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Psicólogo preso acusado de abuso sexual falava em 'abraço terapêutico'

Psicólogo preso acusado de abuso sexual falava em "abraço terapêutico"

Paulo Roberto Fontes Martins da Costa foi preso nesta quinta acusado de abusar de adolescente dentro do próprio consultório em Linhares

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 13:48

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Paulo Roberto Fontes Martins da Costa foi preso no próprio consultório. Mensagens dele citavam um "abraço terapêutico". (Divulgação)

O psicólogo Paulo Roberto Fontes Martins da Costa, de 41 anos, preso na tarde desta quinta-feira (01), em Linhares, região Norte do Estado, acusado de abusar sexualmente de uma paciente de 13 anos dentro do consultório dele, trocava mensagens com a vítima citando um "abraço terapêutico".

A delegada titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Linhares, Gabriella Zache, falou sobre como o profissional atuava.

"Ele dizia pra paciente que estava dando um 'abraço terapêutico', pra que ela ficasse mais desinibida. Mas, na verdade, ele aproveitava a aproximação para abusar sexualmente da vítima, inclusive, tocando em suas partes íntimas. Além disso, ele servia bebidas alcoólicas, com o intuito de desinibir a criança", disse a delegada.

"De posse dessas provas, representamos pela prisão preventiva dele. A justiça expediu o mandado e demos cumprimento hoje. O inquérito está em andamento e acreditamos que podem existir outras vítimas. Elas devem procurar a DPCAI e registrar um boletim de ocorrência", orientou a titular da delegacia.

"É PARA TRABALHAR SEUS DESEJOS"

Em uma das conversas divulgadas pela Polícia Civil, o acusado fala em continuar os "abraços terapêuticos". Quando a menina responde que "pode ser", ele diz: "É pra você trabalhar seus desejos, tá? Sem medo. Só se abrir, ok".

A vítima afirma, então, que não consegue se abrir. Neste momento, o psicólogo fala: "Liberada somente pegar no seu peito a hora que eu sentir vontade. Se depois te incomodar, você me avisa. É um passo só", conclui.

Além disso, Paulo Roberto chega a oferecer bebidas alcoólicas à paciente de 13 anos. "Você prefere licor, vodca ou cerveja?".

CONVERSAS

Segundo a Polícia Civil, a família da vítima viu conversas entre ela e Paulo Roberto, onde o psicólogo também convidava a menina para sair e pedia que ela mentisse aos pais. Revoltada, a família procurou a Delegacia Regional de Linhares e registrou a denúncia contra o psicólogo.

O acusado atendia a garota há cerca de seis meses. Para a família e a polícia, ela contou que era abusada sexualmente pelo profissional há alguns meses. A irmã mais velha, de 16 anos, também paciente de Paulo, contou que foi assediada pelo psicólogo, mas conseguiu evitar os abusos.

Na tarde de quinta-feira, a Polícia Civil esteve no consultório e prendeu Paulo Roberto com um mandado de prisão preventiva.

No consultório dele, localizado no bairro Novo Horizonte, a polícia encontrou uma mesa de massagem e até vibradores. Havia ainda diversos diplomas e títulos na parede e uma prateleira com brinquedos. Além de psicólogo, ele também atuava como sexólogo. A polícia desconfia que haja outras vítimas.

De acordo com fontes da Polícia Civil, o psicólogo disse, em depoimento, que as famílias de suas pacientes conhecem seu método de terapia e todos entendiam seu trabalho.

Ele foi autuado por estupro de vulnerável e foi encaminhado para o Presídio de Xuri, em Vila Velha, na manhã desta sexta-feira.

Nota do CRP-ES referente à prisão de Psicólogo em Linhares

O Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES), autarquia de direito público respaldada pelos princípios éticos e legais, informa que tomou ciência quanto à prisão do psicólogo na noite do dia 01 de agosto de 2019, por notícia da imprensa capixaba.

Verificou-se que o profissional em questão possui registro ativo neste Conselho. Será realizada a apuração da infração ao Código de Ética Profissional do Psicólogo por meio da Comissão de Orientação e Fiscalização. Nesse sentido, serão tomadas providências diante da gravidade do caso e das provas encontradas junto à Delegacia Especializada de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Linhares.

Conforme Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 011/2019, que institui o Código de Processamento Disciplinar, constatadas infrações éticas do profissional de Psicologia, podem ser aplicadas as seguintes penalidades conforme a gravidade da infração: advertência; multa; censura pública; suspensão do exercício profissional por até 30 (trinta) dias; e cassação do registro para o exercício profissional.

Importante ressaltar que o trabalho desta autarquia se destina a toda sociedade, à medida que tem como prerrogativa zelar por um exercício profissional ético. Portanto, a sociedade deve acionar o Conselho diante de qualquer suspeita de conduta inadequada no exercício profissional. Essas denúncias são acolhidas e encaminhadas pela Comissão de Orientação e Fiscalização.

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Por fim, ressaltamos que este Conselho repudia toda e qualquer atitude que fira os valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, sustentáculo do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

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