaldo foram indiciados pela Polícia Civil, cada um, por duplo homicídio com dolo eventual e por participar de corrida ou exibição em veículo automotor em via pública. As penas para os crimes, em caso de condenação, variam de seis meses a 20 anos de cadeia para cada um. A investigação da participação deles no atropelamento e morte de um casal de namorados na Terceira Ponte foi concluída pela delegada Fabiane Alves Coutinho.

"Há provas inequívocas nos autos de que Ivomar e Oswaldo negligenciaram o fato de que haviam ingerido bebida alcoólica e conduziram seus veículos. Há, ainda, provas testemunhais suficientes para afirmar que Ivomar e Oswaldo conduziam seus veículos em situação de competição entre amigos, com velocidades incompatíveis para a via, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada", afirmou a delegada em trecho do inquérito.

A moto trafegava na faixa da direta na Terceira Ponte, onde, de acordo com o relatório policial, circulam veículos que estão em baixa velocidade. "Logo, não faria sentido Ivomar passar em alta velocidade com seu veículo Audi pela faixa da esquerda e mudar para a faixa da direita, senão para dar continuidade à competição iniciada com seu amigo Oswaldo desde a saída da boate", pondera a delegada.

Acidente entre carros e moto mata duas pessoas na Terceira Ponte. Ivomar Rodrigues Gomes Junior, de 34 anos, dirigia o Audi A1. FOTO: LUCINEY ARAÚJO/TV GAZETA. (Luciney Araújo/TV Gazeta)

CONTA NA BOATE

Uma comanda da boate onde o estudante de engenharia Osvaldo Venturini Neto e o advogado Ivomar Rodrigues Gomes Júnior estiveram antes do acidente traz anotações de bebidas que foram solicitadas no balcão da boate. Na parte da frente da comanda há anotação de uma água de coco e duas doses de uísque. Na parte de trás da comanda aparece uma marcação no combo de long neck.

Um outra nota de simples conferência mostra que foram pedidas seis garrafas de cerveja. A nota também traz valores na frente de cada um dos produtos. O total, incluindo outros serviços da boate, foi de R$ 389,00.

Comandas da boate onde estiveram universitário e advogado antes de atropelarem casal na Terceira Ponte. (TV Gazeta)

VÍDEO REFORÇOU INVESTIGAÇÃO

Imagens obtidas pela Polícia Civil ajudaram na investigação do racha que terminou com a morte de um casal na Terceira Ponte. As imagens foram obtidas com exclusividade pela TV Gazeta. A filmagem foi feita na porta da boate, em Vila Velha, onde estavam Ivomar e Oswaldo antes do atropelamento do casal. 

CARTEIRA SUSPENSA

O advogado Ivomar Rodrigues Gomes Junior teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa três vezes entre setembro de 2011 e novembro de 2017. A reportagem do Gazeta Online teve acesso a documentos que mostram as infrações de Ivomar registradas no sistema do Departamento de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES). Consta que o advogado já foi multado por estacionar veículo em local irregular, avançar sinal vermelho, dirigir usando o celular, por excesso de velocidade e também por ter se recusado a fazer o teste do bafômetro.

As infrações atribuídas ao advogado ocorreram nos municípios de Vitória, Vila Velha e Muniz Freire. Ele está habilitado na categoria B - que permite a condução de carro - desde 24 de outubro de 2002.

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