Publicado em 30/08/2019 às 20h24

Kelvin Gonçalves Santos, 23, era o único filho da cabeleireira Vilma Gonçalves. Era ele quem fazia companhia para mãe, pagava as contas da casa, e com quem Vilma dividia planos de comprar um apartamento.

Kelvin morreu após ter a moto atingida por um carro, que segundo a polícia, disputava um racha na Terceira Ponte. Ele estava com a namorada, que também veio a óbito. Desde a morte do filho, Vilma viu a vida dela desmoronar. Além de perder Kelvin, a cabeleireira, que estava grávida de 4 meses, perdeu o bebê. Ela também ficou sem emprego, foi abandonada pelo marido e agora vive com ajuda de amigos, em uma kitnet.

A cabeleireira conversou com a reportagem do Gazeta Online e contou como tem vivido desde a morte do filho.

O que mudou na sua vida desde a morte do Kelvin?

Eu diria que a morte dele desestruturou minha vida de uma forma inexplicável. Ele era tudo para mim, meu porto seguro. Ele colocava comida dentro de casa, comprava leite e fralda para os meus netos, me fazia companhia. Depois que ele morreu, eu perdi meu emprego, o neném da minha barriga, meu marido. Eu não tenho mais nada.

Vilma Gonçalves, cabeleireira

A morte dele desestruturou minha vida de uma forma inexplicável. Ele era tudo para mim, meu porto seguro

Você estava grávida quando o Kelvin morreu. No dia, chegou a comentar que tinha medo de um aborto, o que infelizmente acabou acontecendo.

Eu comecei a sangrar, mas não lembrei que poderia ser por causa do bebê. Para você ter ideia, eu achei que estava menstruando. A dor da perda do Kelvin foi tão grande que eu esqueci que eu estava grávida. Sabe quando você não associa uma coisa a outra? Quinze dias depois eu tive que fazer curetagem pra retirar o feto. Eu perdi dois filhos no mesmo dia.

Você disse que também perdeu seu marido...

Meu marido me abandonou. Ele me culpou pela morte do bebê e foi embora. Ele não conseguiu entender e eu fiquei sem ninguém.

Você conseguiu voltar a trabalhar?

Voltei a trabalhar nesta semana. Desde que meu filho morreu, eu não consegui mais ir trabalhar por causa da questão emocional mesmo, sabe? Eu perdi meu emprego porque não conseguia fazer nada. Aí agora arrumei um novo trabalho e estou tentando ajeitar minhas coisas.

Quem tem lhe ajudado nesse momento?

Deus. Ele é a principal força que eu tenho neste momento. Alguns amigos também me ajudam, uns mais próximos, doam algumas coisas, ajudam em umas contas. Minha patroa conseguiu uma kitnet pra mim.

Como você vê sua vida daqui pra frente?

É difícil recomeçar, principalmente sem a pessoa que era tudo pra mim e com quem eu fazia planos. A gente tinha tudo planejado, sabe? Íamos mudar para um apartamento maior, comprar novos móveis e a Brunielli ia morar com a gente. Eu não tenho isso mais.

Acredita que a justiça vai ser feita no caso do seu filho?

Espero que sim. Eu confio que as pessoas que mataram meu filho vão pagar por isso e reparar todos os danos que eles causaram. Não adianta tentar culpar ele, falar que ele usou maconha, que tinha ido ao baile. Isso não muda nada. Eles podem até tentar se livrar da culpa, mas eles são os culpados. E a Justiça de Deus nunca falha.

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