O psicólogo Paulo Roberto Fontes Martins da Costa, de 41 anos, preso na tarde desta quinta-feira (01), em Linhares, região Norte do Estado, acusado de abusar sexualmente de uma paciente de 13 anos dentro do consultório dele, trocava mensagens com a vítima citando um "abraço terapêutico".
A delegada titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Linhares, Gabriella Zache, falou sobre como o profissional atuava.
"Ele dizia pra paciente que estava dando um 'abraço terapêutico', pra que ela ficasse mais desinibida. Mas, na verdade, ele aproveitava a aproximação para abusar sexualmente da vítima, inclusive, tocando em suas partes íntimas. Além disso, ele servia bebidas alcoólicas, com o intuito de desinibir a criança", disse a delegada.
"De posse dessas provas, representamos pela prisão preventiva dele. A justiça expediu o mandado e demos cumprimento hoje. O inquérito está em andamento e acreditamos que podem existir outras vítimas. Elas devem procurar a DPCAI e registrar um boletim de ocorrência", orientou a titular da delegacia.
"É PARA TRABALHAR SEUS DESEJOS"
Em uma das conversas divulgadas pela Polícia Civil, o acusado fala em continuar os "abraços terapêuticos". Quando a menina responde que "pode ser", ele diz: "É pra você trabalhar seus desejos, tá? Sem medo. Só se abrir, ok".
A vítima afirma, então, que não consegue se abrir. Neste momento, o psicólogo fala: "Liberada somente pegar no seu peito a hora que eu sentir vontade. Se depois te incomodar, você me avisa. É um passo só", conclui.
Além disso, Paulo Roberto chega a oferecer bebidas alcoólicas à paciente de 13 anos. "Você prefere licor, vodca ou cerveja?".
CONVERSAS
Segundo a Polícia Civil, a família da vítima viu conversas entre ela e Paulo Roberto, onde o psicólogo também convidava a menina para sair e pedia que ela mentisse aos pais. Revoltada, a família procurou a Delegacia Regional de Linhares e registrou a denúncia contra o psicólogo.
O acusado atendia a garota há cerca de seis meses. Para a família e a polícia, ela contou que era abusada sexualmente pelo profissional há alguns meses. A irmã mais velha, de 16 anos, também paciente de Paulo, contou que foi assediada pelo psicólogo, mas conseguiu evitar os abusos.
Na tarde de quinta-feira, a Polícia Civil esteve no consultório e prendeu Paulo Roberto com um mandado de prisão preventiva.
No consultório dele, localizado no bairro Novo Horizonte, a polícia encontrou uma mesa de massagem e até vibradores. Havia ainda diversos diplomas e títulos na parede e uma prateleira com brinquedos. Além de psicólogo, ele também atuava como sexólogo. A polícia desconfia que haja outras vítimas.
De acordo com fontes da Polícia Civil, o psicólogo disse, em depoimento, que as famílias de suas pacientes conhecem seu método de terapia e todos entendiam seu trabalho.
Ele foi autuado por estupro de vulnerável e foi encaminhado para o Presídio de Xuri, em Vila Velha, na manhã desta sexta-feira.
Nota do CRP-ES referente à prisão de Psicólogo em Linhares
O Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES), autarquia de direito público respaldada pelos princípios éticos e legais, informa que tomou ciência quanto à prisão do psicólogo na noite do dia 01 de agosto de 2019, por notícia da imprensa capixaba.
Verificou-se que o profissional em questão possui registro ativo neste Conselho. Será realizada a apuração da infração ao Código de Ética Profissional do Psicólogo por meio da Comissão de Orientação e Fiscalização. Nesse sentido, serão tomadas providências diante da gravidade do caso e das provas encontradas junto à Delegacia Especializada de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Linhares.
Conforme Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 011/2019, que institui o Código de Processamento Disciplinar, constatadas infrações éticas do profissional de Psicologia, podem ser aplicadas as seguintes penalidades conforme a gravidade da infração: advertência; multa; censura pública; suspensão do exercício profissional por até 30 (trinta) dias; e cassação do registro para o exercício profissional.
Importante ressaltar que o trabalho desta autarquia se destina a toda sociedade, à medida que tem como prerrogativa zelar por um exercício profissional ético. Portanto, a sociedade deve acionar o Conselho diante de qualquer suspeita de conduta inadequada no exercício profissional. Essas denúncias são acolhidas e encaminhadas pela Comissão de Orientação e Fiscalização.
Por fim, ressaltamos que este Conselho repudia toda e qualquer atitude que fira os valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, sustentáculo do Código de Ética Profissional do Psicólogo.
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